As classes gramaticais das palavras grifadas foram corretam...

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Q582512 Português
TEXTO 1:

                                          Será que sou bobo?

                                                                                Walcyr Carrasco

      Ando perdido em uma selva de palavras. Existem termos destinados a dar a impressão de que algo não é exatamente o que é. Ou para botar verniz sobre uma atividade banal. Já estão, sim, incorporados no vocabulário. Servem para dar uma impressão enganosa. E também para ajudar as pessoas a parecer inteligentes e chiques porque parecem difíceis. Resolvi desvendar algumas dessas armadilhas verbais.

      Seminovo — Já não se fala em carro usado, mas em seminovo. Vendedores adorarn. O termo sugere que o carro não é tão velho assim, mesmo que se trate de uma Brasília sem motor. Ou que o câmbio saia na mão do comprador logo depois da primeira curva. E pura técnica de vendas. Vou guardá- lo para elogiar uma amiga que fez plástica. Talvez ela adore ouvir que está “seminova". Mas talvez...

      Sale — É a boa e velha liquidação. As lojas dos shoppings devem achar liquidação muito chula. Anunciam em inglês. Sale quer dizer que o estoque encalhou. A grife está liquidando, sim! Não se envergonhe de pedir mais descontos. Pode ser que não seja chique, mas aproveite.

      Loft — Quando o loft surgiu, nos Estados Unidos, era uma moradia instalada em antigos galpões industriais. Sempre enorme e sem paredes divisórias. Vejo anúncios de lofts a torto e a direito. A maioria corresponde a um antigo conjugado. Só não tem paredes, para lembrar seu similar americano. É preciso ser compreensivo. Qualquer um prefere dizer que está morando em um loft a dizer em uma quitinete de luxo.

      Cult — Não aguento mais ouvir falar que alguma porcaria é cult. O cult é o brega que ganhou status. O negócio é o seguinte: um bando de intelectuais adora assistir a filmes de terceira, programas de televisão populares e afins. Mas um intelectual não pode revelar que gosta de algo considerado brega. Então diz que é cult. Assim, se pode divertir com bobagens, como qualquer ser humano normal, sem deixar de parecer inteligente. Como conceito, próximo do cult está o trash. E o lixo elogiado. Trash é muito usado para filmes de terror. Um candidato a intelectual jamais confessa que não perde um episódio da série Sexta-Feira 13, por exemplo. Ergue o nariz e diz que é trash. Depois, agarra um saquinho de pipoca, senta na primeira fila e grita a cada vez que o Jason ergue o machado.

      Workshop — E uma espécie de curso intensivo. Existem os bons. Mas o termo se presta a muita empulhação. Pois, ao contrário dos cursos, no workshop ninguém tem a obrigação de aprender alguma coisa específica. Basta participar. Muitas vezes botam um sujeito famoso para dar palestras durante dois dias seguidos. Há alunos que chegam a roncar na sala. Depois fazem bonito dizendo que participaram de um workshop com fulano ou beltrano. A palavra é imponente, não é?

      Releitura — Ninguém, no meio artístico ou gastronômico, consegue sobreviver sem usar essa palavra. Está em moda. Fala-se em releitura de tudo: de músicas, de receitas, de livros. Em culinária, releitura serve para falar de alguém que achou uma receita antiga e lhe deu um toque pessoal. Críticos culinários e donos de restaurantes badalados adoram falar em cardápios com releitura disso e daquilo. Ora, um cozinheiro não bota seu tempero até na feijoada? Isso é releitura? Então minha avó fazia releitura e não sabia, coitada. O caso fica mais complicado em outras áreas. Fazer uma releitura de uma história não é disfarçar falta de ideia? Claro que existem casos e casos. Mas que releitura serve para disfarçar cópia e plágio, serve. Seria mais honesto dizer “adaptado de..." ou “inspirado em...", como faziam antes.

      Daria para escrever um livro inteiro a respeito. Fico arrepiado quando alguém vem com uma conversa abarrotada de termos como esses. Parece que vão me passar a perna. Ou a culpa é minha, e não sou capaz de entender a profundidade da conversa. Nessas horas, fico pensando: será que sou bobo? Ou tem gente esperta demais?

(CARRASCO, Walcyr. In: SILVA, Carmem Lucia da & SILVA, Nilson Joaquim da. (orgs.) Lições de Gramática para quem gosta de Literatura. São Paulo: Panda Books, 2007. p. 77-79.)
As classes gramaticais das palavras grifadas foram corretamente identificadas em quase todas as alternativas, EXCETO EM UMA. Assinale-a:
Alternativas

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Tema central da questão: A questão aborda o reconhecimento das classes gramaticais, um dos tópicos fundamentais da morfologia na Língua Portuguesa. Para resolver essa questão, o aluno precisa identificar corretamente as categorias gramaticais a que pertencem as palavras grifadas no texto apresentado.

Alternativa correta: A alternativa correta é a C.

Vamos analisar por que a alternativa C está incorreta:

No trecho: “Fico arrepiado quando alguém vem com uma conversa abarrotada de termos como esses.”

- A palavra "quando" está corretamente classificada como conjunção, pois indica tempo. - A palavra "de" é uma preposição, sim. No entanto, a palavra "termos" é um substantivo, e não um adjetivo, como foi incorretamente indicado.

Análise das alternativas incorretas:

A) “Fico arrepiado quando alguém vem com uma conversa abarrotada de termos como esses.”

- Aqui, "quando" é uma conjunção e "com" é uma preposição. Ambas estão classificadas corretamente.

B) “Fico arrepiado quando alguém vem com uma conversa abarrotada de termos como esses.”

- "Alguém" é um pronome indefinido e "uma" é um artigo indefinido. Ambas classificações estão corretas.

D) “Fico arrepiado quando alguém vem com uma conversa abarrotada de termos como esses.”

- "Conversa" é um substantivo e "esses" é um pronome demonstrativo. Ambas classificações estão corretas.

E)Fico arrepiado quando alguém vem com uma conversa abarrotada de termos como esses.”

- "Fico" é um verbo e "abarrotada" também é um verbo. Ambas classificações estão corretas.

Conclusão: A alternativa C indica incorretamente "termos" como um adjetivo, quando deveria ser classificado como substantivo, tornando-a a opção incorreta.

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Comentários

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"QUANDO" é uma CONJUNÇÃO SUBORDINATIVA TEMPORAL. 

Quando é conjunção subordinativa adverbial temporal

preposição acidental é quando vc tem o verbo ter e haver + que + infinitivo.

Ex: Tenho que reler o livro. O que é uma preposição acidental, perceba que antes tem o verbo TER e após tem o verbo no infinitivo, Macete substitui o que por DE . Tenho de reler o livro. Tendo sentido é preposição acidental.

Fé na missão!!!

artigos definidos : o,a,os,as

artigo indefinido : um, uma, uns, umas.

Abarrotada no contexto da alternativa E é adjetivo: ...conversa abarrotada.

Gabarito: Letra C

Fico - verbo

arrepiado - adjetivo

quando - conjunção subordinativa temporal

alguém - pronome indefinido

vem - verbo

com - preposição

uma - artigo indefinido

conversa - substantivo

abarrotada - adjetivo

de - preposição

termos - substantivo

como - conjunção subordinativa comparativa

esses - Pronome demonstrativo 

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