O texto cita a autocensura generalizada, consequência da cu...
Próximas questões
Com base no mesmo assunto
Ano: 2024
Banca:
FUNATEC
Órgão:
Prefeitura de Abadiânia - GO
Provas:
FUNATEC - 2024 - Prefeitura de Abadiânia - GO - Agente de Manutenção Mecânica
|
FUNATEC - 2024 - Prefeitura de Abadiânia - GO - Agente de Serviços e Obras Públicas |
FUNATEC - 2024 - Prefeitura de Abadiânia - GO - Auxiliar de Serviços de Higiene e Alimentação |
FUNATEC - 2024 - Prefeitura de Abadiânia - GO - Auxiliar de Serviços Gerais |
FUNATEC - 2024 - Prefeitura de Abadiânia - GO - Condutor de Veículos |
FUNATEC - 2024 - Prefeitura de Abadiânia - GO - Coveiro - Zelador de Cemitério |
Q2463605
Português
Texto associado
O QUE É CULTURA DO CANCELAMENTO?
A cultura do cancelamento é a prática de
organizar um boicote generalizado contra uma
pessoa, geralmente uma figura pública, devido a
comportamentos ou declarações ofensivas,
injustificadas ou moralmente condenáveis.
O cancelamento ocorre por meio de intensas
campanhas nas redes sociais, podendo assumir a
forma de um linchamento virtual. O alvo dos
canceladores pode ser levado ao repúdio público e
perder trabalho, seguidores e patrocínios. O
ostracismo virtual almejado pelo cancelamento
também pode ser dirigido contra empresas, filmes e
até mesmo livros.
Uma das causas da cultura do cancelamento
está relacionada com o advento da internet e das
redes sociais. A interação e a postagem de conteúdos
nas plataformas digitais deram à opinião pública um
novo espaço de expressão e engajamento. Alguns
argumentam que isso tem facilitado a resposta a
décadas de opressão, injustiças sociais e um desejo
por mudanças reais. Então, a democratização das
redes sociais deu voz a grupos que antes eram
marginalizados e agora podem defender os seus
direitos.
A crescente conscientização sobre questões
de justiça social e direitos individuais é outro fator
que causa a cultura do cancelamento. Movimentos
como o feminista, o antirracista e o ativismo
LGBTQIA+ têm desempenhado um papel
fundamental na promoção da igualdade e na
denúncia de abusos e discriminações. O engajamento
desses grupos para conceituar o que é considerado
“politicamente correto” favoreceu a imposição de
novas regras para mediar o debate sobre as
identidades individuais.
No entanto, essa conscientização também
pode levar a um ambiente hipersensível a qualquer
percepção de desvio das normas socialmente aceitas.
O engajamento dos grupos de canceladores pode
amplificar os erros e punir os desviantes de maneira
desproporcional, disseminando ódio, intolerância e
uma cultura de linchamentos virtuais.
Enfim, a cultura do cancelamento é causada
pela polarização política e o decorrente
fortalecimento da identidade de grupos fechados na sociedade. A lealdade ao grupo e a defesa de suas
crenças se tornam prioridades. Isso leva a uma maior
intolerância em relação a opiniões discordantes e a
uma maior disposição para cancelar aqueles que são
considerados inimigos do grupo. Portanto, a
fragmentação da sociedade em seitas ideológicas
fortalece a cultura do cancelamento.
Embora a cultura do cancelamento possa ser
vista como uma forma de responsabilização, ela
também traz consequências preocupantes. O
cancelamento público pode causar danos psicológicos
profundos, isolamento social e efeitos na saúde
mental das pessoas envolvidas.
Além disso, há casos em que o cancelamento
é baseado em emoções infundadas ou mal
interpretadas, o que pode levar à injustiça e à
destruição de reputações sem fundamento. É crucial
avaliar criticamente os efeitos dessa cultura no tecido
social e, mais especificamente, naquilo que o filósofo
Jürgen Habermas chamou de esfera pública.
O filósofo alemão contemporâneo, teórico da
Escola de Frankfurt, conceituou a esfera pública como
um espaço de debate racional e público, onde os
indivíduos podem discutir livremente questões de
interesse comum, formular opiniões informadas e
influenciar as decisões políticas.
Esse conceito implica a necessidade de uma
troca de ideias aberta, inclusiva e baseada na
argumentação lógica. No entanto, a cultura do
cancelamento, com suas táticas de ostracismo e
desprezo público, ataca os princípios fundamentais
da esfera pública habermasiana.
Em vez de buscar a resolução construtiva de
conflitos e a ampliação do entendimento mútuo, a
cultura do cancelamento prioriza a punição e a
exclusão daqueles que são considerados culpados de
transgressões ou opiniões indesejáveis.
Desse modo, o cancelamento deteriora o
debate aberto e prejudica a construção de consensos
e entendimentos mútuos, em vez de contribuir para
uma razão dialógica, uma ação comunicativa e eficaz.
Outra consequência da cultura do
cancelamento é a autocensura generalizada. Com o
medo de serem alvo de ataques virtuais, muitas
pessoas optam por não expressar suas opiniões ou
debater presentes controversos. Isso cria um
ambiente de silenciamento e pode prejudicar a
diversidade de ideias que circulam pela sociedade.
Enfim, há muito defendemos o direito a um
julgamento justo, que nada mais é do que o direito de contradizer, de contra argumentar denúncias ou
acusações. Por isso, eliminar das discussões a pessoa
que comete erros ou desvios morais talvez seja uma
ação tão imoral quanto a praticada pela pessoa que
se deseja cancelar.
(Disponível em
brasilescola.uol.com.br/sociologia/cultura-docancelamento.htm)
O texto cita a autocensura generalizada,
consequência da cultura do cancelamento, de
forma que não poderíamos afirmar corretamente
que esta consequência: