Porque sabe que está rodeado de fingidos, o jogador de pôque...
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Ano: 2023
Banca:
FCC
Órgão:
TRT - 15ª Região (SP)
Prova:
FCC - 2023 - TRT - 15ª Região (SP) - Técnico Judiciário - Área de Apoio Especializado - Especialidade Tecnologia da Informação |
Q2760850
Português
Texto associado
Blefes
Ninguém conhece a alma humana melhor do que um jogador de pôquer. A sua e a do próximo. Numa mesa
de pôquer o homem chega ao pior e ao melhor de si mesmo, e vai da euforia ao ódio numa rodada. Mas
sempre como se nada estivesse acontecendo. Os americanos falam do poker face, a cara de quem consegue
apostar tendo uma boa carta ou nada na mão com a mesma impassividade, embora a lava esteja
turbilhonando lá dentro. Porque sabe que está rodeado de fingidos, o jogador de pôquer deve tentar
distinguir quem tem jogo de quem não tem e está blefando por um tremor na pálpebra, por um tique na
orelha. Ou ultrapassando a fachada e mergulhando na alma do outro.
Não se trata de adivinhar seu caráter. Não é uma questão de caráter. O blefe é um lance tão legítimo quanto
qualquer outro no pôquer. Os puros são até melhores blefadores, pois só quem não tem culpa pode sustentar
um poker face perfeito sob o escrutínio hostil da mesa. Há quem diga que ganhar com um blefe supera ganhar
com boas cartas e que é no blefe que o pôquer deixa de ser um jogo de azar, e portanto de acaso, e se torna
um jogo de talento. Já fora do pôquer o blefe perde sua respeitabilidade. É apenas sinônimo de engodo.
Geralmente aplicado a pessoas que não eram o que pareciam ou fingiam ser.
(Adaptado de: VERÍSSIMO, Luis Fernando. Às mentiras que os homens contam. São Paulo: Cia das Letras,
2015)
Porque sabe que está rodeado de fingidos, o jogador de pôquer deve tentar distinguir quem tem jogo de quem
não tem e está blefando por um tremor na pálpebra, por um tique na orelha.
O trecho sublinhado acima estabelece, em relação ao resto do período, ideia de
O trecho sublinhado acima estabelece, em relação ao resto do período, ideia de