Considere as seguintes orações: I. Os meninos jogavam bola ...
Lá vem a “profeitura”
Por alguma razão, quando meninos falávamos (os da minha rua e cercanias) “profeitura”, em vez de prefeitura. Talvez o equívoco tenha sido motivado pelo medo: temíamos a passagem por nossa pracinha de uma caminhonete oficial do município que volta e meia levava nossa bola embora: era proibido jogar futebol ali. Era quando a gente gritava − “olha a profeitura!” − pra ver se ainda dava tempo de sair correndo e salvar nossa bola.
Logo aprendemos a palavra certa, mas daí não jogávamos mais bola na pracinha, nem tínhamos mais medo da chegada da “profeitura” − esta certamente ficara escondida no porão de algum castelo de monstros, pronta para fazer cumprir a lei, sair rápido da caminhonete e confiscar a bola de moleques teimosos.
As palavras não valem sempre pelo que são ou dizem, em seu real significado; valem também pela impressão que causam, e muitas só ganham intensidade na boca dos meninos que não conhecem bem todas elas e por isso inventam as que mais os impressionam.
(Dionísio Alvarenga, inédito)
Considere as seguintes orações:
I. Os meninos jogavam bola na pracinha.
II. Jogar bola na pracinha era proibido.
III. Os meninos temiam que a bola fosse confiscada.
Numa nova redação, essas orações integram-se com coerência e correção neste período único: