"Ela também defende que a veiculação de produtos falsos dev...
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Ano: 2024
Banca:
IDCAP
Órgão:
Prefeitura de Piúma - ES
Prova:
IDCAP - 2024 - Prefeitura de Piúma - ES - Professor PA |
Q3296412
Português
Texto associado
O texto seguinte servirá de base para responder à questão.
'É marketing de enganação', diz professora da USP
sobre 'vaporizador com vitaminas'
As redes sociais se agitaram com o anúncio de um
cigarro eletrônico que alegadamente não tem nicotina e
ainda faria bem para a saúde por conter vitaminas.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) disse
que "não é possível a apresentação de vitaminas na
forma de vaporizadores" e que "o produto não pode ser
comercializado como suplemento alimentar".
A BBC News Brasil também ouviu especialistas para
entender se o aparelho realmente causa benefícios para
a saúde.
A venda dele e de qualquer outro vaporizador do tipo é
proibida em território nacional. Mesmo assim, um
levantamento publicado em 2022 mostrou que quase um
em cada cinco brasileiros de 18 a 24 anos usaram algum
tipo de cigarro eletrônico pelo menos uma vez na vida.
Nas redes sociais, o aparelho fabricado pela IZ Health é
apresentado por uma modelo em um vídeo no qual ela
se exercita enquanto usa o vaporizador.
Na propaganda, ela afirma ainda que inalar a fumaça do
"pod" garante que ela tenha mais energia, algo como um
suplemento alimentar.
"Com o IX Power, você garante a energia necessária
para realizar as mais variadas tarefas, sem danos à
saúde, e com sabor de hortelã cítrica, o que deixa ainda
mais gostoso. Os 'pods' IZ são concentrados vitamínicos
elaborados para o dia a dia", afirma a mulher no vídeo
enquanto faz exercícios.
A BBC News Brasil encontrou diversos sites que vendem
o produto. O mais barato custa R$ 55 e o mais caro, R$
75.
Livre docente da Faculdade de Medicina da USP e
diretora do Programa de Tratamento ao Tabagismo do
Incor, Jaqueline Scholz diz que a divulgação desse
vaporizador "é puro marketing de enganação".
"O pulmão não é o trato digestivo para receber
vitaminas. O pulmão foi feito para receber ar e, quanto
mais puro, melhor. As micro e nano partículas podem
causar um processo inflamatório e, nos casos mais
graves, pode até precisar intubar o paciente", diz.
Na propaganda do vaporizador de essências vendido
como saudável, a modelo diz que a absorção de
nutrientes é feita pela mucosa durante a inalação do
vapor produzido a baixas temperaturas.
O pneumologista do hospital Sírio-Libanês André Nathan
disse que desconhece qualquer estudo que indique a
absorção de vitaminas pelo sistema respiratório humano.
"Ele não foi desenhado para isso e não conheço nenhum
estudo sobre essa essa via de absorção de vitamina", afirma à reportagem.
Após a grande repercussão do vídeo, a empresa IZ
Health desativou todas as contas que tinha nas redes
sociais. A reportagem tentou entrar em contato para
ouví-los sobre o caso, mas não obteve retorno até a
publicação desta reportagem.
A BBC News Brasil não encontrou nenhum indício de
que a empresa IZ Health funcione no Brasil, como um
CNPJ, site oficial ou canal para contato. Também não há
informação se ela tem sede em outro país ou se os
produtos oferecidos foram fabricados sob demanda a
pedido de outra empresa ou pessoa física.
Procurada, a Anvisa informou que "a resolução RDC
46/2009 proíbe os dispositivos eletrônicos para fumar".
Segundo o órgão, o texto "se aplica para quaisquer
acessórios e refis destinados ao uso em qualquer
dispositivo eletrônico para fumar".
A Anvisa informou ainda que "se desconhece o perfil de
toxicidade das substâncias empregadas nos dispositivos
em questão considerando a utilização por meio de
vaporização".
De acordo com a agência, "as formas farmacêuticas que
podem ser utilizadas em suplementos alimentares são
aquelas destinadas à administração e ingestão oral, ou
seja, pela boca".
Apenas ar'
Jaqueline Scholz, que é médica e pesquisadora do
Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da USP, afirma que não é
recomendada a ingestão de medicamentos ou
suplementos por meio da inalação. Ela diz à reportagem
que as exceções são pacientes com problemas
respiratórios, como os asmáticos.
"O sistema respiratório serve para você receber apenas
ar. Exceto em situações bem restritas e até
desesperadoras, quando você não consegue um acesso
periférico, por exemplo", afirma a médica da USP à BBC
News Brasil.
Scholz afirma que, mesmo que seja retirada do ar, a
propaganda já fez "estragos enormes" por convencer
pessoas de que o produto pode causar benefícios à
saúde.
Ela diz que é justamente o oposto e que a inalação por
meio dos vaporizadores de essências pode ser ainda
mais prejudicial que o cigarro.
"Em primeiro lugar porque não é vapor, é aerossol.
Vapor é água apenas de água. E o aerossol contém
micropartículas que atravessam os alvéolos. Elas
agridem nossas membranas, que são ultrafinas, e podem
causar graves inflamações. O cigarro eletrônico tem
baterias que geram uma quantidade de nanopartículas
muito maior do que o cigarro convencional", diz a
médica.
Para ela, os responsáveis pela empresa devem ser
identificados e responsabilizados, assim como as redes
sociais que permitiram a veiculação do conteúdo.
Ela também defende que a veiculação de produtos falsos
deveria ser combatida da mesma maneira que a
disseminação das fake news nas redes sociais.
"Quando você inala algo que contém uma partícula ultra
pequena, ela ganha a corrente sanguínea e pode
infeccionar o pulmão, desencadeando um quadro de
asma aguda. Não recomendo inalar nada. Você pode
inalar metal pesado, níquel e cobre. Materiais
cancerígenos que podem ser absorvidos pelo
organismo."
Ela resume que o discurso do vaporizador de essências
rotulado como saudável é "mais um artifício da indústria
do cigarro eletrônico, junto com as cores e aromas,
usado para atrair os mais jovens".
(https://www.bbc.com/portuguese/topics/cz74k71p8ynt)
"Ela também defende que a veiculação de produtos
falsos deveria ser combatida da mesma maneira que a
disseminação das fake news nas redes sociais."
O termo destacado pertence à mesma classe da palavra destacada no trecho abaixo, EXCETO:
O termo destacado pertence à mesma classe da palavra destacada no trecho abaixo, EXCETO: