“Podíamos acompanhar o desenvolvimento dos animais: a alimen...

Próximas questões
Com base no mesmo assunto
Q1140264 Português

                                    Fora Uber! E leve o Facebook junto.

           Pode parecer conversa de tiozão, mas essa geração do polegar está cada dia

                 mais desconectada da   realidade. Não sei o que vai ser do mundo

                                       se essa modinha de internet pegar.


      Vou confessar uma coisa: acho uma grande sacanagem essa história de Uber. Não vou entrar no mérito sobre legalidade, ilegalidade, pirataria e regulamentação. Mas não me parece certo esse caminho, aparentemente sem volta, para uma vida facilitada pela internet e seus aplicativos.

      O Uber é um desses. Ele tira do cliente a experiência de caminhar até o ponto e negociar a corrida. Tira também o prazer de jogar roleta‐russa enquanto levantamos as mãos no fio da calçada e experimentamos as delícias do acaso: ao volante pode estar alguém que nos ensine as propriedades do chá de carqueja ou alguém que relate em detalhes as frieiras no pé esquerdo. Pode estar também alguém com o atalho para tudo, inclusive para exterminar a bandidagem, a corrupção, o tédio dos domingos e a própria frieira. Um amigo jura ter encontrado, certa feita, um taxista com uma tese bastante bem fundamentada sobre a mobilidade urbana: que São Paulo só teria jeito quando a Teodoro começasse a descer e a Cardeal, a subir.

      Nada contra o Uber. Tenho até amigos que são usuários. O que não gosto é dessa ideia de adaptar a vida a partir das inovações tecnológicas. Elas são o problema.

      Já não gostei quando começaram a oferecer o serviço em automóveis. Gostava mesmo era dos cavalos. Naquele tempo, sim, as coisas funcionavam: os taxistas criavam os equinos nos estábulos perto de casa. Podíamos acompanhar o desenvolvimento dos animais: a alimentação, o tratamento dos dentes, o ajuste da sela, a aplicação dos xampus para a crina. Não esses xampus comprados em qualquer farmácia, mas feitos em casa com babosa e amor.

      Quando os bichos estavam prontos, aí sim podíamos assobiar a eles, sentar na sela de trás e observar a frugalidade da paisagem enquanto o cavaleiro‐taxista nos falava sobre as sacanagens da monarquia testemunhadas por outros clientes. Não fossem aqueles passeios, jamais saberíamos, por exemplo, que o filho de Dom Pedro I era o verdadeiro dono da Friboi.

      Mas eu confesso também: gostava do tempo do imperador e até hoje não me conformo com esse aplicativo chamado República. Naquele tempo não recebíamos convites, o tempo todo, para nos mobilizar em campanhas e petições pela causa A ou B. Nem textões de Facebook de pessoas jogando em nossa cara o desconforto com nossos privilégios.

      Ninguém precisava dizer “sou contra”, “sou a favor, mas veja bem”, sobretudo mulheres. Elas cuidavam de nossos filhos e nós trazíamos o javali ao fim do dia. E ninguém reclamava. Hoje querem até ser presidente.

      Maldita inclusão digital.

      Antes, o que o soberano decidia estava decidido. Não tinha essa necessidade boba de participar e dar pitaco sobre tudo. Sobrava‐nos o resto do dia para escrever cartas, perfumar o papel, beijar a assinatura, colar o envelope, escolher a melhor roupa, o melhor chapéu, fazer a barba, chamar o táxi, montar no cavalo, viajar por dias até o posto dos Correios na capital, pagar o serviço com dinheiro, ser assaltado sem precisar lembrar a senha, voltar para casa e esperar a resposta do destinatário.

      Hoje em dia com um clique matamos todo esse procedimento. Podemos enviar mensagens sem precisar nos vestir – muitas vezes puxamos conversa sobretudo por NÃO estar com roupa alguma.

      Pense no tanto de trabalho eliminado desde que inventaram o botão “compartilhar”. Perderam o posto o lenhador, o sujeito que transformava madeira em papel, o fabricante de tinta, de caneta tinteira e da cola, o entregador de papel, o criador de cavalo, o cavaleiro...tudo com um clique.

      O resultado? O resultado é essa geração blasé que, em pleno almoço de família, pega o smartphone e mergulha num mundo paralelo de cristal líquido sem dar a mínima para os questionamentos educativos de pais, avós e tios sobre “e o vestibular?”, “tá estudando?”, “já tá rico?”, “e a namorada?”, “tá usando camisinha?”, “que brinquinho é esse?”, “seu amigo é meio esquisito, não?”, “e esse decote?”. Sem contar as conversar construtivas sobre as aleivosias da vida íntima da cunhada. Que não está à mesa.

      Pode parecer conversa de tiozão, mas essa geração do polegar está cada dia mais desconectada da realidade. Não sei o que vai ser do mundo se essa modinha de internet pegar.

(Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/cultura/fora‐uber‐e‐leve‐o‐facebook‐junto‐6001.html. Acesso em: 16/09/2015.)

Podíamos acompanhar o desenvolvimento dos animais: a alimentação, o tratamento dos dentes, o ajuste da sela, a aplicação dos xampus para a crina.” (4º§) O uso de vírgula no trecho sublinhado justifica‐se por:
Alternativas

Gabarito comentado

Confira o gabarito comentado por um dos nossos professores

Alternativa correta: D - Separar termos coordenados dispostos em enumeração.

Vamos entender o tema da questão: Pontuação. A pontuação é um dos tópicos mais importantes na gramática, pois ela é essencial para a clareza e a organização das ideias em um texto. Especificamente, a questão aborda o uso da vírgula para separar elementos em uma enumeração.

Veja o trecho sublinhado: “a alimentação, o tratamento dos dentes, o ajuste da sela, a aplicação dos xampus para a crina.” (4º§). As vírgulas aqui estão cumprindo a função de separar itens em uma lista. Cada um desses itens é um termo coordenado, ou seja, elementos que têm a mesma função gramatical na frase e são dispostos de forma sequencial.

Justificação da alternativa correta:

A alternativa D está correta porque as vírgulas estão sendo usadas para separar termos coordenados dispostos em enumeração. Cada termo - "a alimentação", "o tratamento dos dentes", "o ajuste da sela" e "a aplicação dos xampus para a crina" - é uma parte da lista de atividades relacionadas ao desenvolvimento dos animais. A vírgula é utilizada exatamente para organizar e separar esses itens, facilitando a leitura e a compreensão do texto.

Análise das alternativas incorretas:

A - Separar um aposto: A vírgula não está isolando um aposto. Um aposto é um termo que explica ou especifica melhor um substantivo anterior, mas não é isso que ocorre no trecho citado.

B - Isolar uma oração intercalada: Oração intercalada é uma oração que interrompe outra, geralmente explicativa ou acessória. No trecho, não há interrupção de orações; apenas uma lista de termos coordenados.

C - Isolar uma expressão explicativa: A vírgula não está isolando uma expressão explicativa (como por exemplo, "isto é", "ou seja"). A função dela aqui é meramente separar itens de uma lista.

Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!

Clique para visualizar este gabarito

Visualize o gabarito desta questão clicando no botão abaixo

Comentários

Veja os comentários dos nossos alunos

Gab D e prior pra campeão

GABARITO: LETRA D

? ?Podíamos acompanhar o desenvolvimento dos animais: a alimentação, o tratamento dos dentes, o ajuste da sela, a aplicação dos xampus para a crina.? 

? As vírgulas estão marcando uma enumeração de termos coordenados (trata-se de um desdobramento desse desenvolvimento).

Baixe a Planilha de Gestão Completa nos Estudos Grátis: http://3f1c129.contato.site/plangestaoestudost3

? FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

GABARITO: LETRA D

ACRESCENTANDO:

USO DA VÍRGULA

Vírgula – indica uma pequena pausa na sentença.

Não se emprega vírgula entre:

• Sujeito e verbo.

• Verbo e objeto (na ordem direta da sentença).

Para facilitar a memorização dos casos de emprego da vírgula, lembre-se de que:

A vírgula:

Desloca

Enumera

Explica

Enfatiza

Isola

Separa

Emprego da vírgula:

a) separar termos que possuem mesma função sintática no período:

- João, Mariano, César e Pedro farão a prova.

- Li Goethe, Nietzsche, Montesquieu, Rousseau e Merleau-Ponty.

b) isolar o vocativo:

- Força, guerreiro!

c) isolar o aposto explicativo:

- José de Alencar, o autor de Lucíola, foi um romancista brasileiro.

d) mobilidade sintática:

- Temeroso, Amadeu não ficou no salão.

- Na semana anterior, ele foi convocado a depor.

- Por amar, ele cometeu crimes.

e) separar expressões explicativas, conjunções e conectivos:

- Isto é, ou seja, por exemplo, além disso, pois, porém, mas, no entanto, assim, etc.

f) separar os nomes dos locais de datas:

- Cascavel, 10 de março de 2012.

g) isolar orações adjetivas explicativas:

- O Brasil, que busca uma equidade social, ainda sofre com a desigualdade.

h) separar termos enumerativos:

- O palestrante falou sobre fome, tristeza, desemprego e depressão.

i) omitir um termo:

- Pedro estudava pela manhã; Mariana, à tarde.

j) separar algumas orações coordenadas

- Júlio usou suas estratégias, mas não venceu o desafio.

Vírgula + E

1)Para separar orações coordenadas com sujeitos distintos:

Minha professora entrou na sala, e os colegas começaram a rir.

2) Polissíndeto:

Luta, e luta, e luta, e luta, e luta: é um filho da pátria.

3) Conectivo “e” com o valor semântico de “mas”:

Os alunos não estudaram, e passaram na prova.

4) Para enfatizar o elemento posterior:

A menina lhe deu um fora, e ainda o ofendeu.

FONTE: Prof. Pablo Jamilk.

Clique para visualizar este comentário

Visualize os comentários desta questão clicando no botão abaixo