No enunciado “A cultura do cancelamento não define valia ou ...
O perigo do cancelamento
Na Grécia Antiga, Platão afirmava que “o ápice da educação é a tolerância”, uma ideia que permaneceu através dos séculos. No entanto, os tempos modernos, especialmente com a ascensão das redes sociais e da cultura digital, nos confrontam com uma realidade desafiadora. O que deveria ser um espaço de intercâmbio de ideias e saberes muitas vezes se transforma em um campo de batalha, onde a compreensão é substituída pela intolerância e pelo cancelamento.
A internet, longe de ser apenas uma ferramenta de conexão global, se tornou palco para manifestações de ódio e preconceito. O fenômeno do cancelamento, definido como a prática de hostilizar alguém publicamente por suas opiniões ou comportamentos considerados inadequados, tem ganhado relevância alarmante. Nesse contexto, cancelar alguém não apenas é visto como uma demonstração de superioridade moral, mas também como uma forma de punição. A grande questão que fica é: como cuidar da saúde mental diante dessa perspectiva?
As consequências práticas da rejeição virtual podem ser devastadoras. O cancelamento pode levar à perda de oportunidades profissionais, sociais e pessoais. A vítima dessa situação costuma enfrentar boicotes em sua carreira, é marginalizada em seu círculo social e sofre até mesmo ameaças à sua segurança, de forma física e emocional. É incumbido aquela pessoa um status de “criminoso social”.
O impacto psicológico dessa rejeição social costuma ser profundo e duradouro, deixando cicatrizes emocionais que desafiam a autoestima e o bem-estar de cada um. É crucial buscar apoio psicológico para lidar com os desafios impostos por essa experiência. Participar de terapias individuais e ter práticas de autocuidado auxiliam no desenvolvimento de uma resiliência emocional, e cuidar da mente nesse processo é fundamental.
É preciso lembrar que todos nós cometemos erros, e podemos aprender e crescer com eles. A cultura do cancelamento não define valia ou o valor intrínseco de uma pessoa. Pelo contrário, mostra que nós podemos ser bem piores do que aquela atitude que reprovamos.
Cultivar a empatia e o perdão, tanto conosco quanto para os outros, é o passo fundamental para abandonarmos de vez essa indústria do ódio, e recuperarmos o lado humano da sociedade.
Cristina Navalon
(https://www.hojeemdia.com.br/opiniao/opiniao/o-perigo-docancelamento-1.1007248 Acesso em 03/04/2024)
No enunciado “A cultura do cancelamento não define valia ou o valor intrínseco de uma pessoa.”, o termo em destaque não terá seu sentido alterado se for substituído por