De acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa e quanto ...
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Ano: 2022
Banca:
INSTITUTO MAIS
Órgão:
Prefeitura de Santana de Parnaíba - SP
Prova:
INSTITUTO MAIS - 2022 - Prefeitura de Santana de Parnaíba - SP - Agente de Organização Escolar |
Q2393345
Português
Texto associado
Leia o texto abaixo para responder à questão.
Na escola
Democrata é Dona Amarílis, professora na escola pública
de uma rua que não vou contar, e mesmo o nome de Dona
Amarílis é inventado, mas o caso aconteceu.
Ela se virou para os alunos, no começo da aula, e falou
assim:
– Hoje eu preciso que vocês resolvam uma coisa muito
importante. […] Será uma espécie de plebiscito. Cada um dá sua
opinião, a gente soma as opiniões e a maioria é que decide. […]
Então, vamos ao assunto. Surgiu um movimento para as
professoras poderem usar calça comprida nas escolas. O
governo disse que deixa, a diretora também, mas no meu caso
eu não quero decidir por mim. O que se faz na sala de aula deve
ser de acordo com os alunos. Para todos ficarem satisfeitos e um
não dizer que não gostou. Assim não tem problema. Bem, vou
começar pelo Renato Carlos. Renato Carlos, você acha que sua
professora deve ou não deve usar calça comprida na escola?
– Acho que não deve – respondeu, baixando os olhos. […]
Porque minissaia é muito mais bacana.
– Perfeito. Um voto contra. Marilena, me faz um favor, anote
aí no seu caderno os votos contra. E você, Leonardo, por
obséquio, anote os votos a favor, se houver. Agora quem vai
responder é Inesita.
– Claro que deve, professora. Lá fora a senhora usa, por
que vai deixar de usar aqui dentro?
[…]
– Um a favor. E você, Aparecida?
– Eu, se fosse a senhora, não usava. […] O quadril, sabe?
Fica meio saliente …
– Obrigada, Aparecida. Você anotou, Marilena? Agora você,
Edmundo.
– Eu acho que Aparecida não tem razão, professora. A
senhora deve ficar muito bacana de calça comprida. O seu
quadril é certinho.
– Meu quadril não está em votação, Edmundo. A calça sim.
Você é contra ou a favor da calça?
– A favor 100%.
– Você, Peter?
– Pra mim tanto faz.
– Não tem preferência?
– Sei lá. Negócio de mulher eu não me meto, professora.
– Uma abstenção. Mônica, você fica encarregada de tomar
nota dos votos iguais ao de Peter: nem contra nem a favor.
Assim iam todos, votando, como se escolhessem o
Presidente da República. […] A vez de Rinalda:
– Ah, cada um na sua.
– Na sua, como?
– Eu na minha, a senhora na sua, cada um na dele,
entende?
– Explique melhor.
– Negócio seguinte. Se a senhora quer vir de pantalona,
venha. Eu quero vir de midi, de máxi, de short, venho. Uniforme
é papo furado.
– Você foi além da pergunta, Rinalda. Então é a favor?
– Evidente. Cada um curtindo à vontade.
– Legal! – exclamou Jorgito. – Uniforme está superado,
professora. A senhora vem de calça comprida, e a gente
aparecemos de qualquer jeito.
– Não pode – refutou Gilberto. – Vira bagunça. Lá em casa
ninguém anda de pijama ou de camisa aberta na sala. A gente
tem de respeitar o uniforme.
Respeita, não respeita, a discussão esquentou, Dona
Amarílis pedia ordem, ordem, assim não é possível, mas os
grupos se haviam extremado, falavam todos ao mesmo tempo,
ninguém se fazia ouvir, pelo que, com quatro votos a favor de
calça comprida, dois contra, e um tanto-faz, e antes que fosse
decretada por maioria absoluta a abolição do uniforme escolar, a
professora achou prudente declarar encerrado o plebiscito, e
passou à lição de História do Brasil.
(Carlos Drummond de Andrade. Para Gostar de Ler. V. 2. pp. 55-57. Adaptado).
De acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa e
quanto à separação silábica, assinale a alternativa correta.