Eis por que considerarei de novo o que acreditava ser, antes...
Eis por que considerarei de novo o que acreditava ser, antes de me empenhar nestes últimos pensamentos; e de minhas antigas opiniões suprimirei tudo o que pode ser combatido pelas razões que aleguei há pouco, de sorte que permaneça apenas precisamente o que é de todo indubitável. O que, pois, acreditava eu ser até aqui? Sem dificuldade, pensei que era um homem. Mas que é um homem?
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DESCARTES, R. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
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Esse excerto decorre de um processo investigativo que visa a encontrar o que promoveria a certeza acerca do ser do sujeito. Por isso, na Segunda Meditação, Descartes afirma que, apesar de se ter certeza de que se é, ainda é necessário investigar o que se é, uma vez que essa determinação impedirá que o sujeito se tome imprudentemente como sendo outra coisa. De acordo com o pensamento de Descartes, assinale a alternativa em que a indagação “Que é o homem?” é respondida corretamente.
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A alternativa correta é a C. Vamos entender por quê.
O excerto apresentado na questão remete à Segunda Meditação de René Descartes, um dos pilares da filosofia moderna. Descartes busca uma base sólida e indubitável para o conhecimento, e é nesse contexto que surge a famosa afirmação "Cogito, ergo sum" – "Penso, logo existo". Nesse raciocínio, ele identifica que o ato de pensar é a única certeza inquestionável, o ponto de partida para sua investigação filosófica.
Alternativa C: Esta alternativa está correta porque enfatiza que no processo de dúvida metódica, o pensar é a essência inseparável do ser humano. Descartes conclui que o homem é uma "coisa que pensa" (res cogitans), independentemente dos sentidos ou do corpo físico. Essa afirmação está em linha com o cartesianismo, que prioriza a razão e a mente na definição do ser humano.
Alternativa A: Embora a definição de "animal racional" seja clássica e bastante ligada a Aristóteles, ela não captura a essência do pensamento cartesiano, que se concentra no pensamento como a única certeza. Portanto, não se alinha exatamente com a resposta buscada por Descartes.
Alternativa B: Esta alternativa se aproxima da visão empirista, que Descartes precisamente critica. Ele não descreve o homem como uma máquina, mas como uma entidade pensante, separada do corpo físico através da mente.
Alternativa D: Enquanto a ação pode ser uma característica do ser humano, Descartes não a coloca como a definição essencial do homem. Sua filosofia não se concentra em ações, mas no pensamento como a certeza fundamental.
Alternativa E: A menção à inspiração em Santo Agostinho não reflete a visão de Descartes sobre a natureza humana. Ele define o homem como uma coisa pensante, não rejeitando a materialidade, mas separando o pensamento como a essência inquestionável.
Em resumo, a alternativa C captura a essência do pensamento de Descartes sobre o que define o ser humano. Ele é essencialmente uma "coisa que pensa", e essa é a base de sua filosofia.
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Comentários
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Penso; logo, existo.
Nessa hora penso que não pensar demais é a melhor saída para acertar questões de filosofia. Não penso muito; logo, acerto.
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