Você nunca teve ilusões sobre a humanidade. (L.42-43) O term...

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Q2972214 Português

Texto I


As Time Goes By


Conheci Rick Blaine em Paris, não faz muito. Ele tem uma

espelunca perto da Madeleine que pega todos os americanos

bêbados que o Harry’s Bar expulsa. Está com 70 anos, mas

não parece ter mais que 69. Os olhos empapuçados são os

5 mesmos mas o cabelo se foi e a barriga só parou de crescer

porque não havia mais lugar atrás do balcão. A princípio ele

negou que fosse Rick.

– Não conheço nenhum Rick.

– Está lá fora. Um letreiro enorme. Rick’s Café Americain.

10 – Está? Faz anos que não vou lá fora. O que você quer?

– Um bourbon. E alguma coisa para comer.

Escolhi um sanduíche de uma longa lista e Rick gritou o

pedido para um negrão na cozinha. Reconheci o negrão. Era o

pianista do café do Rick em Casablanca. Perguntei por que ele

15 não tocava mais piano.

– Sam? Porque só sabia uma música. A clientela não

agüentava mais. Ele também faz sempre o mesmo sanduíche.

Mas ninguém vem aqui pela comida.

Cantarolei um trecho de As Time Goes By. Perguntei:

20 – O que você faria se ela entrasse por aquela porta agora?

– Diria: "Um chazinho, vovó?" O passado não volta.

– Voltou uma vez. De todos os bares do mundo, ela tinha

que escolher logo o seu, em Casablanca, para entrar.

– Não volta mais.

25 Mas ele olhou, rápido, quando a porta se abriu de repente.

Era um americano que vinha pedir-lhe dinheiro para voltar aos

Estados Unidos. Estava fugindo de Mitterrand. Rick o ignorou.

Perguntou o que eu queria além do bourbon e do sanduíche

do Sam, que estava péssimo.

30 – Sempre quis saber o que aconteceu depois que ela

embarcou naquele avião com Victor Laszlo e você e o inspetor

Louis se afastaram, desaparecendo no nevoeiro.

– Passei quarenta anos no nevoeiro – respondeu ele.

Objetivamente, não estava disposto a contar muita coisa.

35 – Eu tenho uma tese.

Ele sorriu.

Mais uma...

– Você foi o primeiro a se desencantar com as grandes

causas. Você era o seu próprio território neutro. Victor Laszlo

40 era o cara engajado. Deve ter morrido cedo e levado alguns

outros idealistas como ele, pensando que estavam salvando o

mundo para a democracia e os bons sentimentos. Você nunca

teve ilusões sobre a humanidade. Era um cínico. Mas também

era um romântico. Podia ter-se livrado de Laszlo aos olhos

45 dela. Por quê?

– Você se lembra do rosto dela naquele instante?

Eu me lembrava. Mesmo através do nevoeiro, eu me

lembrava. Ele tinha razão. Por um rosto daqueles a gente

sacrifica até a falta de ideais.

50 A porta se abriu de novo e nós dois olhamos rápido. Mas

era apenas outro bêbado.

(Luis Fernando Veríssimo)

Você nunca teve ilusões sobre a humanidade. (L.42-43)


O termo destacado no período acima tem a função sintática de:

Alternativas

Gabarito comentado

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Vamos analisar a questão proposta, que indaga sobre a função sintática do termo destacado na frase "Você nunca teve ilusões sobre a humanidade." A alternativa correta é a:

C - complemento nominal.

Primeiro, vamos entender o contexto da questão. O texto de Luis Fernando Veríssimo é uma narrativa que remete a personagens de "Casablanca", um clássico do cinema. A análise gramatical exigida pela questão pede que identifiquemos a função sintática do termo em destaque.

Para resolver a questão, é necessário conhecimento em funções sintáticas. Vejamos cada uma das alternativas:

A - adjunto adnominal: O adjunto adnominal se relaciona a um substantivo, qualificando ou determinando-o. No caso, "ilusão" é o substantivo e "sobre a humanidade" não está qualificando nem determinando este substantivo, mas complementando-o. Portanto, esta alternativa está incorreta.

B - adjunto adverbial: O adjunto adverbial modifica verbos, adjetivos ou outros advérbios, adicionando circunstâncias de tempo, modo, lugar, etc. "Sobre a humanidade" não está cumprindo esse papel na frase. Logo, esta alternativa também está incorreta.

C - complemento nominal: O complemento nominal completa o sentido de um substantivo, adjetivo ou advérbio, geralmente ligado por preposição. Na frase, "sobre a humanidade" complementa o sentido do substantivo "ilusões", indicando aquilo de que se tem ilusões. Assim, a alternativa correta é esta.

D - objeto indireto: O objeto indireto completa o sentido de um verbo transitivo indireto, sempre acompanhado de preposição. No caso, "sobre a humanidade" não completa o sentido de um verbo, mas sim de um substantivo. Portanto, esta alternativa está errada.

E - predicativo do objeto: O predicativo do objeto atribui uma característica ao objeto direto ou indireto de um verbo. "Sobre a humanidade" não está atribuindo característica a um objeto, mas completando o sentido de um substantivo. Logo, esta alternativa também está incorreta.

Conclusão: A análise correta da função sintática do termo "sobre a humanidade" mostra que ele atua como complemento nominal, pois completa o sentido do substantivo "ilusões".

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COMPLEMENTO NOMINAL - TERMO PASSIVO QUE CARACTERIZA O SUBSTANTIVO

CUIDADO MEUS NOBRES!!!!

PARTE 1 - TEORIA PARA NÃO ERRAR MAIS

Resumo sobre Adjunto Adnominal x Complemento Nominal para FGV:

Nessas questões, o importante é:

1º Saber CLASSIFICAR:

  1. Quando o termo sublinhado estiver ligado a adjetivo, advérbio → Complemento Nominal. Pronto, "cabô". 
  2. Quando o termo estiver ligado a substantivo CONCRETO (você consegue imaginar sem intermediário. Ex.: cavalo. Consigo imaginar sem precisar de mais nada) → Adjunto Adnominal. Pronto, "cabô".
  3. Quando o termo estiver ligado a substantivo ABSTRATO (você só imagina com um intermediário. ex.: amor: eu não vejo o amor em si. Vejo duas pessoas se amando) → Aí, depende do valor:
  • Se o valor for Agente (pratica a ação) → Adjunto
  • Se for paciente (recebe a ação) → Complemento

Exemplos:

"a vacinação da população foi eficiente"

  • Vacinação é substantivo abstrato (você vê pessoas sendo vacinadas, e não a vacinação em si), logo caímos no ponto 3: vamos verificar o valor (agente ou paciente): a população vacina ou é vacinada? É vacinada. Logo, temos um complemento nominal.

"a geladeira da minha tia foi cara"

  • Geladeira é substantivo concreto, logo caímos no ponto 2: adjunto adnominal

"o amor à mãe é lindo"

  • Amor é substantivo abstrato. Ponto 3: a mãe ama ou é amada? Aqui, a mãe é amada, logo complemento nominal.
  • Aplicando a dica extra: transformando em verbo: "amar a mãe é lindo", logo complemento nominal.

"o amor da mãe é lindo"

  • Amor é substantivo abstrato. Ponto 3: a mãe ama ou é amada? Aqui, a mãe ama (o amor é dela. Ela pratica a ação de amar), logo temos adjunto adnominal.

"ele é fiel à esposa"

  • Fiel é adjetivo (está qualificando "ele"), logo complemento nominal. Pronto, "cabô".

No período “Você nunca teve ilusões sobre a humanidade.”, o termo “sobre a humanidade” tem a função sintática de C: complemento nominal.

Explicação:

O complemento nominal é um termo que completa o sentido de um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e é introduzido por uma preposição. Neste caso, “sobre a humanidade” completa o sentido do substantivo “ilusões”, indicando a que tipo de ilusões o sujeito se refere.

Poderia perfeitamente ser um adjunto adverbial de assunto.

Basta trocar 'sobre' 'por a respeito da'.

Você nunca teve ilusões a respeito da humanidade.

Questão passível de recurso!

Você nunca teve ilusões sobre a humanidade.

Sobre a humanidade: sujeito passivo (sofre a ação).

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