Considerando os desdobramentos históricos relacionados à Gu...
Na América do Sul, a aplicação da política econômica internacional conhecida como Consenso de Washington resultou em medidas que, algumas décadas depois, implicaram a adoção, pelos presidentes da Argentina e do Brasil, de políticas que modificassem os padrões das reformas liberais, indo contra as teses que embasaram o referido consenso.
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- A política econômica conhecida como Consenso de Washington, surgida no final dos anos 1980, propunha um conjunto de medidas neoliberais para países em desenvolvimento, especialmente na América Latina, visando estabilizar e ajustar suas economias. Essas medidas incluíam a liberalização comercial, privatizações, desregulamentação, austeridade fiscal e abertura às economias internacionais.
Na década de 1990, países como Argentina e Brasil adotaram amplamente essas recomendações, implementando reformas estruturais alinhadas ao neoliberalismo. Contudo, esses ajustes não geraram os resultados esperados em termos de crescimento sustentável e melhoria social. Pelo contrário, em alguns casos, levaram a crises econômicas e ao aumento das desigualdades sociais.
Na Argentina, a política de paridade cambial rígida (convertibilidade do peso ao dólar) e as privatizações resultaram na crise de 2001, levando o país a uma profunda recessão e ao maior calote da dívida soberana da história até então. Em resposta, os governos posteriores, especialmente sob Néstor Kirchner (2003-2007), adotaram medidas que contrariavam as prescrições do Consenso de Washington. Houve maior intervenção estatal na economia, renegociação da dívida sem a intermediação do Fundo Monetário Internacional (FMI), controle de capitais e políticas sociais mais amplas.
No Brasil, após os governos de orientação neoliberal nos anos 1990, a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, marcou uma mudança na condução da política econômica. Embora tenha mantido a estabilidade macroeconômica, o governo Lula implementou políticas que ampliaram o papel do Estado na redução das desigualdades, como o aumento do salário-mínimo, expansão de programas sociais (por exemplo, o Bolsa Família) e maior investimento em infraestrutura e indústria nacional, indo além das recomendações liberais do Consenso de Washington.
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