O trecho acima foi retirado da obra literária Quarto de Desp...

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TEXTO II


TRECHO DE “QUARTO DE DESPEJO: DIÁRIO DE UMA FAVELADA”


Preparei a refeição matinal. Cada filho prefere uma coisa. A Vera, mingau de farinha de trigo torrada. O João José, café puro. O José Carlos, leite branco. E eu, mingau de aveia. Já que não posso dar aos meus filhos uma casa decente para residir, procuro lhe dar uma refeição condigna.

Terminaram a refeição. Lavei os utensílios. Depois fui lavar roupas. Eu não tenho homem em casa. É só eu e meus filhos. Mas eu não pretendo relaxar. O meu sonho era andar bem limpinha, usar roupas de alto preço, residir numa casa confortável, mas não é possível. Eu não estou descontente com a profissão que exerço. Já habituei-me andar suja. Já faz oito anos que cato papel.

O desgosto que tenho é residir em favela.

...

Fui no rio lavar as roupas e encontrei D. Mariana. Uma mulher agradável e decente. Tem 9 filhos e um lar modelo. Ela e o esposo tratam-se com educação. Visam apenas viver em paz. E criar filhos. Ela também ia lavar roupas. Ela disse-me que o Binidito da D. Geralda todos os dias ia prêso. Que a Rádio Patrulha cansou de vir buscá-lo. Arranjou serviço para ele na cadeia. Achei graça. Dei risada!... Estendi as roupas rapidamente e fui catar papel. Que suplício catar papel atualmente! Tenho que levar a minha filha Vera Eunice. Ela está com dois anos, e não gosta de ficar em casa. Eu ponho o saco na cabeça e levo-a nos braços. Suporto o peso do saco na cabeça e suporto o peso da Vera Eunice nos braços. Tem hora que revolto-me. Depois domino-me. Ela não tem culpa de estar no mundo.

Refleti: preciso ser tolerante com os meus filhos. Eles não tem ninguém no mundo a não ser eu. Como é pungente a condição de mulher sozinha sem um homem no lar.


FONTE: Disponível em: https:/Avww.revistapixe.com.br/carolina-maria-de-jesus

O trecho acima foi retirado da obra literária Quarto de Despejo, de Carolina de Jesus. Observe atentamente o seguinte excerto: "Durante o dia, os jovens de 15 e 18 anos sentam na grama e falam de roubo. E já tentaram assaltar o empório do senhor Raymundo Guello. E um ficou carimbado com uma bala. O assalto teve início às 4 horas. Quando o dia clareou as crianças catava dinheiro na rua e no capinzal. Teve criança que catou vinte cruzeiros em moeda. E sorria exibindo o dinheiro. Mas o juiz foi severo. Castigou impiedosamente.” É possível afirmar que há desvio da norma padrão da Língua Portuguesa em:

Alternativas

Gabarito comentado

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Alternativa Correta: B - Desvio do uso de concordância verbal em: "quando o dia clareou as crianças catava dinheiro na rua e no capinzal".

Tema Central: A questão aborda o tema de concordância verbal e nominal, que é fundamental para a construção de frases corretas na norma padrão da Língua Portuguesa. Concordância verbal refere-se à necessidade de o verbo concordar com o sujeito em número e pessoa, enquanto a concordância nominal trata da harmonização entre nomes, como substantivos e adjetivos, em gênero e número.

Justificativa da Alternativa Correta:

Na frase "quando o dia clareou as crianças catava dinheiro na rua e no capinzal", ocorre um erro de concordância verbal. O sujeito "as crianças" está no plural, logo o verbo deveria estar também no plural, sendo "catavam". Portanto, a forma correta seria: "quando o dia clareou, as crianças catavam dinheiro na rua e no capinzal".

Análise das Alternativas Incorretas:

A - "e já tentaram assaltar o empório do senhor Raymundo Guello": Não há desvio de concordância nominal nesta frase. Os elementos estão adequadamente concordados.

C - "o assalto teve início às 4 horas": Não há desvio de crase, pois o uso de "às" está correto ao indicar horário.

D - "teve criança que catou vinte cruzeiros em moeda": A expressão "teve criança" está correta, pois "teve" pode concordar com a ideia de "houve casos de criança", adotando o singular de forma impessoal.

E - "e um ficou carimbado com uma bala": Não há desvio de regência verbal aqui. O verbo "ficar" está corretamente usado na construção da frase.

Conclusão: Entender as regras de concordância é essencial para uma comunicação precisa e coerente, especialmente em exames de concursos públicos onde a norma padrão é exigida.

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quando o dia clareou as crianças catavam dinheiro

quando o dia clareou, as crianças catavam dinheiro

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