De acordo com o texto, a sensação ao desembarcar em Recife e...
Próximas questões
Com base no mesmo assunto
Ano: 2024
Banca:
FCC
Órgão:
Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes - PE
Prova:
FCC - 2024 - Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes - PE - Assistente em Suporte à Gestão |
Q3147039
Português
Texto associado
A primeira lembrança que tenho da cidade, do Recife, é de um Carnaval. Eu,
muito menino, preso em um carro que corria pela praça Maciel Pinheiro desviando
dos foliões, ia para o Hospital Português onde meu avó convalescia. Certamente que
não foi nessa hora que compreendi, mas nesse momento passei a conviver com uma
urbe de contradições, alegrias e tristezas, sonhos e desilusões.
Vivendo no interior, a cidade me chegava pelo relato dos cronistas, dos
escritores. Um deles falava da Estrada dos Remédios cercada por mangueiras. E fui
descobrindo os segredos vividos sob os telhados seculares dos sobrados, a miséria
oculta pelas folhas dos mangues, pelas paredes precárias dos mocambos, a glória
da piedade resvalando nas grossas paredes das Igrejas. Mecanismo vivo e
contraditório, Recife tinha, e ainda tem, poesia.
Sempre que ali desembarcava -e até hoje isso acontece — batia-me a
sensação de pertencimento. “Sou do Recife com orgulho e com saudade”, solfejava
Antônio Maria em meus ouvidos. Quando, enfim, cheguei para viver na cidade, na
Boa Vista, já conhecia a intimidade dos mistérios de suas ruas. Tudo me chegara
pela literatura, pelos relatos históricos e ficcionais, mas caminhando por suas vielas
e avenidas, atravessando os rios, as pontes, descobri que um mistério nunca se
revela plenamente.
Foi tentando desvendar a esfinge que a cidade do Recife foi transformada em
cenário por mim para o romance “Não me empurre para os perdidos". Um escritor
estrangeiro, em junho de 1924, percorre as ruas da cidade procurando os sentidos
da modernidade que os intelectuais tanto discutem no Café Continental, na esquina da Lafayete. Mesmo depois de todo trabalho, à Recife continua em mim como algo
onírico. Sim, ele é coisa de se pegar, é concreto, mas para ser pleno é preciso vivê-lo.
(Adaptado de: MELO JÚNIOR, Maurício. Nexo Jornal. Disponível em:
https:/wwnanexojornal.com.br)
De acordo com o texto, a sensação ao desembarcar em Recife está melhor descrita
em: