A sociedade industrial é maléfica para a velhice. [....
Próximas questões
Com base no mesmo assunto
Ano: 2024
Banca:
FUNDEPES
Órgão:
UFAL
Provas:
FUNDEPES - 2024 - UFAL - Assistente Social
|
FUNDEPES - 2024 - UFAL - Médico - Área: Ortopedia |
FUNDEPES - 2024 - UFAL - Médico - Área: Medicina do Trabalho |
FUNDEPES - 2024 - UFAL - Engenheiro - Área: Florestal |
FUNDEPES - 2024 - UFAL - Enfermeiro |
Q2569266
Português
A sociedade industrial é maléfica para a velhice. [...]. A
sociedade rejeita o velho, não oferece nenhuma sobrevivência à
sua obra. Perdendo a força do trabalho ele já não é produtor nem
reprodutor. Se a posse e a propriedade constituem, segundo
Sartre, uma defesa contra o outro, o velho de uma classe
favorecida defende-se pela acumulação de bens. Suas
propriedades o defendem da desvalorização de sua pessoa. O
velho não participa da produção, não faz nada: deve ser tutelado
como um menor. Quando as pessoas absorvem tais ideias de
classe dominante, agem como loucas porque delineiam assim o
seu próprio futuro.
Nos cuidados com a criança, o adulto “investe” para o futuro, mas em relação ao velho age com duplicidade e má-fé. A moral oficial prega o respeito ao velho, mas quer convencê-lo a ceder seu lugar aos jovens. [...]. Se o idoso não cede à persuasão, à mentira, não se hesitará em usar a força. Quantos anciãos não pensam estar provisoriamente no asilo em que foram abandonados pelos seus!
A característica da relação do adulto com o velho é a falta de reciprocidade que pode se traduzir numa tolerância sem o calor da sinceridade. Não se discute com o velho, não se confrontam opiniões com as dele, negando-lhe a oportunidade de desenvolver o que só se permite aos amigos: a alteridade, a contradição, o afrontamento e mesmo o conflito. Quantas relações humanas são pobres e banais porque deixamos que o outro se expresse de modo repetitivo e porque nos desviamos das áreas de atrito, dos pontos vitais, de tudo o que em nosso confronto pudesse causar o crescimento e a dor! Se a tolerância com os velhos é entendida assim, como uma abdicação do diálogo, melhor seria dar-lhe o nome de banimento ou discriminação. [...].
BOSI, Ecléa. Memória e Sociedade: lembranças dos velhos. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, p. 77.
Assinale a alternativa que melhor resume as ideias do texto.
Nos cuidados com a criança, o adulto “investe” para o futuro, mas em relação ao velho age com duplicidade e má-fé. A moral oficial prega o respeito ao velho, mas quer convencê-lo a ceder seu lugar aos jovens. [...]. Se o idoso não cede à persuasão, à mentira, não se hesitará em usar a força. Quantos anciãos não pensam estar provisoriamente no asilo em que foram abandonados pelos seus!
A característica da relação do adulto com o velho é a falta de reciprocidade que pode se traduzir numa tolerância sem o calor da sinceridade. Não se discute com o velho, não se confrontam opiniões com as dele, negando-lhe a oportunidade de desenvolver o que só se permite aos amigos: a alteridade, a contradição, o afrontamento e mesmo o conflito. Quantas relações humanas são pobres e banais porque deixamos que o outro se expresse de modo repetitivo e porque nos desviamos das áreas de atrito, dos pontos vitais, de tudo o que em nosso confronto pudesse causar o crescimento e a dor! Se a tolerância com os velhos é entendida assim, como uma abdicação do diálogo, melhor seria dar-lhe o nome de banimento ou discriminação. [...].
BOSI, Ecléa. Memória e Sociedade: lembranças dos velhos. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, p. 77.
Assinale a alternativa que melhor resume as ideias do texto.