Considerando a Norma Padrão, em “não se pode dizer que exis...

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Texto I

O Relacionamento Aberto

                                                       (Por Gregorio Duvivier)

    “Todos os relacionamentos fechados se parecem”, diria Tolstói em “Anna Kariênina”. “Cada relacionamento aberto é infeliz à sua maneira.”

    Abrir um relacionamento pode se revelar uma tarefa mais difícil do que abrir uma embalagem de CD. Há grandes chances de você perder um dente. E, depois de aberto, há grandes chances de você se perguntar: “Valia a pena tudo isso? Nem gostava desse CD. Aliás, ninguém mais ouve CD”.

    Há, no entanto, quem defenda que os relacionamentos, assim como as ostras, merecem que a gente perca tempo abrindo-os — mesmo que, em ambos os casos, exista um forte risco de intoxicação.

    Uma porta pode estar aberta, encostada, entreaberta, escancarada. Na relação escancarada, tudo é possível e nada é passível de ciúme (parece que esse fenômeno só aconteceu uma vez, e foi nos anos 1970). Há muitas relações escancaradas que, quando você vai ver de perto, são de fato escancaradas, mas não são relações: não se pode dizer que existe uma porta aberta porque não há sequer porta, já que tampouco há parede.

    O relacionamento entreaberto, no entanto, pode se entreabrir de mil maneiras: pode poder tudo desde que conte tudo pro outro ou desde que o outro não fique sabendo ou desde que não seja com amigos ou desde que seja com amigos ou desde que não se apaixone ou desde que seja por paixão.

    Há relacionamentos cuja abertura é sazonal: o namoro à distância internacional costuma ser como as cantinas de escola, que abrem nove meses por ano e fecham nas férias, enquanto o relacionamento intermunicipal costuma funcionar como os correios: abre em dia útil, fecha no final de semana.

    O relacionamento encostado parece que está trancado. Mas para amigos e vizinhos, é só empurrar o portão. E tem os namoros que, apesar de trancados, ninguém trocou a fechadura: o ex ainda tem a chave e entra quando quiser.

    Há, é claro, o relacionamento trancado a sete chaves e blindado. Aquele que se uma paixão de adolescência batesse na porta, e se por acaso vocês transassem, ninguém ficaria sabendo, mas mesmo assim você diz: “Não, não. Estou num relacionamento”. Parece que esse aí morreu. Talvez fique pra história como as ombreiras ou a pochete. Talvez volte com tudo em 2017, assim como as ombreiras e a pochete.

    Preparem-se. Não sei se estamos prontos pra essa loucura. A próxima coisa a voltar pode ser o Crocs.

(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ gregorioduvivier/2016/07/1792729-o-relacionamento-aberto.shtml . Acesso em: 18/07/2016)

Considerando a Norma Padrão, em “não se pode dizer que existe uma porta aberta” (4º§), o emprego, em próclise, do pronome oblíquo deve-se:
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Comentários

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A próclise ocorreu por causa da palavra negativa (o ''não'').

gab: B

Trata - se de uma locução verbal, tanto poderia usar o pronome proclítico com o verbo auxiliar, quanto poderia usar o pronome ênclitico com o verbo principal!!!

Letra : a uso facultativo

Obs:Em casos de locução verbal não há hierarquia quanto a colocação por isso essa faculdade.

não se pode dizer que existe uma porta aberta”

 

pode = verbo auxiliar / dizer = verbo principal no infinitivo

 

Fernanda Mila, em locuçoes verbais, com verbo principal no infinitivo (que é o caso acima) ou no gerúndio, há duas possibilidades corretas de colocaçao: 

 

1. sempre a ênclise ao verbo principal;

2. a ênclise ou a próclise ao verbo auxiliar, dependendo se houver fator de próclise ou nao; E neste caso há fator de próclise, por isso nao é facultativa, pois veja que a próclise é OBRIGATÓRIA no seguintes casos:

 

a) diante de palavras negativas; (OBS: temos a palavra NAO na oraçao acima, e este é o fator obrigatório da próclise neste caso)

b) diante de pronomes e advérbios interrogativos;

c) diante de palavras exclamativas ou oraçoes optativas;

d) diante de oraçoes subordinadas desenvolvidas, mesmo com a conjunçao oculta;

e) diante de gerúndio precedido da preposiçao "em" (ex: "em se tratando");

f) com advérbios ou locucoes adverbiais, sem pausa;

g) com os pronomes indefinidos;

 

Fonte: Vídeo aula "Colocaçao Pronominal 1, 2 e 3" - Profª. Isabel Vega - QC 

 

Comentário perfeito, Camila. Parabéns!

Seria facultativo se a oração não fosse negativa. Regra de Próclise: se antes de verbo houver palavra de sentido negativo. 

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