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Q2129012 Português
      Nas últimas décadas, as grandes empresas distribuíram as etapas de produção de inúmeras manufaturas entre várias regiões do planeta, para aumentar a eficiência (via especialização) e minimizar custos (sobretudo salariais). Essa globalização produtiva transformou o leste da Ásia (em especial, a China) em “fábrica do mundo”.
       A China, inicialmente, se especializou na produção de bens pouco sofisticados, mas, rapidamente, avançou em termos de tecnologia e começou a conquistar espaço em segmentos mais nobres. Isso reforçou _____ ambições de influência geopolítica do país e passou _____ incomodar tanto seus competidores globais como os governos de países desenvolvidos (em particular, os EUA), empenhados em manter sua dianteira em segmentos de alta tecnologia (especialmente com aplicação militar).
      Assim, ao longo da década de 2010, a simbiose entre as economias da China e dos EUA foi sendo corroída por focos de rivalidade. E, em 2018, eclodiu, entre os dois países, uma guerra de aumentos de tarifas bilaterais de importação, dando início a uma “politização” do comércio global e a movimentos de recuo (parcial e concentrado nos segmentos mais sofisticados) da globalização da produção industrial.
    O impulso a uma “desglobalização” foi reforçado pela pandemia. Cresceu a percepção de que depender de insumos importados (em particular, os da China) pode embutir riscos importantes, como a interrupção do fornecimento devido a cuidados sanitários ou _____ priorização de outros clientes. As empresas das economias desenvolvidas de segmentos industriais mais estratégicos começaram a relocalizar a produção para seu território nacional ou para regiões geográfica e politicamente mais próximas.
       É evidente que o Brasil, devido à sua base industrial e à sua posição geopolítica, tem potencial para atrair parte dos investimentos requeridos por esse rearranjo das cadeias globais de suprimentos, mas haverá uma disputa acirrada com outros países. Para termos mais chances, teremos de corrigir múltiplos fatores que, há décadas, inibem o investimento industrial no país: das deficiências de infraestrutura (como logística de transportes e portuária) a questões regulatórias; da volatilidade do câmbio à instabilidade da demanda interna e latino-americana; da passividade tecnológica à estreiteza das fontes de financiamento.

(Fonte: Revista CNT - adaptado.)
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