Levando em consideração a passagem “e alguém despeja um bal...

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Q620060 Português
Texto para responder à questão.

Atenção ao Sábado 

    Acho que sábado é a rosa da semana; sábado de tarde a casa é feita de cortinas ao vento, e alguém despeja um balde de água no terraço; sábado ao vento é a rosa da semana; sábado de manhã, a abelha no quintal, e o vento: uma picada, o rosto inchado, sangue e mel, aguilhão em mim perdido: outras abelhas farejarão e no outro sábado de manhã vou ver se o quintal vai estar cheio de abelhas.
    No sábado é que as formigas subiam pela pedra.
    Foi num sábado que vi um homem sentado na sombra da calçada comendo de uma cuia de carne-seca e pirão; nós já tínhamos tomado banho.
    De tarde a campainha inaugurava ao vento a matinê de cinema: ao vento sábado era a rosa de nossa semana.
    Se chovia só eu sabia que era sábado; uma rosa molhada, não é?
    No Rio de Janeiro, quando se pensa que a semana vai morrer, com grande esforço metálico a semana se abre em rosa: o carro freia de súbito e, antes do vento espantado poder recomeçar, vejo que é sábado de tarde.
    Tem sido sábado, mas já não me perguntam mais.
    Mas já peguei as minhas coisas e fui para domingo de manhã.
    Domingo de manhã também é a rosa da semana.
    Não é propriamente rosa que eu quero dizer.
LISPECTOR, Clarice. Para não Esquecer. São Paulo: Editora Siciliano, 1992. 
Levando em consideração a passagem “e alguém despeja um balde de água no terraço” e suas possíveis reescrituras a seguir, é correto dizer que:

I. DESPEJAM UM BALDE DE ÁGUA NO TERRAÇO.

II. DESPEJA-SE UM BALDE DE ÁGUA NO TERRAÇO.
Alternativas

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Analisando a questão:

Esta questão exige que o aluno reconheça tipos de sujeito e voz verbal. Vamos explorar esses conceitos para entender melhor o enunciado.

Resumindo a teoria:

1. Sujeito indeterminado: Quando não se quer ou não se pode identificar o sujeito da ação. Normalmente, usa-se a forma "verbo + se" ou o verbo na terceira pessoa do plural sem agente claro. Exemplo: "Dizem que vai chover."

2. Voz passiva: A ação é sofrida pelo sujeito, e o agente pode ou não ser mencionado. A estrutura "verbo + se" também pode indicar voz passiva sintética, quando o sujeito é paciente. Exemplo: "Vendia-se pão."

Justificando a alternativa correta (A):

  • I. DESPEJAM UM BALDE DE ÁGUA NO TERRAÇO: Aqui, temos uma construção de sujeito indeterminado. O verbo está na terceira pessoa do plural e não especifica quem realiza a ação.
  • II. DESPEJA-SE UM BALDE DE ÁGUA NO TERRAÇO: Esta é uma voz passiva sintética. O "se" indica que o balde de água é o sujeito paciente da ação de ser despejado.

Analisando as alternativas incorretas:

  • B: Indica que I é uma oração sem sujeito e II com sujeito indeterminado. Isto está incorreto, pois a oração I tem sujeito indeterminado e II está na voz passiva.
  • C: Afirma que ambas têm sujeito indeterminado. Errado, pois apenas a primeira tem sujeito indeterminado.
  • D: Afirma que II tem sujeito reflexivo. Isso é inadequado, pois não há ação reflexiva envolvida.
  • E: Indica que ambas são com sujeito oculto. Errado, pois nenhuma das construções possui sujeito oculto.

Espero que esta explicação tenha ajudado você a entender melhor a questão e os conceitos envolvidos. Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!

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Comentários

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Gabrito A.

Indeterminado - Este tipo de sujeito é interessante, pois se assemelha ao oculto. Só que, apesar de o verbo indicar que houve uma ação praticada por alguém, a identidade do sujeito é indeterminada. Indetermina-se o sujeito normalmente por três motivos: 1) por não se saber sua identidade, 2) por querer torná-lo desconhecido ou 3) por generalização. Existem três construções com sujeito indeterminado na língua culta.
1) Verbo na 3a pessoa do plural sem sujeito explícito.
– Criticaram-nos na reunião de ontem. (Alguém criticou, mas quem?)
– Normalmente falam pelas costas por ser mais conveniente. (Alguém fala, mas quem?)
– Esconderam minha bolsa. (Alguém escondeu, mas quem?)

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Agente da Passiva
O agente da passiva é o complemento de um verbo na voz passiva analítica; sempre precedido da preposição por (ou de, mais raramente).
Lembre-se de que o nome dado ao termo diz muita coisa, portanto um agente da passiva é um termo que age, ou seja, é um termo que pratica uma ação, só que na voz passiva. Tanto isso é verdade que, quando se passa o agente da passiva para a voz ativa, ele vira um sujeito agente. Safo?
Lembrando que a voz passiva se forma essencialmente por estes verbos auxiliares: ser (nas passivas de ação); estar, viver e andar (nas passivas de estado); ficar (nas passivas de mudança de estado). Veja só:
– O gramático ficou rodeado de admiradores.
– Os governantes serão repreendidos pelo povo.
– O livro vai ser cuidadosamente revisado por quem?
– Era conhecida dos dois professores.
– Tínhamos sido surpreendidos pelo brilhante azul do mar.
– Eles estavam dominados por quem os coordenava.
Como se vê, seu núcleo pode ser representado por substantivo, pronome, numeral, palavra substantivada ou oração.
Cuidado!!!
1) Por inferência, notamos que há agente da passiva simples, composto, oculto (só contextualmente) e oracional. Basta ficarmos de olho no(s) núcleo(s). Essas nomenclaturas não caem em prova. Meu objetivo é apenas ilustrar um fato linguístico.
– Fui mordido pelo cão. (simples: um núcleo)

 

Pestana (2012)

GABARITO A

 

NA 1 ...QUEM DESPEJA ?? NÃO SE SABE

NA 2... UM BALDE DE ÁGUA É DESPEJADO...

I - Suj. Indeterminado: Sujeito na 3 pessoa do plural.

II - Voz passiva sintética - Pronome apassivador = VTD+SE.

Oss PMSC

I - Sujeito desinencial - elíptico pela conjugação verbal.

II - Voz passiva Sintética

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