“A natureza, concordava um observador na década de 1820, e...
THOMAS, Keith. O homem e o mundo natural: mudanças de atitude em relação às plantas e aos animais (1500-1800). Trad. João Roberto M. Filho. São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 126.
O excerto acima, de autoria de Keith Thomas em O homem e o mundo natural, acusa uma fundamental ruptura entre os séculos XVII e XVIII no que diz respeito à relação entre seres humanos e natureza. Sobre essa ruptura, analise as afirmativas abaixo.
I. Ao contrário daquilo que se fazia antes, os naturalistas começaram a estudar a natureza em si mesma, ao invés de percebê-la a partir de suas analogias e semelhanças com os seres humanos.
II. Ainda que essa nova abordagem se pretendesse objetiva, a convicção de que animais e vegetais tinham algum sentido religioso ou simbólico, permaneceu nas mentalidades dos camponeses da Era Vitoriana e dos intelectuais da época.
III. O fato de a investigação sobre a natureza ser conduzida a partir do axioma de que plantas e animais devem ser estudados enquanto tais, volta-se, de certo modo, à separação da sociedade humana e da natureza, defendida inicialmente pelos atomistas gregos Leucipo e Demócrito.
Assinale a alternativa correta.
O gabarito oficial mudou para a D (II e III apenas)
Alternativa correta: D - II e III apenas
Vamos entender por que essa alternativa está correta e analisar cada afirmativa detalhadamente.
I. Ao contrário daquilo que se fazia antes, os naturalistas começaram a estudar a natureza em si mesma, ao invés de percebê-la a partir de suas analogias e semelhanças com os seres humanos.
A afirmativa I aborda a mudança de perspectiva dos naturalistas entre os séculos XVII e XVIII. Antes, a natureza era frequentemente compreendida através de analogias e semelhanças com os seres humanos. Com o tempo, houve um movimento de estudar a natureza por si só, o que indica uma ruptura nos métodos de estudo. Embora essa afirmativa pareça correta, analisando o contexto do enunciado, observamos que a relação entre a natureza e as analogias humanas não foi completamente abandonada.
II. Ainda que essa nova abordagem se pretendesse objetiva, a convicção de que animais e vegetais tinham algum sentido religioso ou simbólico, permaneceu nas mentalidades dos camponeses da Era Vitoriana e dos intelectuais da época.
A afirmativa II indica que, apesar da tentativa de uma abordagem mais objetiva, a visão simbólica e religiosa da natureza não desapareceu por completo. Esta perspectiva permaneceu presente nas mentalidades dos camponeses e intelectuais da Era Vitoriana. Isso é coerente com o contexto histórico, onde antigos simbolismos e crenças religiosas ainda influenciavam a visão da natureza.
III. O fato de a investigação sobre a natureza ser conduzida a partir do axioma de que plantas e animais devem ser estudados enquanto tais, volta-se, de certo modo, à separação da sociedade humana e da natureza, defendida inicialmente pelos atomistas gregos Leucipo e Demócrito.
A afirmativa III destaca que a separação entre a sociedade humana e a natureza, promovida pela investigação objetiva, tem raízes filosóficas antigas, remontando aos atomistas gregos Leucipo e Demócrito. Essa perspectiva se alinha com a evolução do pensamento científico que busca entender a natureza em seus próprios termos, independente das analogias humanas.
Justificativa da alternativa correta (D):
A alternativa D é correta porque as afirmativas II e III estão consonantes com o contexto apresentado no excerto de Keith Thomas. Ambas destacam aspectos da visão objetiva da natureza e a persistência de elementos simbólicos e religiosos nas mentalidades da época, além da separação conceitual entre a sociedade e a natureza. A afirmativa I está parcialmente correta, mas não explica completamente a continuidade das analogias humanas na percepção da natureza.
Espero que essa explicação tenha esclarecido suas dúvidas! Siga estudando com dedicação, e qualquer dúvida adicional, estarei aqui para ajudar!