Quando deparamo-nos com um quadro de anemia na prática clíni...
Quando deparamo-nos com um quadro de anemia na prática clínica, o médico generalista deve avaliar a sua gravidade, mas principalmente investigar a etiologia. Para o seguinte caso clínico, qual patologia configuraria como melhor hipótese diagnóstica: Homem 30 anos com Hemoglobina de 7g/dL, Hematócrito 21%, RDW 15%, reticulócitos não corrigidos 6,5% Plaquetas 80000, Haptoglobina 20mg/dL (VR 44-215 mg/dL). Presença de esquizócitos.
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A alternativa correta é a letra D - Microangiopatia trombótica.
Para entender a justificativa, é essencial analisar os dados laboratoriais apresentados no caso clínico e correlacioná-los com possíveis diagnósticos.
1. Análise dos Dados Clínicos:
- O paciente apresenta anemia severa (Hemoglobina de 7 g/dL, Hematócrito 21%).
- O RDW (Red Cell Distribution Width) está levemente aumentado, indicando anisocitose, mas não é muito específico.
- Reticulócitos não corrigidos de 6,5% sugerem uma resposta medular adequada à anemia, indicando destruição ou perda de hemácias.
- As plaquetas estão baixas (80000), o que é relevante para o diagnóstico.
- A haptoglobina está reduzida (20 mg/dL), o que sugere hemólise.
- Presença de esquizócitos, que são fragmentos de eritrócitos, sugere dano mecânico às hemácias.
Justificativa da Alternativa Correta - Microangiopatia Trombótica:
A presença de esquizócitos e a plaquetopenia são características marcantes das microangiopatias trombóticas. Essas condições, como a Púrpura Trombocitopênica Trombótica (PTT), são marcadas por hemólise intravascular, que leva à destruição das hemácias, formação de esquizócitos e redução das plaquetas devido ao consumo em microtrombos.
Alternativas Incorretas:
A - Anemia por perda aguda de sangue: Este tipo de anemia geralmente não causa esquizócitos ou baixa haptoglobina. A contagem de plaquetas tende a ser normal, diferentemente do quadro apresentado.
B - Anemia ferropriva: Caracteriza-se por microcitose e hipocromia, o que não é mencionado no caso. Além disso, a resposta reticulocitária seria baixa, e não há esquizócitos neste tipo de anemia.
C - Leucose aguda: Embora possa haver anemia e trombocitopenia, a presença de esquizócitos não é característica. A haptoglobina geralmente não está baixa a menos que haja hemólise associada.
E - Anemia hemolítica auto-imune: Embora a hemólise e a baixa haptoglobina possam ocorrer, a presença de esquizócitos não é típica. Normalmente veríamos esferócitos e testes de Coombs positivo.
Esse tipo de questão exige uma análise cuidadosa dos exames laboratoriais e um entendimento das características específicas de cada diagnóstico diferencial. Dominar esses conceitos é crucial para resolver perguntas desse tipo em exames de concursos.
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Comentários
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O paciente apresenta:
- Anemia grave: Hemoglobina de 7g/dL e hematócrito de 21%.
- Anemia microcítica: RDW (largura de distribuição dos eritrócitos) elevado.
- Reticulocitose: Aumento da produção de glóbulos vermelhos, indicando resposta medular à anemia.
- Trombocitopenia: Plaquetas baixas.
- Haptoglobina baixa: Proteína que se liga à hemoglobina livre, indicando hemólise.
- Esquizócitos: Fragmentos de hemácias, sugerindo hemólise mecânica.
Analisando as alternativas:
- A) Anemia por perda aguda de sangue: A reticulocitose é característica, mas a trombocitopenia e os esquizócitos são menos comuns nesse tipo de anemia.
- B) Anemia ferropriva: A anemia ferropriva é geralmente microcítica e hipocrômica, mas não causa trombocitopenia ou esquizócitos.
- C) Leucose aguda: A leucemia aguda pode causar anemia, mas não é a principal explicação para os achados de hemólise e trombocitopenia.
- D) Microangiopatia trombótica: A presença de esquizócitos, trombocitopenia e anemia hemolítica é altamente sugestiva de microangiopatia trombótica.
- E) Anemia hemolítica auto-imune: A anemia hemolítica auto-imune pode causar hemólise, mas a presença de esquizócitos e trombocitopenia é mais característica de microangiopatia trombótica.
Conclusão:
A alternativa mais provável é a D) Microangiopatia trombótica.
Por quê?
- Esquizócitos: São altamente sugestivos de hemólise mecânica, que ocorre quando as hemácias são fragmentadas ao passar por pequenos vasos sanguíneos obstruídos por coágulos.
- Trombocitopenia: A formação de microtrombos também consome plaquetas, levando à trombocitopenia.
- Anemia hemolítica: A hemólise explica a anemia e a baixa haptoglobina.
Outras causas de microangiopatia trombótica:
- Síndrome hemolítico-urêmica (SHU): Causada por infecções, principalmente por Escherichia coli produtora de toxina Shiga.
- Púrpura trombocitopênica trombótica (PTT): Associada à deficiência de ADAMTS13.
- Coagulação intravascular disseminada (CIVD): Pode ocorrer em diversas condições, como sepse, trauma e câncer.
Diagnóstico diferencial:
É importante diferenciar a microangiopatia trombótica de outras causas de anemia hemolítica, como a anemia hemolítica auto-imune e a deficiência de G6PD.
Investigações complementares:
- Estudos da coagulação: Para avaliar a função plaquetária e a presença de coagulação intravascular disseminada.
- Exames de urina: Para verificar a presença de hematúria (sangue na urina), que é comum na SHU.
- Biópsia renal: Em alguns casos, pode ser necessária para confirmar o diagnóstico.
Tratamento:
O tratamento da microangiopatia trombótica depende da causa subjacente e da gravidade da doença. As opções terapêuticas incluem plasmaférese, corticosteroides e imunossupressores.
Em resumo:
O caso clínico apresentado é altamente sugestivo de microangiopatia trombótica. A presença de esquizócitos, trombocitopenia e anemia hemolítica são achados característicos dessa condição.
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