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Q2045198 Português
Passagem pela adolescência

“Filho criado, trabalho redobrado.” Esse conhecido ditado popular ganha sentido quando chega à adolescência. Nessa fase, o filho já não precisa dos cuidados que os pais dedicam à criança, tão dependente. Mas, por outro lado, o que ele ganha de liberdade para viver a própria vida resulta em diversas e sérias preocupações aos pais. [...] Se a vida com os filhos adolescentes, que alguns teimam em considerar um fato aborrecedor, é complexa e delicada, a vida deles também o é. Na verdade, o fenômeno da adolescência, principalmente no mundo contemporâneo, é bem mais complicado de ser vivido pelos próprios jovens do que por seus pais. Vejamos dois motivos importantes.
Em primeiro lugar, deixar de ser criança é se defrontar com inúmeros problemas da vida que, antes, pareciam não existir: eles permaneciam camuflados ou ignorados porque eram da responsabilidade só dos pais. Hoje, esse quadro é mais agudo ainda, já que muitos pais escolheram tutelar integralmente a vida dos filhos por muito mais tempo. Quando o filho, ainda na infância, enfrenta dissabores na convivência com colegas ou pena para construir relações na escola, quando se afasta das dificuldades que surgem na vida escolar – sua primeira e exclusiva responsabilidade –, quando se envolve em conflitos, comete erros, não dá conta do recado etc., os pais logo se colocam em cena. Dessa forma, poupam o filho de enfrentar seus problemas no presente, é claro, mas também passam a ideia de que eles não existem por muito mais tempo. É bom lembrar que a escola – no ciclo fundamental – deveria ser a primeira grande batalha da vida que o filho teria de enfrentar sozinho, apenas com seus recursos, como experiência de aprender a se conhecer, a viver em comunidade e a usar seu potencial com disciplina para dar conta de dar os passos com suas próprias pernas.
Em segundo lugar, o contexto sociocultural globalizado atual, com ideais como consumo, felicidade e juventude eterna, por exemplo, compromete de largada o processo de amadurecimento típico da adolescência, que exige certa dose de solidão para a estruturação de tantas vivências e, principalmente, interlocução. E com quem os adolescentes contam para conversar? Eles precisam, nessa época de passagem para a vida adulta, de pessoas dispostas a assumir o lugar da maturidade e da experiência com olhar crítico sobre as questões existenciais e da vida em sociedade para estabelecer com eles um diálogo interrogador. Várias pesquisas já mostraram que os jovens dão grande valor aos pais e aos professores em suas vidas. Entretanto, parece que estamos muito mais comprometidos com a juventude do que eles mesmos. Quem leva a sério questões importantes para eles em temas como política, sexualidade, drogas, ética, depressão e suicídio, vida em família, vida escolar, violência, relações amorosas e fidelidade, racismo, trabalho etc.? Quando digo levar a sério 8 Caderno de Questões – Advogado - 14/05/2017 me refiro a considerar o que eles dizem e dialogar com propriedade, e não com moralismo ou com excesso de jovialidade. E, desse mal, padecem muitos pais e professores que com eles convivem. Os adolescentes não conseguem desfrutar da solidão necessária nessa época da vida, mas parece que se encontram sozinhos na aventura de aprender a se tornarem adultos. Bem que merecem nossa companhia, não?

Sayão, Rosely. Passagem pela adolescência. Folha de S.Paulo, 21 fev. 2008. Caderno Equilíbrio, p. 12. 
Observe o fragmento retirado do texto: “Hoje, esse quadro é mais agudo ainda, já que muitos pais escolheram tutelar integralmente a vida dos filhos por muito mais tempo.”, a palavra em destaque exerce função de:
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Gabarito comentado

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A alternativa correta é a D - advérbio.

Vamos analisar o papel de cada alternativa para compreendermos bem o porquê da escolha correta:

Alternativa A - Substantivo: Substantivos são palavras que nomeiam seres, objetos, sentimentos, lugares, entre outros. Exemplos são "casa", "amor", "cidade". No entanto, a palavra "hoje" não se encaixa nessa classificação, pois não nomeia nenhum desses elementos.

Alternativa B - Adjetivo: Adjetivos são palavras que qualificam ou caracterizam os substantivos, como "grande", "bonito", "inteligente". A palavra "hoje" não possui essa função de qualificação ou caracterização de substantivos, logo, não é um adjetivo.

Alternativa C - Conjunção: Conjunções são palavras que conectam orações ou termos de uma oração, como "e", "mas", "porque". A palavra "hoje" não conecta orações ou termos, então não pode ser uma conjunção.

Alternativa D - Advérbio: Advérbios são palavras que modificam verbos, adjetivos ou outros advérbios, indicando circunstâncias de tempo, lugar, modo, etc. No caso, "hoje" é um advérbio de tempo, pois indica o tempo em que a ação ocorre. A frase "Hoje, esse quadro é mais agudo ainda" demonstra claramente essa função, pois "hoje" estabelece o tempo da ação.

Portanto, a palavra "hoje" exerce a função de advérbio de tempo, indicando quando a ação ocorre.

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Comentários

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Advérbio: palavra invariável que funciona como um modificador de um verbo ( dormir pouco), um adjetivo ( muito bom ), um outro advérbio ( deveras astuciosamente ), uma frase ( felizmente ele chegou ), exprimindo circunstância de tempo, modo, lugar, qualidade, causa, intensidade, oposição, afirmação, negação, dúvida, aprovação etc.

Advérbio de tempo: Hoje, já, afinal, logo, agora, amanhã, amiúde, antes, ontem, tarde, breve, cedo, depois, enfim, ainda, jamais, nunca, sempre, doravante, outrora, primeiramente, imediatamente, antigamente, provisoriamente, sucessivamente, constantemente, entrementes.

HOJE = advérbio de tempo

gab D

D

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