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Q879583 Português

Texto 1 - O egoísmo por detrás do eu lírico

                                                     Natália Cola de Paula


    É sabido que a arte da escrita tem a virtude de criar, eternizar, denunciar e embelezar a vida. Ademais, é clichê dizer o quanto ela transmite conhecimento, histórias, momentos e sentimentos, fazendo-nos viajar sem sair do aconchego de nossas casas. Enfim, a escrita tem todas essas funções e características, mas é sob outro prisma que será abordada neste artigo. “A priori”, vamos analisar a escrita como instrumento de comunicação, com a existência de dois polos: o do emissor da mensagem, que é o escritor, e o do receptor, nosso caro leitor. Muito fala-se dos desdobramentos e reflexos dessa mensagem no leitor, aquele que a recebe, interpreta e extrai dela o que lhe aprouver. Porém, pouco se menciona a respeito dos reflexos que essa mensagem exerce sobre o autor, sobre o próprio escritor. É olhando através desse prisma que analisaremos a escrita.

    Primeiramente, o poeta ou o escritor tem seu lado altruísta, quer sim ser lido, deseja alcançar um elevado número de leitores, sonha que seu texto inspire e mude a vida de alguém, ou apenas que lhe abra um leve sorriso e aquiete o coração. Mas o que poucos sabem é que o poeta é também egoísta, ele escreve, em primeiro lugar, para si, para sanar suas necessidades. Como assim? Quais necessidades são essas? Muito simples, necessidade de expressar-se, de desabafo, de descargo emocional, de fuga do mundo externo, de abrigo na arte. Antes de mais nada, os autores são seres humanos, não estão isentos dos problemas cotidianos, das dores, das tristezas e nem do amor. Logo, eles buscam na escrita alento, ou usam-na como crítica social, denunciadora do que veem e sentem. De todo modo, os autores, como seres humanos, pais, filhos, alunos, cidadãos, apaixonados e profissionais que são, precisam da escrita mais, talvez, do que ela precisa deles para existir. É esse o ponto essencial de tal artigo, fazê-los compreender que a escrita é a vida pulsando no escritor, sem ela, ele simplesmente não vive, pois não se expressa.

(...)

    Há uma bela reflexão feita por Clarisse Lispector que exprime exatamente o caráter egoístico, mas nem por isso desnobrecedor, do eu lírico dos autores. “Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém, provavelmente a minha própria vida” (Clarisse Lispector - Um sopro de vida). Certamente, os autores escrevem para salvarem-se de si mesmos e das pressões do mundo, escrevem para se entenderem; organizam pensamentos, opiniões, críticas e amores que estão lhe atormentando o juízo, cuja transposição para o papel parece ser seu álibi. Dessa forma, o autor é tão dependente da escrita quanto ela desse. O eu lírico do poeta, por exemplo, necessita da poesia para sobreviver, não apenas a faz por hobby ou prazer, a faz porque ela o mantém vivo, e sem ela, o poeta, nada mais é do que um mero mortal sem identidade. Fazendo uma analogia, a poesia está para o poeta como a lágrima está para aquele que sofre. Ambas têm o poder de afagar o coração, propiciar aquela sensação de alívio e descarregar um peso que cansava a alma. O choro não é sinônimo de tristeza, mas sim de liberdade, assim como a poesia, que liberta o poeta de suas próprias amarras, trazendo-o à luz de fora da caverna. Portanto, a poesia é para o poeta e o texto é para o escritor, pura liberdade, pura identidade, pura vida transposta em palavras.


Fonte: adaptado de <http://obviousmag.org/realidades_sonhos/2017/o-egoismo-por-detras-do-eu-lirico.html>. Acesso em: 10 jan. 2018. 


Em relação à função dos vocábulos no texto, assinale a alternativa correta.
Alternativas

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Alternativa Correta: A

Vamos entender juntos por que a alternativa A está correta e as outras não.

A - O vocábulo destacado em “É olhando através desse prisma que analisaremos a escrita.” é uma das formas do verbo “analisar” que, nessa construção, está conjugado na primeira pessoa do plural, no tempo futuro do presente, expressando uma ação que ainda vai acontecer.

De fato, "analisaremos" é a forma do verbo "analisar" conjugada na primeira pessoa do plural (nós) no tempo futuro do presente. Esse tempo verbal indica uma ação que ainda acontecerá. Portanto, esta alternativa é correta.

B - O vocábulo destacado em “(...) o poeta ou o escritor tem seu lado altruísta (...)” é um advérbio que, nessa construção está sendo usado para caracterizar um dos lados do poeta.

O vocábulo "altruísta" é, na verdade, um adjetivo e não um advérbio. Adjetivos são usados para caracterizar substantivos, enquanto advérbios são usados para modificar verbos, adjetivos ou outros advérbios. Portanto, esta alternativa está incorreta.

C - O vocábulo destacado em “[o poeta] sonha que seu texto inspire e mude a vida de alguém (...)” é um pronome relativo que, nessa construção, tem, junto com a preposição “de”, função de complemento nominal.

"Alguém" é um pronome indefinido, não um pronome relativo. Pronomes indefinidos referem-se a seres de forma vaga, enquanto pronomes relativos introduzem orações subordinadas adjetivas. Portanto, esta alternativa também está incorreta.

D - O vocábulo destacado em “Fazendo uma analogia, a poesia está para o poeta como a lágrima está para aquele que sofre.” é um substantivo feminino que, nessa construção, tem função de adjetivo, caracterizando uma atitude do poeta.

"Lágrima" é um substantivo feminino, mas nesta construção, continua sendo um substantivo e não assume função de adjetivo. Substantivos nomeiam seres, objetos, sentimentos, enquanto adjetivos qualificam substantivos. Portanto, esta alternativa está incorreta.

E - O vocábulo destacado em “Portanto, a poesia é para o poeta e o texto é para o escritor, pura liberdade (...)” é um substantivo feminino que, nessa construção, junto ao adjetivo “pura”, tem função de objeto direto.

"Liberdade" é um substantivo feminino e "pura" é um adjetivo que o qualifica. No entanto, nesta construção, "liberdade" não exerce a função de objeto direto, mas sim de predicativo do sujeito, que é "a poesia" e "o texto". Portanto, esta alternativa está incorreta.

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Comentários

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GABARITO A

 

Futuro do Presente do indicativo:

eu analisarei  tu analisarás ele analisará nós analisaremos!

b) Altruísta é adjetivo

 

c) Alguém é pronome indefinido

 

d) Parece-me que lágrima está exercendo função de sujeito

 

e) Pura liberdade é predicativo do sujeito. "Portanto, a poesia (sujeito) é (verbo de ligação) ... pura liberdade".

A poesia está para o poeta (oração 1)

como a lágrima está para aquele que sofre (oração 2)

Morfologicamente lágrima é substântivo indicado também pela existência do artigo "a" e sintaticamente é sujeito da segunda oração

futuro do presente

hoje eu analisei

hoje tu analisàs

hoje ele/ela analisá

hoje nós analisaremos

hoje vós analisareis

hoje eu analisarão

nós 1 pessoa do plural

vós 2 pessoa do plural

nós analisaremos.

analisaremos - futuro

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