Uma comunidade cujos princípios e normas mudassem a cada dia...
Dialética da mudança
Certamente porque não é fácil compreender certas questões, as pessoas tendem a aceitar algumas afirmações como verdades indiscutíveis e até mesmo a irritar-se quando alguém insiste em discuti-las. É natural que isso aconteça, quando mais não seja porque as certezas nos dão segurança e tranquilidade. Pô-las em questão equivale a tirar o chão de sob nossos pés.
No passado distante, quando os valores religiosos se impunham à quase totalidade das pessoas, poucos eram os que os questionavam, mesmo porque, dependendo da ocasião, pagavam com a vida seu inconformismo. Com o desenvolvimento do pensamento objetivo e da ciência, aquelas certezas inquestionáveis passaram a segundo plano, dando lugar a um novo modo de lidar com elas e com os valores. Questioná-los, reavaliá-los, negá-los, propor mudanças às vezes radicais tornouse frequente e inevitável, dando-se início a uma nova época da sociedade humana. Introduziu-se o conceito não só de evolução como o de revolução.
Naturalmente, essas mudanças não se deram do dia para a noite, nem tampouco se impuseram à maioria da sociedade. O que ocorreu foi um processo difícil e conflituado em que, pouco a pouco, a visão inovadora veio ganhando terreno e, mais do que isso, conquistando posições estratégicas, o que tornou possível influir na formação de novas gerações, menos resistentes a visões questionadoras.
A certa altura desse processo, os defensores das mudanças acreditavam-se senhores de novas verdades, mais consistentes porque eram fundadas no conhecimento objetivo das leis que governam o mundo material e social. Em outras palavras, bastaria apresentar-se como inovador para estar certo. Será isso verdade? Os fatos demonstram que tanto pode ser sim como não.
Mas também pode estar errado quem defende os valores consagrados e aceitos. Só que, em muitos casos, não há alternativa senão defendê-los. E sabem por quê? Pela simples razão de que toda sociedade é, por definição, conservadora, uma vez que, sem princípios e valores estabelecidos, seria impossível o convívio social. Uma comunidade cujos princípios e normas mudassem a cada dia seria caótica e, por isso mesmo, inviável.
(Transcrição de trechos do artigo de Ferreira Gullar. Folha de S. Paulo, E10 Ilustrada, 6 de maio de 2012)
Uma comunidade cujos princípios e normas mudassem a cada dia seria caótica e, por isso mesmo, inviável.
O pronome grifado acima estaria corretamente empregado na lacuna da frase:
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Comentários
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CUJO é pronome relativo que só pode ser utilizado quando há ideia de posse.
Pronome Relativo - CUJO
Vêm entre 2 substantivos
Indicam posse
Concordam com o consequente, mas retoma termo antecedente
Não admitem artigo depois
Não admite duplicação de posse (seu, dele, do...)
A) Significativas mudanças nas áreas econômica e política, (sobre) cujos resultados se debruçaram muitos especialistas, consolidaram regimes democráticos em todo o mundo.
B) GABARITO
C) A vida em uma sociedade organizada, (de) cujos valores todos se beneficiam, possibilita avanços consideráveis em todas as áreas do conhecimento.
D) A cidadania envolve a responsabilidade no respeito à ordem social (a) cujos preceitos todos, sem exceção, estão sujeitos.
E) As normas vigentes em uma sociedade organizada, (de) cujos conteúdos todos devem estar cientes, garantem paz e tranquilidade aos cidadãos.
Uma dica... para vir entre dois substantivos, precisa estar na mesma oração, logo, as frases que tem virgula (A C e E) não poderiam ser as corretas.
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