Assinale a alternativa em que o uso da crase obedece à mesma...
Argumentos falaciosos - Pequeno compêndio
para evitar a compra de gato por lebre
Fredric M. Litto
Todo mundo sabe o que é uma mentira. Feita de uma pessoa para outra, ou para muitas outras, é uma afirmação cujos fatos enunciados não correspondem à verdade. Mentiras são maneiras de evitar uma possível punição ou de encobrir uma situação ridícula; pode ser também uma estratégia para não comprometer outras pessoas injustamente. Afinal, ninguém gosta de ser, ou merece ser, vítima de mentiras no que elas têm de condenável porque escondem a verdade. (...) A vítima de uma mentira sempre está em desvantagem porque não sabe a verdade, não tem a informação correta para tomar uma decisão acertada, podendo ainda se sentir em dúvida, num ceticismo perturbador, até que a verdade se imponha. A vítima de uma mentira age sob a influência de um ardil verbal. Acredita naquilo que supõe ser verdadeiro quando não o é.
Podemos ser vitimados também por um outro tipo de desvio de pensamento, que é tão perigoso e enganador quanto a mentira: a falácia. Enquanto a mentira é uma informação falsa, uma falácia é um argumento falso, ou uma falha num argumento, ou ainda, um argumento mal direcionado ou conduzido. A origem da palavra “falaz” remete à ideia do deceptivo, do fraudulento, do ardiloso, do enganador, do quimérico. Para entender bem isso, é preciso lembrar que quando pessoas esclarecidas tentam convencer outras também esclarecidas a acreditar em suas afirmações, precisam usar argumentos, isto é, exemplos, evidências ou casos ilustrativos que confirmem a veracidade do enunciado. Como se vê, estamos falando de discursos, de enunciados, de declarações feitas com o fim de persuadir, levando alguém ou um grupo a acreditar numa coisa ou outra. (...) A diferença entre uma pessoa esclarecida e uma não esclarecida é a maneira como ambas lidam com discursos: a primeira tem critérios para aceitar ou rejeitar argumentos; a segunda ainda não aprendeu os critérios para distinguir argumentos que carecem de fundamentação.
Note bem: não confunda mentiras com falácias. Mentiras são desvios ou erros propositais sobre fatos reais; falácias, por outro lado, são discursos, ou tentativas de persuadir o ouvinte ou leitor; promovendo um engano ou desvio, porque suas estruturas de apresentação de informação não respeitam uma lógica correta ou honesta, pois foram manipuladas certas evidências ou há insuficiência de prova concreta e convincente. Uma afirmação falaciosa pode ser composta de fatos verdadeiros, mas sua forma de apresentação conduz a conclusões erradas. Toda pessoa esclarecida, instada a elaborar argumentos, por força do trabalho que executa ou de situações cotidianas, deve reconhecer nos próprios argumentos o uso proposital do raciocínio falacioso (intenção de ludibriar) e a imperícia de raciocínio (lógica acidentalmente comprometida). (...) Uma vez sabendo identificar falácias, você vai começar a vê-las por todo lado. Nos discursos de candidatos a cargos políticos, nas notícias de jornal (tanto impresso quanto televisivo), nas reuniões de condomínio, nas frases de vendedores (de imóveis, de carros e planos de saúde, de cartões de crédito). Há quem cometa falácias sem malícia, meramente como resultado de raciocínio apressado ou ingênuo. Mas é mais frequente encontrar falácias em argumentos de pessoas ou instituições que querem enganar o ouvinte, querem convencê-lo a concordar com o enunciado.
Assim, uma falácia não é apenas um erro; é um erro de um certo tipo, que resulta do raciocínio impróprio ou fraudulento. A falácia tem todo o aspecto de um argumento correto e válido, embora não o seja. Esse é seu grande perigo: parece correto, mas não é, além do que, leva a outros erros de pensamento, como conclusões erradas. (...)
Texto acessado em 12/02/2019 e adaptado de
https://educacao.estadao.com.br/blogs/rolando-narede/tecnologia-ensinando-pensamento-critico/
Comentários
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No texto, o fenômeno crásico ocorre em virtude da regência verbal dos verbos.
a) Crase justificada por haver expressão subentendida "à [moda] francesa";
b) Crase justificada por haver uma locução adverbial;
c) Crase justificada por haver marcação de hora;
d) Crase justificada por haver uma locução conjuntiva proporcional;
e) Crase justificada por haver um verbo que demanda a marcação do fenômeno.
Letra E
GABARITO: LETRA E
→ trechos do texto: correspondem à verdade; remete à ideia (temos a crase justificada devido a regência de um verbo e o artigo definido que acompanha o substantivo), é o que procuramos:
A) Prefiro comida à francesa. → EXPRESSÃO "à MODA DE" SUBENTENDIDA, A MODA COMO OS FRANCESES FAZEM A COMIDA.
B) O pagamento foi feito à vista. → LOCUÇÃO ADVERBIAL DE MODO COM NÚCLEO FEMININO.
C) Ele está no aeroporto desde às 16h. → crase marcando a hora.
D) À medida que envelhecemos, ficamos mais fortes. → LOCUÇÃO CONJUNTIVA PROPORCIONAL COM NÚCLEO FEMININO.
E) Esse valor equivale à perda de energia e calor. → nossa resposta, temos a regência verbal (exigindo a preposição) + artigo definido que acompanha o substantivo "perda".
FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☺
c) Ele está no aeroporto desde às 16h.
NÃO usa crase com as preposições: para, desde, entre, após + HORAS.
Ex: A reunião foi marcada para as 11 horas.
Espero o ônibus desde as 14 horas.
Acordo entre as 6 horas e as 7 horas.
Não atendemos após as 18 horas.
Crase facultativa com a preposição até:
Ex: Acompanhe-o até a porta ou Acompanhe-o até à porta.
A palestra vai até as cinco horas da tarde. ou A palestra vai até às cinco horas da tarde.
Qualquer erro, avisem :)
RESUMO
>> A CRASE SE REFERE A UM FEMININO SUBSTANTIVO.
>>> A CRASE É PROÍBIDA ANTES DE 5 PRONOMES ( PESSOAIS,DEMONSTRATIVOS,INDEFINIDO,DE TRATAMENTO E RELATIVOS )
>>> ATENÇÃO > EXCEÇÃO É O PRONOME RELATIVO, MAS A REGENCIA VAI MOSTRAR SE TEM CRASE >> ( À QUAL, ÀS QUAIS , À QUE )
>>> QUANDO A REGENCIA É TRANSITIVA DIRETA NÃO TEM CRASE , PORQUE DENTRO DA CRASE TEM ARTIGO + PREPOSIÇÃO
Nunca ocorre crase:
1) Antes de masculino.
Caminhava a passo lento.
2) Antes de verbo.
Estou disposto a falar.
3) Antes de pronomes em geral.
Eu me referi a esta menina.
Eu falei a ela.
4) Antes de pronomes de tratamento.
Dirijo-me a Vossa Senhoria.
5) Com as expressões formadas de palavras repetidas. HA EXCEÇÕES
Venceu de ponta a ponta.
6) Quando um a (sem o s de plural) vem antes de um nome plural.
Falei a pessoas estranhas.
7) (Não ocorre crase antes de ARTIGO INDEFINIDO )
>>> CRASE FACULTATIVA
Antes de nomes próprios de pessoas femininos e antes de pronomes possessivos femininos, pode ou não ocorrer a crase.
>>ANTES DA PREPOSIÇÃO ATE À OU ATE A
>> ATES DE : SUA,TUA,NOSSA,MINHA,NOSSA,VOSSA ( PRONOMES POSSISSIVOS FEMININOS )
___
>> QUANDO MOSTRAR A HORA EXATA TEM QUE USAR CRASE ( OBRIGATÓRIA )
> EXEMPLO : CHEGAREI ÀS TRÊS HORAS ( HORAS MOSTRADAS
DIFERENTE CUIDADO
>> SAIREI DAQUI A UMA HORA ( AQUI A HORAS NÃO É EXATA E NÃO USA CRASE )
RESUMO >> DIANTE DE HORAS EXATAS A CRASE É OBRIGATÓRIO
DIANTE DE HORAS APROXIMADA A CRASE É PROIBIDA
>>>>>>>> ATENÇÃO
>> É preciso estar atento às LOCUÇÕES ADVERBIAIS, PREPOSITIVAS E CONJUNTIVAS formadas com uma palavra feminina. Nesses casos, é crase na certa!
>>> Entre as ADVERBIAIS estão, por exemplo, "à vontade", "às claras", "à míngua", "à direita", "à esquerda", "à tarde", "à noite", "à mão", "à mão armada", "à beça", "à vista" etc.
>>> Entre as PREPOSITIVAS estão, por exemplo, "à custa de", "à espera de", "à altura de", "à beira de", "à espreita de", "à frente de", "à base de", "à moda de" etc. As locuções conjuntivas são expressões como "à medida que" ou "à proporção que".
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