De acordo com o TEXTO I, é correto afirmar que
O homem frequentou os Alcoólicos Anônimos. Deu certo, mas, depois de um tempo, houve uma recaída brutal. Desanimado, mas não menos decidido, com o consenso de seu grupo do AA o homem se internou numa clínica especializada, onde ficou quase um ano – renunciando a conviver com o filho bebê. Voltou para casa (e para as reuniões do AA), convencido de que nunca deixaria de ser um alcoólatra – apenas poderia se tornar, um dia, um "alcoólatra abstêmio".
Há hábitos que encurtam a vida, comprometem as chances de se relacionar amorosa e sexualmente e, mais geralmente, levam o indivíduo a lidar com um desprezo que ele já não sabe se vem dos outros ou dele mesmo. Se você precisar se desfazer de um desses hábitos, procure encorajamento em qualquer programa que o leve a encontrar outros que vivem o mesmo drama e querem os mesmos resultados. É desses outros que você pode esperar respeito pelo seu esforço – e até elogios (quando merecidos).
Hoje, encontrar esses outros é fácil. Há comunidades on-line de pessoas que querem se livrar do sedentarismo, da obesidade, do fumo, do alcoolismo, da toxicomania etc. Os membros registram e transmitem, todos os dias, os seus fracassos e os seus sucessos. No caso do peso, por exemplo, há uma comunidade cujos integrantes instalam em casa uma balança conectada à internet: o indivíduo se pesa, e os demais sabem imediatamente se ele progrediu ou não.
Parêntese. A balança on-line não funciona pela vergonha que provoca em quem engorda, mas pelos elogios conquistados por quem emagrece. Podemos modificar nossos hábitos por sentirmos que nossos esforços estão sendo reconhecidos e encorajados, mas as punições não têm a mesma eficácia. Ou seja, Skinner e o comportamentalismo têm razão: uma chave da mudança de comportamento, quando ela se revela possível, está no reforço que vem dos outros ("Valeu! Força!"). Já as ideias de Pavlov são menos úteis: os reflexos condicionados existem, mas, em geral, se você estapeia alguém a cada vez que ele come, fuma ou bebe demais, ele não vai parar de comer, fumar ou beber – apenas vai passar a comer, fumar e beber com medo.
Volto ao que me importa: por que, na hora de tentar mudar um hábito, é aconselhável procurar um grupo de companheiros de infortúnio desconhecidos? Por que os nossos próximos, na hora em que um reforço positivo seria bem-vindo, preferem nos encorajar a trair nossas próprias intenções?
Há duas hipóteses. Uma é que eles tenham (ou tivessem) propósitos parecidos com os nossos, mas fracassados; produzindo o nosso malogro, eles encontrariam uma reconfortante explicação pelo seu. Outra, aparentemente mais nobre, diz que é porque eles nos amam e, portanto, querem ser a nossa exceção, ou seja, querem ser aqueles que nós amamos mais do que a nossa própria decisão de mudar. Como disse Voltaire, "que Deus me proteja dos meus amigos. Dos inimigos, cuido eu".
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Para resolver essa questão, precisamos compreender o tema central do texto apresentado: a dificuldade de mudança de hábitos e o papel que os amigos e familiares desempenham nesse processo.
O texto sugere que, na tentativa de mudar um comportamento, podem surgir pessoas próximas que, ao invés de ajudar, acabam atrapalhando, às vezes por não entenderem a seriedade da mudança ou por terem intenções não tão claras.
Vamos analisar as alternativas:
Alternativa A: "Amigos e familiares acompanham nossos esforços em tentar uma mudança de comportamento, não nos deixando sair da linha."
Esta alternativa está incorreta, pois o texto destaca justamente o oposto: que amigos e familiares, muitas vezes, não acompanham os esforços de maneira positiva e podem, na verdade, incentivar a quebra dos novos hábitos.
Alternativa B: "A tentativa de mudança de hábitos é mais fácil ao lado de desconhecidos, já que, algumas vezes, os amigos acabam atrapalhando."
Esta é a alternativa correta. O texto sugere que grupos de apoio formados por desconhecidos podem ser mais eficazes, pois eles compartilham do mesmo objetivo e respeitam os esforços uns dos outros. Assim, os desconhecidos oferecem um reforço positivo que amigos e familiares nem sempre proporcionam.
Alternativa C: "Não há nada demais em sair um pouco da dieta e acompanhar os amigos em uma comemoração."
Esta alternativa está em desacordo com o texto, que mostra como ceder a exceções pode ser prejudicial para quem está tentando mudar um hábito. O relato da mulher oferecendo vinho ao marido em recuperação é um exemplo disso.
Alternativa D: "Sempre os amigos mais próximos nos encorajam a seguir em frente em nossa mudança de comportamento."
Esta alternativa está incorreta, pois o texto discute que, em muitos casos, os amigos não encorajam, mas sim desencorajam inconscientemente, sugerindo exceções ou provocando recaídas.
Para interpretar corretamente questões desse tipo, preste atenção em palavras-chave e no contexto geral do texto. Identifique as intenções dos personagens e os exemplos dados pelo autor para compreender o argumento principal. Isso te ajudará a escolher a alternativa que melhor reflete as ideias apresentadas no texto.
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Comentários
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GAB:B
> a tentativa de mudança de hábitos é mais fácil ao lado de desconhecidos, já que, algumas vezes, os amigos acabam atrapalhando. Certo
''Volto ao que me importa: por que, na hora de tentar mudar um hábito, é aconselhável procurar um grupo de companheiros de infortúnio desconhecidos? Por que os nossos próximos, na hora em que um reforço positivo seria bem-vindo, preferem nos encorajar a trair nossas próprias intenções?''
Equívocos, avisem-me.
GABARITO - B
Trecho que nos guia à resposta :
Volto ao que me importa: por que, na hora de tentar mudar um hábito, é aconselhável procurar um grupo de companheiros de infortúnio desconhecidos? Por que os nossos próximos, na hora em que um reforço positivo seria bem-vindo, preferem nos encorajar a trair nossas próprias intenções?
(...)
Assertiva B
a tentativa de mudança de hábitos é mais fácil ao lado de desconhecidos, já que, algumas vezes, os amigos acabam atrapalhando.
é aconselhável procurar um grupo de companheiros de infortúnio desconhecidos? Por que os nossos próximos, na hora em que um reforço positivo seria bem-vindo, preferem nos encorajar a trair nossas próprias intenções?
O texto serve para ilustrar a vida dos concurseiros.
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