Representam uma causa e seu efeito, nessa ordem, os segmentos:

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Q31181 Português
Assédio eletrônico

Quem já se habituou ao desgosto de receber textos não
solicitados de cem páginas aguardando sua leitura? Ou quem
não se irrita por ser destinatário de mensagens automáticas que
nem lhe dizem respeito? E, mesmo sem aludir a entes mais
sinistros como os hackers e os vírus, como aturar os abusos da
propaganda que vem pelo computador, sob pretexto da
liberdade de acesso à informação?

Entre as vantagens do correio eletrônico - indiscutíveis,
a pergunta que anda percorrendo todas as bocas visa a
apurar se a propagação do e-mail veio ressuscitar a carta. A
esta altura, o e-mail lembra mais o deus dos começos, Janus
Bifronte, a quem era consagrado o mês de janeiro. No templo
de Roma ostentava duas faces, uma voltada para a frente e
outra para trás. A divindade presidia simultaneamente à morte e
ao ressurgimento do ciclo anual, postada na posição
privilegiada de olhar nas duas direções, para o passado e para
o futuro. Analogamente, o e-mail tanto pode estar completando
a obsolescência da carta como pode dar-lhe alento novo.

Sem dúvida, o golpe certeiro na velha prática da
correspondência, de quem algumas pessoas, como eu, andam
com saudades, não foi desferido pelo e-mail nem pelo fax. O
assassino foi o telefone, cuja difusão, no começo do século XX,
quase exterminou a carta, provocando imediatamente enorme
diminuição em sua frequência. A falta foi percebida e muita
gente, à época, lamentou o fato e o registrou por escrito.

Seria conveniente pensar qual é a lacuna que se
interpõe entre a carta e o e-mail. Podem-se relevar três pontos
em que a diferença é mais patente. O primeiro é o suporte, que
passou do papel para o impulso eletrônico. O segundo é a
temporalidade: nada poderia estar mais distante do e-mail do
que a concepção de tempo implicada na escritura e envio de
uma carta. Costumava-se começar por um rascunho; passavase
a limpo, em letra caprichada, e escolhia-se o envelope
elegante - tudo para enfrentar dias, às vezes semanas, de
correio. O terceiro aspecto a ponderar é a tremenda invasão da
privacidade que a Internet propicia. Na pretensa cumplicidade
trazida pelo correio eletrônico, as pessoas dirigem-se a quem
não conhecem a propósito de assuntos sem interesse do infeliz
destinatário.

(Walnice Nogueira Galvão, O tapete afegão)
Representam uma causa e seu efeito, nessa ordem, os segmentos:
Alternativas

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Tema Central: A questão está relacionada à análise de causa e efeito entre elementos apresentados no texto. Isso requer uma compreensão clara das relações lógicas entre eventos ou ideias expressas. Neste caso, o texto aborda o impacto de tecnologias, como o telefone e o e-mail, no hábito da correspondência tradicional, explorando as mudanças nas formas de comunicação.

Alternativa Correta: B - o telefone (...), no começo do século XX // golpe certeiro.

A alternativa B está correta porque representa claramente uma relação de causa e efeito. O texto menciona que o telefone, no começo do século XX, quase exterminou a carta, o que descreve diretamente um golpe certeiro na prática da correspondência. Aqui, o telefone é a causa e o golpe certeiro na correspondência é o efeito.

Análise das Alternativas Incorretas:

A - desgosto de receber // textos não solicitados.
Esta alternativa não representa causa e efeito, mas sim uma relação de atributo e sujeito. O desgosto é causado pelos textos não solicitados, mas a estrutura não reflete diretamente a sequência de causa seguida de efeito.

C - muita gente, à época, lamentou o fato // a falta foi percebida.
Aqui, a estrutura está invertida. A falta percebida (efeito) antecede a lamentação (causa). Portanto, não segue a ordem causa-efeito especificada na questão.

D - costumava-se começar por um rascunho // escolhia-se um envelope elegante.
Esta alternativa descreve uma sequência de ações, mas não uma relação clara de causa e efeito. Não há uma relação de dependência entre começar por um rascunho e a escolha do envelope.

E - a tremenda invasão da privacidade // assuntos sem interesse para o infeliz destinatário.
Embora possa haver uma conexão entre os dois segmentos, a relação de causa e efeito não está explicitamente clara ou direta, como exigido pela questão.

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Comentários

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(A)INCORRETA: não existe a relação de causa e efeito, porque ambas as grandezas são aspectos equivalentes, já que, no texto, há a ideia do desgosto de receber textos não solicitados. (B)CORRETA :o telefone é a causa de a carta ter recebido um golpe certeiro. Assim,apresenta causa e efeito, nesta ordem. (C)INCORRETA: a causa está no fato de a falta da carta ter sido percebida, enquanto o efeito foi o lamento de muita gente. Portanto estão invertidas as posições propostas no enunciado. (D)INCORRETA: existem apenas duas etapas da elaboração da carta, sem caracterizar causa e efeito. (E)INCORRETA: os dois tópicos são constatações do advento do e-mail.

Nossa que questão difícil e extremamente confusa!

Resolvi pensando dessa forma: "O telefone ...no começo do século XX, causou um golpe certeiro (sobre a carta)"

Mata a questão no ato!

é necessário ir ao texto e fazer a leitura

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