O trecho em que se observa a presença de comparação é:
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Ano: 2024
Banca:
VUNESP
Órgão:
Prefeitura de Piracicaba - SP
Provas:
VUNESP - 2024 - Prefeitura de Piracicaba - SP - Contador
|
VUNESP - 2024 - Prefeitura de Piracicaba - SP - Agente Municipal de Fiscalização |
Q3225430
Português
Texto associado
Ninguém deveria ser obrigado a gostar de ler. Que cada
um seja livre para preferir os trabalhos manuais, os esportes
ou o pôquer à leitura e à escrita. Todavia, a apropriação da
cultura escrita é desejável por pelo menos três motivos.
O primeiro é que não estamos mais no tempo em que as
exigências técnicas, requeridas por inúmeras tarefas, eram
transmitidas pela imitação gestual, e não por uma explicitação
verbal. Ser inábil com a escrita é hoje uma pesada desvantagem
em uma grande quantidade de setores. E com a aceleração das
mudanças pelas quais passamos, cada um, ao longo da vida,
será sem dúvida chamado a exercer sucessivamente diversas
profissões. A familiaridade com a escrita é um fator decisivo do
devir social e, antes disso, do destino escolar, que condiciona
em boa parte esse devir. Stéphane Beaud mostrou como a hostilidade diante da leitura, que muitos meninos manifestam, é prejudicial para o seu percurso escolar, e depois universitário. Ele
observa que o bloqueio dos meninos em relação à leitura é uma
questão fundamental, que condiciona não só o seu acesso aos
estudos, mas também a sua relação com a política.
Com efeito, é muito mais difícil ter voz ativa no espaço
público quando se é inábil no uso da cultura escrita, e essa é
a segunda razão pela qual ninguém deveria ser excluído dela.
Ter familiaridade com a leitura, assim como com a escrita, não
é suficiente e não garante nada, mas quem está distante dela
corre todos os riscos de ficar fora do jogo. No momento em
que a visibilidade midiática, os signos exteriores de riqueza, a
cultura técnica ou o desempenho esportivo parecem prevalecer sobre os valores literários, o poder permanece, o que quer
que digam, ligado à escrita. Se o atual presidente da república francesa se exibe muito mais em parques de diversões ou
com cantores populares do que em livrarias, contrariamente a
diversos de seus predecessores, é em uma biblioteca, ante os
livros, que ele posa para a fotografia oficial. E, no cotidiano, ele
se aconselha com homens de letras.
O terceiro motivo é que o recurso à cultura escrita permite não apenas aceder ao campo do saber e da informação,
mas ainda lançar mão das imensas reservas da literatura,
sob todas as suas formas, cuja riqueza é indubitavelmente
sem igual para que o ser humano possa se construir ou se
reconstruir na adversidade. Certamente, não é o único meio
e, em muitos casos, não é um recurso suficiente. Entretanto, somos seres de linguagem e seres de narrativas, e estas
possuem um valor reparador.
(Michèle Petit. A arte de ler ou como resistir à adversidade, 2021. Adaptado)
O trecho em que se observa a presença de comparação é: