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Q1088769 Medicina
Os distúrbios ácido-básicos são frequentes na prática clínica pediátrica, sendo de suma importância o conhecimento e o manejo correto pelo médico intensivista.
Pré escolar, 5 anos, deu entrada no pronto socorro com queixa de rebaixamento do nível de consciência, desidratação grave, respiração de Kusmaull, hálito cetônico, taquicardia e taquipnéia. Glicemia capilar de 400mg/dl e gasometria com pH 7,11; PO2 98 (com 02 em máscara), PCO2 15; Bicarbonato de 7; BE- 19; Na 146; K 3,4. Qual o distúrbio ácido básico desta criança:
Alternativas

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Alternativa Correta: C - Acidose metabólica com ânion Gap Aumentado.

Os distúrbios ácido-básicos são alterações no equilíbrio entre ácidos e bases no organismo, fundamentais para o funcionamento celular adequado. Na pediatria, é crucial reconhecer e tratar corretamente esses distúrbios, especialmente em situações de emergência.

A questão traz um cenário clínico de uma criança com sintomas sugestivos de cetoacidose diabética, como respiração de Kusmaull (um padrão respiratório profundo e laborioso), hálito cetônico e glicemia elevada. A análise de gasometria é essencial para identificar o tipo de distúrbio ácido-básico.

Justificativa para a Alternativa Correta:

A gasometria apresentada mostra um pH de 7,11, indicando uma condição de acidose (pH normal é 7,35-7,45). O bicarbonato (HCO3-) é de 7, o que sugere uma acidose metabólica, pois o bicarbonato é responsável por tamponar os ácidos no sangue.

O PCO2 de 15 mmHg é baixo, indicando que há uma compensação respiratória típica de acidose metabólica, onde o corpo tenta eliminar CO2 para aumentar o pH.

O ânion gap é um cálculo útil para determinar a causa da acidose metabólica. Ele é calculado pela fórmula: [Na+] - ([Cl-] + [HCO3-]). Com Na = 146, Cl- não fornecido, e HCO3- = 7, podemos deduzir que o ânion gap está aumentado, uma vez que a condição clínica se encaixa em uma cetoacidose diabética, onde o ânion gap geralmente está elevado devido à presença de corpos cetônicos.

Análise das Alternativas Incorretas:

A - Alcalose respiratória: Nesta condição, esperaríamos um pH elevado e PCO2 baixo, devido à hiperventilação. Porém, neste caso, o pH é baixo (acidose).

B - Acidose metabólica com ânion Gap reduzido: Seria improvável neste cenário clínico, que indica cetoacidose diabética, uma condição geralmente associada a ânion gap aumentado.

D - Alcalose metabólica: Caracterizada por pH elevado e bicarbonato elevado, o que não corresponde aos achados de pH e bicarbonato baixos da questão.

E - Acidose respiratória: Caracterizada por pH baixo e PCO2 elevado, o que difere do PCO2 baixo da questão, indicando compensação respiratória para acidose metabólica.

Com estas explicações, você agora pode entender por que a alternativa correta é a C - Acidose metabólica com ânion Gap Aumentado. Sempre procure identificar os elementos chave de um distúrbio ácido-básico: pH, PCO2, HCO3- e ânion gap.

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Para resolver essa questão devemos seguir alguns passos.

1° PASSO: DESCOBRIR QUAL DISTÚRBIO ÁCIDO-BÁSICO.

Existem 4 distúbios principais:

  • ACIDOSE METABÓLICA: PH baixo + HCO3 baixo
  • ALCALOSE METABÓLICA: PH alto + HCO3 alto
  • ACIDOSE RESPIRATÓRIA: PH baixo + PCO2 alto
  • ALCALOSE RESPIRATÓRIA: PH alto + PCO2 baixo

Vamos pegar os dados do exercício: pH é 7,11 (normal 7,35 a 7,45), HCO3 é 7 (normal 22 a 26) e PCO2 é 15 (normal 35 a 45). Eu te pergunto... isso é uma acidose ou alcalose? É uma acidose, pois o PH está baixo! Agora a segunda pergunta... isso é metabólico ou respiratório? É metabólico, pois o que explica a a acidose é o HCO3 baixo e não o PCO2 baixo. O PCO2 baixa faz alcalose e, nesse caso, ele age como forma de "tentar compensar" a acidose ou "gerar alcalose" respiratória

2° PASSO: CALCULAR O ANION GAP.

Para descobrir o Anion Gap utilizamos a seguinte fórmula NA - (CL + HCO3). Do Anion gap podemos tirar as seguintes conclusões:

  • ANION GAP AUMENTADO (>12). As pricipais causas são acidose lática, cetoacidose, insuficiencia renal aguda ou intoxicação exógena (metanol, etilenoglicol, salicilato).
  • ANION GAP NORMAL (8 a 12). As principais causas são perda digestiva baixa, acidose tubular renal, insuficiencia renal aguda, intoxicação enxógena (tolueno) ou medicamentos (inibidores da anidrase carbonica ou uso de SF acima de 2L)
  • ANION GAP DIMINUÍDO (<8). As principais causas são erro laboritorial ou gamopatia monoclonal por IGG.

Vamos pegar os dados para o cálculo. Na é 146, Cl NÃO TENHO e HCO3 é 7. Como não temos o cloro não é possível jogar na fórmula. E agora o que fazermos para responder? Devemos ter conhecimento das causas de acidse metabólica. Nesse caso sabemos que se trata de cetoacidose diabética e, portanto, o sensato é pensar em ANION GAP AUMENTADO! Logo, a resposta é a letra C.

Quem quiser estudar mais, estou disponibilizando gratuitamente minhas anotações e flashcards nesse link: https://www.brainscape.com/p/4EQ9O-LH-CMXLS

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