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Q359447 Português
Não vivemos sem monstros

Os monstros fazem parte de todas as mitologias. Os havaianos acreditam em um homem com uma boca de tubarão nas costas. Os aborígines falam de uma criatura com corpo humano, cabeça de cobra e tentáculos de polvo. Entre os gregos, há relatos de gigantes canibais de um olho, do Minotauro, de uma serpente que usa cabeças de cachorros famintos como um cinto.
Não importam as diferenças de tamanho e forma. Os monstros têm uma característica em comum: eles comem pessoas. Expressam nossos medos de sermos destruídos, dilacerados, mastigados, engolidos e defecados. O destino humilhante daqueles que são comidos é expresso em um mito africano a respeito de uma ave gigante que engole um homem e, no dia seguinte, o expele. Além de significar a morte, este tipo de destino final nos diminui, nos tira qualquer ilusão de superioridade em relação aos outros animais.
Para os homens de milhões de anos atrás esta era uma realidade. Familiares, filhos, amigos eram desmembrados e devorados. Passamos muito tempo da nossa história mais como caça do que caçador. Tanto que até hoje estamos fisiologicamente programados para reagir a situações de estresse da mesma forma com que lidávamos com animais maiores – e famintos.
O arquétipo do monstro, tão recorrente em nossa história cultural, expressa e intensifica nosso medo ancestral dos predadores. A partir do momento em que criamos estes seres e os projetamos no reino da mitologia, nos tornamos capazes de lidar melhor com nossos medos. Em sua evolução no plano cultural, os monstros passaram a explicar a origem de outros elementos que nos assustam e colocam nossas vidas em risco, em especial fenômenos naturais como vulcões, furacões e tsunamis.
Mais que isso, esses seres fictícios nos permitiram lidar com a mudança de nossa situação neste planeta. Conforme nos tornamos predadores, passamos a incorporar os monstros como forma de autoafirmação. E, diante do imenso impacto que provocamos nos ecossistemas que tocamos, também de autocrítica. De certa forma, nos tornamos os monstros que temíamos. Isso provoca uma sensação dupla de poder e culpa.
Começamos com os dragões, os primeiros arquétipos de monstros que criamos, e chegamos ao Tubarão, de Steven Spielberg, e ao Alien, de Ridley Scott. Nessas tramas, o ser maligno precisa ser destruído no final, mesmo que para voltar de forma milagrosa no volume seguinte da franquia.
Precisamos dos monstros. Eles nos ajudam há milênios a manter nossa sanidade mental. É por isso que os mitos foram repetidos através dos séculos, alimentaram enredos literários e agora enchem salas de cinema. Não temos motivo nenhum para abrir mão deles.

(Paul A. Trout. Revista Galileu. Março de 2012, nº 248 I. Editora Globo.)
A expressão sublinhada em “Não temos motivo nenhum para abrir mão deles.” (7º§) é um exemplo de linguagem
Alternativas

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Vamos analisar a questão proposta, que envolve a interpretação de um trecho textual. A pergunta busca identificar a linguagem utilizada na expressão "abrir mão deles" no contexto do texto apresentado.

Para isso, precisamos entender o conceito de linguagem conotativa. A linguagem conotativa é aquela que utiliza palavras ou expressões em um sentido figurado, ou seja, que vai além do significado literal. No caso da expressão "abrir mão deles", não se trata literalmente de abrir a mão, mas sim de "desistir" ou "deixar de lado" os monstros, conforme o contexto do texto.

Abaixo, vamos examinar cada uma das alternativas:

A - padrão: Refere-se ao uso formal da língua, respeitando normas gramaticais, sem ambiguidade ou sentido figurado. Não é o caso aqui, pois a expressão é figurativa.

B - regional: Referiria-se a expressões ou vocabulário específicos de uma região. A expressão "abrir mão deles" não é exclusiva de uma região, portanto, não se aplica.

C - pejorativa: Seria uma linguagem que diminui ou menospreza algo ou alguém. Novamente, não é o caso da expressão analisada.

D - conotativa: Correta! A expressão é utilizada de forma figurada, fugindo do sentido literal, e é justamente isso que caracteriza a linguagem conotativa.

E - denotativa: Refere-se ao sentido literal das palavras, sem nuances figurativas. A expressão "abrir mão deles" não é literal, logo, essa alternativa está incorreta.

Portanto, a alternativa correta é a D - conotativa. Essa questão reforça a importância de distinguir entre o uso literal e figurado das palavras, uma parte fundamental da interpretação de textos.

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Comentários

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Denotativa = significado de dicionário

 d) conotativa.

Conotação significa uso não-literal da linguagem. É compreendido através da semântica e contexto no qual a expressão está inserida.

Não temos motivo nenhum para abrir mão deles.

O uso conotativo da frase não faz referência a mão em si, mas sim, "não deixar de lado o medo de monstros". Por isso é conotativo, usado de modo fictício.

Como o colega já deixou uma dica acima, a minha é: Conotação é Conto de fadas, ou seja, não real (concerto) no sentido da palvra usada.

Foco, Força e Fé...

Denotação: 

  • Uma palavra é usada no sentido denotativo quando apresenta seu significado original independentemente do contexto em que aparece.

 Conotação

  • Uma palavra é usada no sentido conotativo quando apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes interpretações, dependendo do contexto em que esteja inserida, referindo-se a sentidos, associações e ideias que vão além do sentido original da palavra, ampliando sua significação mediante a circunstância em que a mesma é utilizada, assumindo um sentido figurado e simbólico.

* Dica: Procure associar Denotação com Dicionário: trata-se de definição literal, quando o termo é utilizado com o sentido que consta no dicionário.

Denotação é o sentido literal.

Conotação é o sentido figurado - Ex : abrir mão deles.

GABARITO - D

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