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Q2235858 Português
A TOMADA DA LIBERDADE EM TERMOS GRAMATICAIS

(1º§) Na correspondência dos jesuítas eram frequentes as referências à dificuldade que certos padres tinham com a gramática no seu trabalho de catequese, nas Missões. Frequentes e obscuras: não se sabia se a dificuldade tão citada era com a gramática que os próprios padres ensinavam ou se era com a gramática dos nativos. Até descobrirem que “gramática” era um código para castidade.
(2º) Todos sabemos que o problema de alguns padres era definitivamente manter seus votos de abstinência em meio aos índios. Ou no caso, às índias.
(3º§) Conscientemente ou não, o código foi bem escolhido. Pecar contra a castidade, se aceitar que a correção gramatical é uma norma de boa conduta e as regras da língua equivalem a parâmetros morais. Fala-se na “pureza” do vernáculo e na sua poluição, ou violentação, vinda de fora e de um jeito ou de outro todo o vocabulário da perdição da língua (seu abastardamento, sua vulgarização, sua entrega a estrangeirismos como prostitutas do cais) tem conotações sexuais.
 (4º§) Tomar liberdade com a língua é uma atividade tão mal vista pelos guardiões da sua virtude como seria tomar liberdade com suas filhas. Que o povo peque contra a linguagem é aceitável, para a moral gramatical, já que ele vive na promiscuidade mesmo.
(5º§) Mas pessoas educadas, que conhecem as regras, dedicarem-se a neologismos exibicionistas, à introdução de pronomes em lugares impróprios e ao uso de academicismos para fins antinaturais é visto como devassidão imperdoável. De escritores profissionais, principalmente, se espera que se mantenham carretos e castos a qualquer custo.
(6º§) Mas vivemos com relação à gramática como viviam os jesuítas com relação à “gramática”, esforçando-nos para cumprir nossa missão – que não deixa de ser uma catequese, mesmo que só se dê o exemplo de como botar uma palavra depois da outra e viver disso com alguma dignidade – sem sucumbir às tentações à nossa volta. Também não conseguimos. O ambiente nos domina, a libertinagem nos chama, e pecamos o tempo todo.
(7º§) Deve-se ter cuidado com o estudo da gramática normativa da língua portuguesa, pois seus preceitos são padronizados. Pense nisso!
(8º§) Estude, valorize sua língua pátria! Imponha-se pela correção dos seus atos comunicativos e vá tomando liberdade de usar corretamente os aspectos linguísticos gramaticais da língua oficial de sua pátria!

(...)
(VERÍSSIMO, Luís Fernando). - (Texto adaptado)
Julgue as assertivas com V(Verdadeiro) ou F(Falso). Após julgamento, marque a alternativa correta.
I – A vírgula da frase: “Deve-se ter cuidado com o estudo da gramática normativa da língua portuguesa, pois seus preceitos são padronizados” - separa uma oração coordenada explicativa.
II – Os verbos da oração: “Estude, valorize sua língua pátria!” – enunciam ordem ou conselho.
III – A palavra “que” do período: “Até descobrirem que “gramática” era um código para castidade” é uma conjunção subordinativa integrante.
IV – A numeração crescente em: “não se¹ sabia se a dificuldade² tão citada era com a gramática³...” – identifica: pronome oblíquo em posição de próclise; substantivo abstrato polissílabo paroxítono; substantivo concreto polissílabo proparoxítono.
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I - A vírgula da frase: “Deve-se ter cuidado com o estudo da gramática normativa da língua portuguesa, pois seus preceitos são padronizados” - oração coordenada explicativa.

Esse tipo de oração expressa uma explicação sobre algo citado anteriormente.

II – Os verbos da oração: “Estude, valorize sua língua pátria!”

Os verbos no modo imperativo podem indicar ordem, convite, pedido e conselho.

III – A palavra “que” do período: “Até descobrirem que “gramática” era um código para castidade”.

Quando troca por ''ISSO, DISSONISSO.. COM ISSO'' = conjunção integrante --> Inicia uma oração subordinada substantiva.

IV – A numeração crescente em: “não se sabia se a dificuldade tão citada era com a gramática...”.

O pronome oblíquo exerce função de complemento, em próclise ele surge anterior ao verbo; um substantivo abstrato não faz referência a objetos. Geralmente se refere a uma qualidade, sentimento, sensação... está associado a uma ideia, não a um elemento concreto; uma palavra paroxítona, é aquele que tem a penúltima sílaba como tônica, ou seja, mais forte. Não precisa necessariamente ser acentuada; substantivos concretos designam seres com existência própria, isto é, nomes de pessoas, lugares, gênero...; Polissílabas são as palavras que possuem quatro ou mais sílabas; proparoxítona possui a silaba tônica na antepenúltima sílaba.

Gab: E

gramática é substantivo concreto? achava que concreto era só o que fosse palpável. .. alguém pode explicar?

Gramática substantivo concreto ?

Rapaz, tá certo isso?

Uma maneira de identificar se um substantivo é concreto ou abstrato é pensar se ele pode ser experimentado com os sentidos físicos (concreto) ou se é mais uma ideia, conceito ou emoção (abstrato). No entanto, há situações em que a distinção não é tão clara, pois alguns substantivos abstratos podem ser associados a manifestações concretas. Por exemplo, "amor" é abstrato, mas pode ser expresso por meio de ações e objetos concretos.

No meu entendimento, acredito que "gramática" seja o tipo de substantivo que dá para se perceber pelo sentido da visão e da audição, me corrijam se eu estiver errada.

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