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Q2381997 Redação Oficial
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Sonhos, estranhos sonhos


Apesar de ser corajoso vivendo na comunidade, quando eu chegava à cidade me tornava um covarde. Ali era tudo muito estranho para mim. Havia coisas que eu não compreendia de jeito nenhum. Coisas do tipo: disputar pelo primeiro lugar, seja no estudo, seja no esporte; meninos valentões; mães que agrediam os filhos; escola que castigava quem não obedecia às regras, entre outras coisas. Naquela ocasião, eu não podia ter a presença constante dos meus pais junto de mim, porque era a política da época que o Estado brasileiro tomasse conta de seus “índios”. Isso consistia, entre outras coisas, em manter os pais longe da escola. Hoje sei que aquilo servia para nos isolar dos que falavam a mesma língua e nos obrigar a falar e aprender somente em português.

Eu ficava muito triste e solitário na escola. Não tinha amigos da mesma comunidade para conversar, não tinha muito o que fazer com aquilo que eu sabia da aldeia e não podia criar muitas coisas porque o meu tempo era bem regrado pelos muitos afazeres escolares. E, claro, tinha também meus colegas, que nunca me deixavam em paz. O tempo todo estavam tirando sarro da minha cara. Bastava me verem e logo já vinha aquela enxurrada de impropérios contra mim. Parece que eles queriam mesmo que eu nunca esquecesse quem eu era e de onde eu vinha. Era o tempo todo me chamando de índio, selvagem, atrasado, sujo, fedorento... Eu, covarde que era, baixava minha cabeça e chorava baixinho.

Eu sempre tive, por conta disso, acho, uns sonhos bem estranhos. Neles quase sempre eu me encontrava sozinho numa grande cidade, perdido e chorando. Algumas vezes, sonhei que estava ensanguentado. O sangue escorria em meu rosto e descia até meus pés, mas eu não sabia de onde vinha, porque não estava ferido. Sonhava que estava dentro de um buraco apenas com a cabeça de fora e que meus colegas ficavam atirando palavras em cima de mim. Eram palavras mesmo. Não palavras da boca, mas objetos que eram palavras. Essas palavras que tanto me assombravam. [...]

(MUNDUKURU, Daniel. Memórias de índio: uma quase autobiografia. Porto Alegre: Edelbra, 2016, p. 65-66)
Em relação à redação das correspondências oficiais, é necessário atentar para o emprego dos pronomes de tratamento. Analise as afirmativas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).

( ) Não se deve usar artigo diante de pronome de tratamento, à exceção de “senhor”, “senhora” e “senhorita”.

( ) Por serem formas femininas, não é aceitável que os pronomes de tratamento concordem com vocábulos flexionados no masculino, como em “Sua Excelência estava preocupado”.

( ) Usa-se “Vossa Excelência” quando nos dirigimos à pessoa e “Sua Excelência” quando falamos a respeito da pessoa.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo:
Alternativas

Comentários

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GAB:C

Não se deve usar artigo diante de pronome de tratamento, à exceção de “senhor”, “senhora” e “senhorita”.

Correto. V

Exemplo: “Esperei a senhora por mais de duas horas...”

Por serem formas femininas, não é aceitável que os pronomes de tratamento concordem com vocábulos flexionados no masculino, como em “Sua Excelência estava preocupado”. F

Quando se tratar de homem, é aceitável a concordância com o masculino. Ex.: “Sua Excelência estava preocupada ou preocupado com o processo”. 

Se houver aposto faz-se a concordância obrigatória com o aposto: “Sua Excelência, o presidente, parece preocupado”. 

Usa-se “Vossa Excelência” quando nos dirigimos à pessoa e “Sua Excelência” quando falamos a respeito da pessoa. V

Vossa Excelência quando nos dirigimos à pessoa: “Convido Vossa Excelência a participar da sessão...”. Usa-se Sua Excelência quando falamos a respeito da pessoa: “Aguardamos a assinatura de Sua Excelência para dar andamento ao processo”. V

Não se deve usar artigo diante de pronome de tratamento, à exceção de “senhor”, “senhora” e “senhorita”. Exemplo: “Esperei a senhora por mais de duas horas...” Quando se tratar de homem, é aceitável a concordância com o masculino. Ex.: “Sua Excelência estava preocupada ou preocupado com o processo”.

Em 19/08/24 às 12:30, você respondeu a opção D.

!

Você errou!

Em 08/07/24 às 15:41, você respondeu a opção D.

!

Você errou

Todas as vezes errei por achar que senhorita é algo pessoal e com uma certa intimidade e marco errado por conta da impessoalidade

#PPGO

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