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Educação Infantil: os desafios até chegar na sala de aula
A criança durante a Educação Infantil tem contato com milhares de sentidos e sensações. Cada exercício ou brincadeira pode se transformar em uma experiência guiada pelos professores. Mas como esses profissionais aprendem? E quais os desafios de levar as lições e diretrizes da BNCC para a sala de aula?
A pedagoga Mônica Samia, que fez seu doutorado sobre formação para Educação Infantil e publicou o livro "Diálogos sobre Formação de Formadores da Educação Infantil", explica que o modelo atual no qual professores de Educação Infantil se respaldam ainda é muito calcado no campo conceitual e teórico. Para ela, é imprescindível que esses profissionais comecem a ter contato com saberes mais práticos e focando, principalmente, na escuta como matéria-prima dessa etapa.
Mais recentemente, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) definiu seis direitos de aprendizagem aos quais toda criança tem direito na Educação Infantil. São elas: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se. Apesar desses campos determinados, como é a realidade de quem leciona para os pequenos? E como levar a teoria do formando em Pedagogia para o campo prático da sala de aula?
RECONHECER A EDUCAÇÃO INFANTIL É O PRIMEIRO PASSO
Para Priscilla Amaral, professora formada em Pedagogia e que atualmente leciona na prefeitura municipal de São Paulo, o ensino para quem quer seguir a área pedagógica realmente é pouco prático, o que pode dificultar, muitas vezes, o entendimento do que e como cada campo deve ser ensinado.
Para ela, as áreas de recreação, ludicidade, jogos e brincadeiras deveriam ser melhor exploradas durante a formação dos professores. "Dentro da própria universidade que forma esses profissionais deveria ter mais aulas práticas nessas áreas, já que o foco da Educação Infantil é o brincar", diz a pedagoga.
A diretora pedagógica Clea Braga Alves trabalha em Itabirito, município de Minas Gerais, e trabalha na coordenação pedagógica desde 2013. Ela conta que todo o corpo pedagógico vem se preparando, juntamente com os supervisores e professores, para as mudanças propostas pela implementação da Base. "Nós já estamos desde o ano passado nos preparando para essa transição", explica ela.
Segundo a diretora pedagógica, o ensino para os profissionais que lecionam para a Educação Infantil realmente é muito teórico. Entre as críticas que ela faz, o curto período de estágio obrigatório não ajuda os profissionais e monitores que auxiliam os profissionais que chegam, em sua maioria, ainda muito despreparados. "Estamos capacitando todos os profissionais que têm chegado aqui", conta ela.
PROTAGONISMO X DIREITO
Jussara Santos, professora de crianças de 5 e 6 anos da rede pública municipal de São Paulo, conta que sua experiência como educadora para os pequenos mudou muito o seu olhar. Para ela, só faz sentido o protagonismo dado às crianças, expresso na nova BNCC, quando os educadores de fato ouvem a criança. "Eu passei a pensar como no processo que vivo diariamente, o professor acaba virando aprendiz e o aprendiz também vira professor", reflete ela. Além de se pautar nos ensinamentos pedagógicos, é importante que o profissional fique atento e alerta para o que as crianças vivenciam no dia a dia. "O protagonismo se dá a partir de um currículo que valoriza o que as crianças falam".
O QUE MOTIVA ESSES PROFISSIONAIS?
O salário, em média de R$ 2.790 por mês para os profissionais de Educação Infantil que lecionam na rede municipal de São Paulo, é baixo se comparado com o de outras profissões. Segundo a diretora pedagógica Clea Braga Alves, o que motiva mesmo esses profissionais é a vontade e a descoberta. "O professor de Educação Infantil tem que dar carinho e tem que ter um olhar diferenciado. É algo do perfil desse educador", diz.
Adaptado. Disponível em: http://bit.ly/2oLpOX9 (acesso em 14/10/2019).