Em “[...] foi pensar que as fotos não foram bem captadas: a ...
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Ano: 2024
Banca:
Instituto Consulplan
Órgão:
Prefeitura de Pouso Alegre - MG
Prova:
Instituto Consulplan - 2024 - Prefeitura de Pouso Alegre - MG - Fiscal Aeroportuário |
Q2462358
Português
Texto associado
O retratista fiel
Folhear álbuns de fotografias antigas, sejam elas em papel ou digitais vem me causando um certo estranhamento, uma
sensação de que os ambientes, as pessoas, as fisionomias não eram assim como estão retratadas.
Pela foto do aniversário de 15 anos o vestido que, à época, me fez sentir uma princesa, mais parecia aquele tule de cobrir
bolo – difícil acreditar que eu tinha escolhido essa roupa, que em nada me valorizava.
Na varanda da casa onde morei com os filhos pequenos que, aos meus olhos, conseguia abrigar a família inteira, pela foto
mal cabia quatro cadeiras... e elas não tinham nada a ver com os móveis charmosos de jardim que tinha comprado.
Meu bolo de aniversário com cobertura de chocolate, que brilhava à luz das velas acesas no parabéns, pareceu seco,
simples demais para a importância que aquela comemoração teve para mim.
Minha maneira de lidar com isso, inicialmente, foi pensar que as fotos não foram bem captadas: a iluminação não devia
estar boa, elas ficaram distorcidas porque foram tiradas a pouca ou muita distância, ou mesmo que o dia estava nublado por
isso as cores ficaram mais mortas.
Aos poucos fui percebendo que não eram as fotos que me traiam e sim minha memória, minha lente afetiva que guardou
lembranças que vão muito além dos flagrantes retratados por uma máquina, seja ela qual for.
Minha memória afetiva registrou aquilo que foi captado pelos sentidos, e pode ter sido o olhar de admiração que percebi
em quem eu gostava e me fez feliz naquele vestido, o som das risadas gostosas na varanda que ficaram nos meus ouvidos e
ampliaram o espaço, o gosto de chocolate do beijo depois do bolo que inundou minha boa e a fez brilhar.
Como cantou Roberto Carlos...
Antes de dormir você procura o meu retrato
Mas da moldura não sou eu quem lhe sorri
Mas você vê o meu sorriso mesmo assim
Prefiro, desde então, confiar no que em mim ficou registrado, pois a memória é o mais generoso dos retratistas.
(Ana Helena Reis. Pincel de Crônicas, 2019.)
Em “[...] foi pensar que as fotos não foram bem captadas: a iluminação não devia estar boa, [...]” (5º§) foi utilizado o sinal
gráfico conhecido como dois-pontos. Sobre os dois-pontos empregados anteriormente, é possível afirmar que, EXCETO: