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Ano: 2013 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: DEPEN Prova: CESPE - 2013 - DEPEN - Psicologia |
Q328161 Psicologia
Uma paciente com trinta e oito anos de idade chegou ao serviço de atendimento psicológico encaminhada pelo serviço judiciário. Na entrevista inicial, a paciente relatou estar sendo perseguida pelo dono de um minimercado, que estaria apaixonado por ela. Na ocasião em que se conheceram, segundo relato da paciente, ela fora durante uma tarde ao minimercado para fazer compras. Ao entrar no estabelecimento, a paciente notara que o proprietário anunciava produtos, mas que, ao perceber sua presença, ele mudara o tom de sua voz, o que caracterizava interesse sexual por ela. Desde então, a paciente relatou que o referido comerciante não lhe “deixava em paz” e que, aos finais de semana, ele tem enviado vendedores ambulantes que, sob o pretexto de estarem vendendo algum produto na frente da sua casa, levam “mensagens de amor” direcionadas a ela. Um exemplo de investida citada pela paciente, e que fez os vizinhos chamarem a polícia, foi quando o motorista de um caminhão ambulante de venda de abacaxi colocou músicas sertanejas de cunho amoroso para tocar em frente à sua casa, logo após anunciar “olha o abacaxi!”, o que a irritou bastante. Nesse episódio, a paciente foi ao encontro do motorista do caminhão e provocou uma briga. A paciente abriu mais de dez processos judiciais contra o homem que supostamente a persegue e, na última tentativa de fazê-lo parar a “perseguição”, foi em busca da Anistia Internacional.

Com base na situação hipotética acima apresentada, julgue os itens seguintes.

O delírio apresentado pela paciente é um signo patognomônico da esquizofrenia.
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A alternativa correta é Errado (E).

Vamos entender melhor o contexto da questão. A situação apresentada descreve uma paciente que acredita estar sendo perseguida por alguém que ela considera estar apaixonado por ela. Tal crença é persistente e não se baseia na realidade ou em evidências concretas, caracterizando um delírio. No entanto, a questão questiona se esse delírio pode ser considerado um signo patognomônico da esquizofrenia.

O termo patognomônico refere-se a um sinal ou sintoma exclusivo de uma determinada doença, que por si só já é suficiente para estabelecer um diagnóstico. No caso da esquizofrenia, diversos tipos de delírios podem estar presentes, mas eles não são exclusivos dessa condição. Delírios também podem ocorrer em outros transtornos mentais, como os transtornos delirantes persistentes (por exemplo, o transtorno delirante de tipo erotomaníaco, que parece se alinhar mais com o caso apresentado) ou transtornos afetivos, além de poder surgir em condições médicas gerais.

Esquizofrenia é um transtorno caracterizado por uma variedade de sintomas, que podem incluir delírios, alucinações, discurso desorganizado, comportamento desorganizado ou catatônico, e sintomas negativos como embotamento afetivo, falta de motivação e retração social. Para ser diagnosticada, a presença de delírios por si só não é suficiente, especialmente sem a presença de outros sintomas característicos.

Portanto, afirmar que o delírio apresentado pela paciente é um signo patognomônico da esquizofrenia é incorreto, pois delírios podem ser encontrados em uma série de outros transtornos e não são exclusivos da esquizofrenia.

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Segundo Dalgalarrondo (2008): 

"De modo geral, não existem sinais ou sintomas psicopatológicos totalmente específicos de determinado transtorno mental. Além disso, não há sintomas patognomônicos em psiquiatria, como afirma Emil Kraepelin [1913] (1996): Infelizmente não existe, no domínio dos distúrbios psíquicos, um único sintoma mórbido que seja totalmente característico de uma enfermidade [...] devemos evitar atribuir importância característica a um único fenômeno mórbido. [...] O que quase nunca é produzido totalmente de forma idêntica pelos diferentes transtornos mentais é o quadro total, incluindo o desenvolvimento dos sintomas, o curso e o desenlace final da doença. Portanto, o diagnóstico psicopatológico repousa sobre a totalidade dos dados clínicos, momentâneos (exame psíquico) e  evolutivos (anamnese, história dos sintomas e evolução do transtorno). É essa totalidade clínica que, detectada, avaliada e interpretada com conhecimento (teórico e científico) e habilidade (clínica e intuitiva), conduz ao diagnóstico psicopatológico."

Dessa forma, signos patognomônicos são os sinais e sintomas totalmente específicos de uma enfermidade, e como afirmado por Dalgalarrondo, não há signos patognomônicos nos transtornos mentais.

DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. 2 ed., Porto Alegre: Artmed, 2008.



não há sintomas patognomônicos em psiquiatria

Segundo Dalgalarrondo (2008): 

"De modo geral, não existem sinais ou sintomas psicopatológicos totalmente específicos de determinado transtorno mental. Além disso, não há sintomas patognomônicos em psiquiatria, como afirma Emil Kraepelin [1913] (1996): Infelizmente não existe, no domínio dos distúrbios psíquicos, um único sintoma mórbido que seja totalmente característico de uma enfermidade [...] devemos evitar atribuir importância característica a um único fenômeno mórbido. [...] O que quase nunca é produzido totalmente de forma idêntica pelos diferentes transtornos mentais é o quadro total, incluindo o desenvolvimento dos sintomas, o curso e o desenlace final da doença. Portanto, o diagnóstico psicopatológico repousa sobre a totalidade dos dados clínicos, momentâneos (exame psíquico) e  evolutivos (anamnese, história dos sintomas e evolução do transtorno). É essa totalidade clínica que, detectada, avaliada e interpretada com conhecimento (teórico e científico) e habilidade (clínica e intuitiva), conduz ao diagnóstico psicopatológico."

 

Dessa forma, signos patognomônicos são os sinais e sintomas totalmente específicos de uma enfermidade, e como afirmado por Dalgalarrondo, não há signos patognomônicos nos transtornos mentais.

DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. 2 ed., Porto Alegre: Artmed, 2008.

Significado de Patognomônico

adjetivo

Diz-se dos sintomas próprios de cada moléstia e cuja identificação permite um diagnóstico certo.

 

fonte: https://www.dicio.com.br/patognomonico/

 

-> na psiquiatria, não há sintomas próprios de um única doença; portanto, não há signos patogmônicos.

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