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Ano: 2015 Banca: FAUEL Órgão: FMSFI - PR Prova: FAUEL - 2015 - FMSFI - Psicólogo |
Q552520 Psicologia
Poderíamos dizer que a Reforma Psiquiátrica iniciou seu percurso na década de 70, durante a ditadura militar, época em que a medicalização era o modelo básico de intervenção. O poder centralizador do hospital psiquiátrico e o elevado índice de internações passaram a ser consideradas as causas estruturais das condições desumanas a que eram submetidos os pacientes psiquiátricos. A forte recessão, derivada da política econômica que obedecia a grupos de pressão internacionais, tinha como consequência a precariedade do trabalho, a acelerada baixa da renda familiar e o índice alarmante de miséria absoluta, o que exigia maior atenção da saúde. Paralelamente, percebia-se a falta de recursos especialmente no aparato dos serviços sanitários onde havia ainda, o clientelismo na esfera pública, o investimento da rede privada –favorecendo o desmonte da coisa pública – e o pouco interesse do poder legislativo em valorizar as políticas sociais. Todos esses são fatores que contribuíram para a ineficácia e a não resolução dos serviços, como comenta Merhy (1997:125) Ferreira, Gina. A despeito deste tema pode-se dizer:
I - Que em 1990, a Organização Pan-americana de Saúde promoveu a Conferência Regional para a reestruturação da assistência psiquiátrica na América Latina, da qual resultou a Declaração de Caracas.
II – Que a reestruturação da assistência psiquiátrica resultou na: “revisão crítica do papel hegemônico e centralizador do hospital psiquiátrico na prestação de serviços”.
III- Apesar das incertezas quanto à sustentabilidade plena da Reforma Psiquiátrica viabilizada como transformação cultural e política, todas as dúvidas se entrecruzam e convergem para uma verdade: O caminho percorrido pela Reforma é irreversível e aponta uma nova ordem para reconstrução de identidades políticas e sociais.
IV- A Reforma Psiquiátrica teve uma trajetória onde as bases de sua estruturação apontam para um modelo assistencialista em saúde mental, levando a uma reflexão efetiva direcionada ao modelo assistencial hegemônico.
Alternativas

Gabarito comentado

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A alternativa correta é a D, que inclui as assertivas I, II e III. Vamos entender o porquê.

I - Declaração de Caracas: Em 1990, a Organização Pan-americana de Saúde realmente promoveu a Conferência Regional para a reestruturação da assistência psiquiátrica na América Latina, resultando na importante Declaração de Caracas. Essa declaração visava impulsionar mudanças no modelo de atendimento em saúde mental, promovendo a desinstitucionalização e reforçando os direitos humanos dos pacientes.

II - Revisão do papel do hospital psiquiátrico: A reestruturação da assistência psiquiátrica envolveu uma "revisão crítica do papel hegemônico e centralizador do hospital psiquiátrico", incentivando uma mudança para serviços mais comunitários e menos centralizados. Isso reflete a busca por um tratamento mais humanizado e menos isolador, reconhecendo que o hospital psiquiátrico tradicional muitas vezes contribuía para a desumanização dos cuidados.

III - Irreversibilidade da Reforma Psiquiátrica: Ainda que existam incertezas quanto à plena sustentabilidade da Reforma Psiquiátrica, é verdade que o processo desencadeado é irreversível. A reforma aponta para novas formas de construção de identidades políticas e sociais, marcando um avanço cultural e político significativo na área da saúde mental.

Agora, vamos analisar por que a alternativa IV está incorreta:

IV - Modelo assistencialista: Esta alternativa afirma que a Reforma Psiquiátrica aponta para um modelo assistencialista em saúde mental. No entanto, a reforma visa exatamente o oposto: superar o modelo assistencialista que focava no hospital psiquiátrico, promovendo ao invés disso um modelo mais inclusivo e integrado aos serviços de saúde comunitários. A ideia é desencorajar a dependência excessiva de instituições e encorajar o suporte comunitário e a participação social.

Portanto, a alternativa D é a mais adequada, pois as assertivas I, II e III refletem corretamente os objetivos e realizações da Reforma Psiquiátrica na América Latina.
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Comentários

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Resposta letra D) I,II,III

Não concordo que o caminho percorrido pela Reforma é irreversível, temos inúmeras provas de que muitas conquistas podem e estão sendo perdidas/revertidas pela descontinuidade de algumas políticas, como é o caso da Política de Redução de Danos, extinguida no ano de 2019.

Irreversível? Como assim?

O item III foi retirado de uma publicação "Saúde Mental e produção de subjetividade: o discurso de profissionais do SUS sobre a loucura ".

Apesar das incertezas quanto à sustentabilidade plena da Reforma Psiquiátrica viabilizada como transformação cultural e política, todas as dúvidas se intercruzam e convergem para uma direção: o caminho percorrido pela Reforma é irreversível e aponta para uma nova ordem para a reconstrução de identidades políticas e sociais.

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