No trecho “dizendo que a discussão é a forma polida do inst...
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Q2791668
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Texto 3 para responder as questões de 36 a 41.
1 Quatro ou cinco
cavalheiros debatiam, uma noite, várias
questões
de alta transcendência, sem que a disparidade dos
votos trouxesse a menor alteração aos espíritos. A casa ficava
4
no morro de Santa Teresa, a sala era pequena, alumiada a
velas, cuja luz fundia-se misteriosamente com o luar que vinha
de fora. Entre a cidade, com as suas agitações e
aventuras, e o
7 céu, em que as estrelas pestanejavam,
através de uma
atmosfera límpida e sossegada,
estavam os nossos quatro ou
cinco investigadores
de coisas metafísicas, resolvendo
10 amigavelmente os mais árduos
problemas do universo.
Por que
quatro ou cinco? Rigorosamente eram quatro os
que
falavam; mas, além deles, havia na sala um quinto
13 personagem,
calado, pensando, cochilando, cuja espórtula no
debate não passava de um ou outro resmungo de aprovação.
Esse homem tinha a mesma idade dos companheiros, entre 45
16 anos, era provinciano, capitalista, inteligente, não sem
instrução, e, ao que parece, astuto e cáustico. Não
discutia
nunca; e defendia-se da abstenção com um
paradoxo, dizendo
19 que a discussão é a forma polida do instinto
batalhador, que jaz
no homem, como uma herança
bestial; e acrescentava que os
serafins e os
querubins não controvertiam nada, e, aliás, eram a
22 perfeição
espiritual e eterna.
ASSIS, Machado de.
O espelho, esboço de uma nova teoria da alma
humana. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,
1994 (fragmento), com adaptações.
No trecho “dizendo que a discussão é a forma polida do instinto batalhador” (linhas 18 e 19), a conjunção introduz uma oração