A União Europeia, capitaneada por Angela Merkel e seu minis...
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Ano: 2016
Banca:
FAU
Órgão:
Prefeitura de Rio Azul - PR
Prova:
FAU - 2016 - Prefeitura de Rio Azul - PR - Técnico em Segurança do Trabalho |
Q1627475
Não definido
Texto associado
UM ANO DE DESINTEGRAÇÃO
Por Antônio Luiz M. C. Costa
2015 foi caracterizado pelo agravamento de
conflitos e dissolução de consensos no campo
internacional.
Tentar abranger com um conceito só todos
os acontecimentos internacionais de um ano
só é um erro praticamente por definição. Ainda
assim é tentador descrever 2015 como um ano de
desintegração de alinhamentos e consensos.
Um deles é o consenso centrista na Europa, pelo
qual só os partidos de centro-esquerda (socialdemocratas ou trabalhistas) ou centro-direita
(liberais ou conservadores) tinham possibilidade
de ser eleitos, formar maiorias parlamentares e
governar. A eleição em janeiro do governo grego do
partido Syriza, acrônico de “Coalizão de Esquerda
Radical” e claramente à esquerda do tradicional
Pasok, foi percebida como um marco. A União
Europeia, capitaneada por Angela Merkel e seu
ministro da Fazenda, Wolfgang Schäuble, dedicou
metade do ano a vergar o governo de Alexis Tsipras
e atingiu seu objetivo, obrigando-o a aceitar um
acordo de resgate humilhante. Mesmo assim, Isipras
foi reeleito. Embora sua derrota na queda de braço
possa ter prejudicado as chances de seu aliado
Podemos na Espanha, esquerda e extrema-direita
continuaram em alta em grande parte do continente.
A vitória na Polônia do partido ultraconservador e
eurocético Lei e Justiça confirma a tendência, assim
como o colapso do governo neoliberal português
em favor do socialista António Costa, apoiado por
comunistas ambientalistas e extrema-esquerda.
Essa quebra do consenso social-liberal é
um efeito colateral da desintegração do próprio
consenso europeu. Uma vez que os partidos
tradicionais não contestam o funcionamento cada
vez mais antidemocrático e socialmente injusto das
instituições da União Europeia, voltadas para impor
normas supostamente neutras e burocráticas, mas
que apontam sistematicamente para uma agenda
de redução de salários, direitos e benefícios
sociais em favor do capital industrial e financeiro.
Onde a esquerda tradicional deixa de acreditar
em alternativas, a extrema-esquerda ou a direita
populista estão prontas a assumir o negligenciado
papel de “tribuno do povo”.
A não ser, talvez, no Reino Unido, onde o
próprio Partido Conservador tomou a iniciativa
de propor um plebiscito sobre a saída do país da
organização. Essa promessa de campanha de David Cameron para a eleição parlamentar de maio
de 2015, formalizada em projeto de lei logo após a
vitória, pode ter colocado o país em um caminho
sem volta. A expectativa aparente de Cameron era
usar o referendo, a ser realizado provavelmente
em 2017, como forma de pressionar por mudanças
no tratado europeu, principalmente para aceitar
restrições a migrações dentro da União e primazia
das leis e tribunais nacionais sobre as europeias,
inclusive, por exemplo, não submissão de Londres
ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos.
É muito improvável, porém, que Merkel ou
Bruxelas façam concessões significativas, até
porque retomar o debate sobre o tratado abriria
espaço para a contestação generalizada em um
momento de agruras sociais e econômicas e
desunião ante a crise dos refugiados. Apanhado
pela palavra, Cameron pode se ver forçado ao
passo indesejado de ser o primeiro a retirar um país
da organização e isso pode, por sua vez, reabrir a
reivindicação separatista da Escócia.
Adaptação do texto Um ano de desintegração – seção Nosso Mundo. Revista Carta Capital. Edição Especial, nº 882, Confiança, p. 30 de dezembro de 2015, Editora, p. 75-76.
A União Europeia, capitaneada por Angela
Merkel e seu ministro da Fazenda, Wolfgang
Schäuble, dedicou metade do ano a vergar
o governo de Alexis Tsipras e atingiu seu
objetivo, obrigando-o a aceitar um acordo de
resgate humilhante.
No fragmento apresentado, as palavras sublinhadas exercem a função sintática, respectivamente de
No fragmento apresentado, as palavras sublinhadas exercem a função sintática, respectivamente de