Leia o texto a seguir. Ó tu, ladrão odioso! Onde escondeste...
Ó tu, ladrão odioso! Onde escondeste minha filha? Infernal como és, sem dúvida a encantaste com efeito, apelo para toda criatura de senso: se não estivesse ela encadeada em correntes de magia, será que uma donzela tão terna, tão bela, tão feliz, tão contrária ao casamento que rejeitava os apaixonados mais suntuosos e mais bem frisados do país, teria, algum dia, com risco de ser objeto do desprezo geral, fugido da tutela paterna para ir refugiar-se no seio denegrido de um ser como tu, feito para inspirar medo e não deleite? Que o mundo seja minha testemunha, se não é de toda a evidência que agiste sobre ela com feitiços odiosos, que abusaste de sua delicada juventude por meio de drogas ou de minerais que debilitam a sensibilidade.
Shakespeare, 1981, p. 340. in FILHO, Luiz Martinho Stringuetti. A trágica mímica de Otelo. Travessias Interativas / São Cristóvão (SE), N. 14 (Vol. 7), p. 176–186, jul-dez/2017. Disponível em: < https://periodicos.ufs.br/Travessias/article/download/9129/7153>. Acesso em: 19 jun. 2024.
O excerto acima reflete um conceito central em diversas obras pós-coloniais de língua inglesa. Trata-se do conceito de
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A alternativa correta é C - alteridade: a percepção do outro como radicalmente diferente, levando à exclusão e à marginalização.
Vamos entender por que a alternativa C é a correta e analisar as demais alternativas.
O excerto de Shakespeare mencionado na questão reflete a percepção do "outro" como sendo extremamente diferente, o que leva à exclusão e à marginalização. Esse conceito é central em diversas obras pós-coloniais de língua inglesa, pois trata da maneira como o colonizador vê o colonizado como um ser inferior e diferente. Essa percepção prejudica o relacionamento entre os grupos e resulta em atitudes de discriminação e marginalização.
Justificativa da Alternativa Correta (C): A "alteridade" é um conceito que se refere à percepção do "outro" como diferente, estranho ou inferior. No excerto, o personagem expressa a visão de que a filha foi enfeitiçada por um ser "infernal," "denegrido," e "feito para inspirar medo," o que claramente demonstra a marginalização e exclusão de uma figura percebida como diferente e inferior. Essa visão de alteridade é um ponto-chave em muitos textos pós-coloniais.
Análise das Alternativas Incorretas:
A - hibridismo cultural: Este conceito refere-se à mistura de elementos culturais do colonizador e do colonizado, criando novas formas culturais. No texto de Shakespeare, não há menção a uma fusão ou mistura cultural, mas sim uma forte separação e exclusão de um grupo percebido como diferente.
B - mimicry (mimetismo): Mimetismo é a imitação do colonizador pelo colonizado com a intenção de obter aceitação. No excerto em questão, não há imitação; ao contrário, há uma acusação de feitiçaria e uso de drogas para explicar a ação da filha, o que não se alinha com o conceito de mimicry.
D - nativismo: Nativismo é a valorização da cultura nativa em oposição à cultura do colonizador, buscando recuperar uma identidade original. O texto reflete uma visão de exclusão e marginalização, não a valorização de uma cultura nativa.
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