Leia o fragmento.Vovó Claudina era paulista, vovô Torquato e...
Leia o fragmento.
Vovó Claudina era paulista, vovô Torquato estudou direito em São Paulo. Ela tinha 12 anos, ele começou a namorar. Ele tinha que vir embora, foi atrás do pai dela e falou assim: “Eu gosto muito de Claudina e quero casar com ela, mas vou para Goiás e para voltar aqui é difícil, de maneira que eu quero casar e levar ela comigo. Eu prometo que ela será uma irmã para mim até os 18 anos. Eu vou até contratar uma aia, uma dama de companhia”. E ela ficou na casa do pai dele. O pai dele tratava ela como uma menina. Comprava boneca, levava pra passear, ela só foi pra casa do marido com 18 anos. |
BIANCA, M. Família e poder em Goiás. Goiânia: Alternativa, 2003. p.55.
O texto, que apresenta um caso de casamento comum no Brasil do período imperial, coloca em evidência a
Gabarito comentado
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Alternativa correta: B - submissão de gênero, apoiada pela concepção patriarcal de família.
O fragmento apresentado revela um costume de casamento comum no Brasil do período imperial. Nele, observamos uma jovem de 12 anos que entra em um matrimônio arranjado, onde há uma clara submissão de gênero e uma forte concepção patriarcal de família. O protagonista masculino decide sobre o futuro da menina, que é tratada como uma irmã até atingir a maioridade para se tornar efetivamente sua esposa, demonstrando o controle masculino sobre a vida das mulheres.
Vamos analisar cada alternativa para entender por que a correta é a alternativa B e descartar as outras:
Alternativa A: "proteção da infância, garantida pela moralidade e pelas leis que regulamentavam o casamento civil". Esta alternativa está incorreta porque, no contexto histórico do Brasil imperial, não havia uma preocupação efetiva com a proteção da infância no sentido moderno que conhecemos hoje. O casamento de meninas jovens com adultos era uma prática comum e não havia leis específicas que regulamentassem o casamento civil para proteger a infância.
Alternativa B: "submissão de gênero, apoiada pela concepção patriarcal de família". Esta é a alternativa correta. O texto evidencia claramente a submissão da menina à autoridade masculina, primeiro do pai e depois do marido. O arranjo do casamento e a promessa de tratar a jovem como uma irmã até ela alcançar a idade de 18 anos reforçam a ideia de uma sociedade patriarcal, onde as mulheres eram subordinadas aos homens e tinham pouca ou nenhuma autonomia.
Alternativa C: "solidariedade familiar, baseada na integração de distintas classes sociais". Esta alternativa está incorreta porque o texto não aborda a questão das classes sociais ou qualquer forma de solidariedade entre elas. O foco é a relação de poder e controle dentro da família, especificamente em relação à mulher.
Alternativa D: "valorização do casamento cristão, pautado nas manifestações de amor entre os cônjuges". Esta alternativa está incorreta porque o texto não menciona ou sugere que o casamento foi baseado em manifestações de amor entre os cônjuges. Pelo contrário, o casamento foi arranjado e condicionado a uma promessa do marido de tratar a esposa como irmã até ela atingir a maioridade.
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