Na organização das relações de coesão e coerência do texto,
Considere o texto abaixo para responder às questões 3, 4 e 5.
A vida em um país nórdico, como a Finlândia, nos
faz refletir mais profundamente sobre a relação entre
liberdade, igualdade, autonomia e formatos sociais que
podem propiciar vidas mais plenas e felizes aos seus
5 cidadãos. Para alguém habituado a desigualdades,
uma sociedade igualitária, com amplo respeito pela vida
humana, excelentes índices de educação, burocracia
inteligente e serviços públicos voltados (de fato) para
melhorar a vida do cidadão, soa como um caminho
10 para a produção de seres humanos mais plenos e
sociedades mais inspiradoras. Talvez não seja assim.
Quando nos referimos à igualdade, não tratamos de
mera distribuição equitativa da renda. A igualdade e a
dignidade humana que uma sociedade pode produzir
15 referem-se à possibilidade de o cidadão ter condições
materiais e subjetivas à sua disposição, para que,
atendidas suas necessidades básicas e diárias de
bem-estar, ele se ocupe com questões outras que a
sobrevivência. Essas necessidades básicas de bem-
20 estar incluem uma ilimitada oferta de bens públicos: de
excelentes creches, escolas, universidades, sistema de
saúde e previdência a todos, piscinas públicas, parques,
transporte confortável e excelente, seguro-desemprego
por tempo indefinido, licença maternidade de 10 meses,
25 muitas bibliotecas públicas…
No entanto, a Finlândia tornou-se uma sociedade tão
igualitária quanto apática. Pouco criativa, reproduz
o mundo com extrema facilidade, mas tem limitada
capacidade transformadora. A maioria de seus
30 educados cidadãos são seres pouquíssimo críticos:
questionam pouco a vida que levam e são fisicamente
contidos. E isso não parece ter forte relação com o
frio. É um acomodamento social, um respeito quase
inexorável pelas regras. Esse resultado não foi causado,
35 é evidente, pelo formato social igualitário. Em outros
termos, não foi a igualdade que deixou o país apático.
Ademais, sociedades desiguais podem ser tão ou mais
acríticas e reprodutoras. O ponto que nos intriga é que
a igualdade, o respeito e a dignidade dados a todos não
40 levaram à autonomia, ao pensamento criativo e crítico,
e a processos transformadores.
(Adaptado de Isabela Nogueira, Do bem-estar ao pensamento crítico:
um olhar sobre o norte,outubro 3, 2009 por Coletivo Crítica Econômica
http://criticaeconomica.wordpress.com/2009/10/03/ - acesso em 12/12/2011)
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