Segundo Riobaldo, qual é a principal característica das pes...
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Ano: 2025
Banca:
ADM&TEC
Órgão:
Prefeitura de João Alfredo - PE
Prova:
ADM&TEC - 2025 - Prefeitura de João Alfredo - PE - Auxiliar de Estudante com Deficiência |
Q3293979
Não definido
Texto associado
“AS PESSOAS AINDA NÃO FORAM TERMINADAS...”
(Rubens Alves)
As diferenças entre um sábio e um cientista? São
muitas e não posso dizer todas. Só algumas.
O sábio conhece com a boca, o cientista, com a
cabeça. Aquilo que o sábio conhece tem sabor, é comida,
conhecimento corporal. O corpo gosta. A palavra “sapio”,
em latim, quer dizer “eu degusto”...O sábio é um cozinheiro
que faz pratos saborosos com o que a vida oferece. O saber
do sábio dá alegria, razões para viver. Já o que o cientista
oferece não tem gosto, não mexe com o corpo, não dá
razões para viver. O cientista retruca: “Não tem gosto, mas
tem poder”... É verdade. O sábio ensina coisas do amor. O
cientista, do poder.
Para o cientista, o silêncio é o espaço da
ignorância. Nele não mora saber algum; é um vazio que
nada diz.
Para o sábio o silêncio é o tempo da escuta,
quando se ouve uma melodia que faz chorar, como disse
Fernando Pessoa num dos seus poemas. Roland Barthes,
já velho, confessou que abandonara os saberes faláveis e
se dedicava, no seu momento crepuscular, aos sabores
inefáveis.
Outra diferença é que para ser cientista há de se
estudar muito, enquanto para ser sábio não é preciso
estudar. Um dos aforismos do Tao-Te-Ching diz o seguinte:
“Na busca dos saberes, cada dia alguma coisa é
acrescentada. Na busca da sabedoria, cada dia alguma
coisa é abandonada”. O cientista soma. O sábio subtrai.
Riobaldo, ao que me consta, não tinha diploma. E,
não obstante, era sábio. Vejam só o que ele disse: “O
senhor mire e veja: o mais importante e bonito do mundo é
isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não
foram terminadas — mas que elas vão sempre mudando...”
É só por causa dessa sabedoria que há
educadores. A educação acontece enquanto as pessoas
vão mudando, para que não deixem de mudar. Se as
pessoas estivessem prontas não haveria lugar para a
educação. O educador ajuda os outros a irem mudando no
tempo. (...) Parece que, ao nos criar, o Criador cometeu um
erro (ou nos pregou uma peça!): deu-nos um DNA
incompleto. E porque nosso DNA é incompleto somos
condenados a pensar. Pensar para quê? Para inventar a
vida! É por isso, porque nosso DNA é incompleto, que
inventamos poesia, culinária, música, ciência, arquitetura,
jardins, religiões, esses mundos a que se dá o nome de
cultura.
Pra isso existem os educadores: para cumprir o dito
do Riobaldo... Uma escola é um caldeirão de bruxas que o
educador vai mexendo para “desigualizar” as pessoas e
fazer outros mundos nascerem…
(Revista Educação, edição 125)
Segundo Riobaldo, qual é a principal característica das
pessoas citada no texto?