A gravidez gera profundas modificações anatômicas, fisiológ...
A gravidez gera profundas modificações anatômicas, fisiológicas e biomecânicas para suportar o desenvolvimento e o crescimento fetais, sendo que as adaptações do organismo materno se iniciam logo após a fertilização e continuam ao longo da gravidez. Além disso, a compreensão das adaptações maternas é relevante para que o fisioterapeuta compreenda o impacto nos cuidados às gestantes e o auxiliará a traçar a melhor conduta terapêutica. Analise as afirmativas a respeito das intercorrências musculoesqueléticas na gravidez e assinale a alternativa correta.
I. No decorrer da gravidez, a postura da gestante sofre grandes modificações e as regiões cervical e torácica também são acometidas, tendo que se ajustar ao aumento de volume das mamas e ao deslocamento do centro de gravidade ocasionado pela expansão uterina. Na região torácica, observam-se diminuição da cifose e protrusão dos ombros, enquanto na coluna cervical há aumento da lordose fisiológica, retificação da cabeça e sobrecarga nos músculos anteriores dessa região, para fixar a cabeça e manter o reflexo de endireitamento óptico, o trapézio e os músculos superiores e mediais da região cervical podem estar sensíveis ou em espasmo, e os movimentos de rotação, flexão e extensão da região cervical, restritos.
II. A diminuição da circulação dos hormônios progesterona, estrogênio e relaxina, que acontece durante a gestação, resulta em retenção hídrica, hipermobilidade pélvica e comprometimento de outras estruturas que alteram a estabilidade da coluna vertebral. A expansão uterina traciona a base sacral provocando inclinação anterior da pelve e flexão do quadril, e essa modificação do eixo pélvico causa retificação lombar, que acarreta aumento da atividade do músculo iliopsoas e sobrecarga no músculo transverso abdominal.
III. A lordose lombar aumenta, em média, 5 a 9°, e a inclinação anterior da pelve, 4°, e na deambulação há um mecanismo de proteção para esta região, a coluna torácica aumenta a rotação para evitar a sobrecarga excessiva da coluna lombar e da articulação sacroilíaca, o músculo piriforme também fica em contração para manter a rotação externa da coxa, o que ocasiona diminuição do balanço do quadril na marcha da gestante.
IV. A disfunção da articulação sacroilíaca trata-se de uma das principais determinantes da fisiopatologia das algias na região inferior da coluna vertebral e na cintura pélvica nas gestantes. Sendo que o relaxamento ligamentar e estrutural, produzido pelos hormônios, pode facilitar o movimento repetitivo em uma ou ambas as articulações, esse movimento resulta no desgaste das superfícies articulares deixando-as desiguais, o atrito promovido pela irregularidade dessas superfícies pode dificultar o movimento, bloquear a articulação e resultar em um quadro doloroso e, concomitantemente, o lado oposto da articulação também fica sobrecarregado, pois tem de estabilizar a pelve.
V. A disfunção patelar pode ocorrer pois o aumento de peso na gravidez, a rotação interna do fêmur e a abertura pélvica, associados aos efeitos hormonais, geralmente resultam em instabilidade nas articulações dos joelhos, pode haver elevação do movimento lateral patelar durante a flexão e a extensão dos joelhos, e a gestante pode referir dor, principalmente ao subir e descer escadas ou ao se sentar por períodos longos com os joelhos hiperflexionados.