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Ano: 2021
Banca:
IDCAP
Órgão:
Prefeitura de Santa Leopoldina - ES
Prova:
IDCAP - 2021 - Prefeitura de Santa Leopoldina - ES - Professor de Língua Portuguesa |
Q1679998
Português
Texto associado
TEXTO
O texto abaixo servirá de base para responder a questão.
O BRASILEIRO E A LEITURA NA ATUALIDADE
(1º§) O brasileiro não lê. Ao menos é isso que eu
tenho escutado hoje. Por obrigação profissional e por
obsessão nas horas vagas, costumo conversar muito
sobre livros. Atualmente, com uma frequência
incômoda, não importa qual é a formação de quem
fala comigo, essa frase se repete. Amigos, taxistas,
colegas jornalistas, escritores e até executivos de
editoras já me disseram que o brasileiro não lê.
(2º§) Quando temos dificuldade para entender uma
frase, uma boa técnica de aprendizado é repeti-la
várias vezes. Um dos meus primeiros professores de
inglês me ensinou isso. Nunca pensei que fosse usar
esse truque com uma frase em português. Mas,
depois de ouvir tantas vezes que o brasileiro não lê,
e de discordar tanto dos que dizem isso, resolvi
tentar fazer esse exercício. Talvez enfim eu os
entenda. Ou talvez eu me faça entender.
(3º§) O brasileiro não lê, mas a quantidade de livros
produzidos no Brasil só cresceu nos últimos anos.
Na pesquisa mais recente da Câmara Brasileira do
Livro, a produção anual se aproximava dos 500
milhões de exemplares. Seriam aproximadamente
2,5 livros para cada brasileiro, se o brasileiro lesse.
(4º§) O brasileiro não lê, mas o país é o nono maior
mercado editorial do mundo, com um faturamento de
R$ 6,2 bilhões. Editoras estrangeiras têm
desembarcado no país para investir na publicação
de livros para os brasileiros que não leem. Uma das
primeiras foi a gigante espanhola Planeta, em 2003.
Naquela época, imagino, os brasileiros já não liam.
Outras editoras vieram depois, no mesmo
movimento incompreensível.
(5º§) O brasileiro não lê, mas desde 2004 o preço
médio do livro caiu 40%, descontada a inflação.
Entre os motivos para a queda estão o aumento nas
tiragens, o lançamento de edições mais populares e
a chegada dos livros a um novo público. Um
mistério, já que o brasileiro não lê.
(6º§) O brasileiro não lê - e os poucos que leem, é
claro, são os brasileiros ricos. Mas a coleção de
livros de bolso da L&PM, conhecida por suas
edições baratas de clássicos da literatura, vendeu
mais de 30 milhões de exemplares desde 2002. Com
seu sucesso, os livros conquistaram pontos de
venda alternativos, como padarias, lojas de
conveniência, farmácias e até açougues. As editoras têm feito um esforço irracional para levar seu acervo
a mais brasileiros que não leem. Algumas já
incluíram livros nos catálogos de venda porta-a-porta
de grandes empresas de cosméticos. Não é preciso
nem sair de casa para praticar o hábito de não ler.
(7º§) O brasileiro não lê, mas vez ou outra aparecem
best-sellers por aqui. Esse é o nome dado aos
autores cujos livros muitos brasileiros compram e,
evidentemente, não leem. Uma delas, a carioca
Thalita Rebouças, já vendeu mais de um milhão de
exemplares. Seus textos são escritos para crianças e
adolescentes - que, como todos sabemos, trocaram
os livros pelos tablets e só querem saber de games.
Outro exemplo é Eduardo Spohr, que se tornou um
fenômeno editorial com seus romances de fantasia.
Ele é o símbolo de uma geração de novos autores
do gênero, que escrevem para centenas de milhares
de jovens brasileiros que não leem.
(8º§) O brasileiro não lê - e, mesmo se lesse, só leria
bobagens. Mas, há poucos meses, um poeta estava
entre os mais vendidos do país. Em algumas
livrarias, a antologia Toda poesia, de Paulo Leminski
(1944-1989), chegou ao primeiro lugar. Ultrapassou
a trilogia Cinquenta tons de cinza, até então a
favorita dos brasileiros (e brasileiras) que não leem.
(...)
(Danilo Venticinque escreve às terças-feiras para a Revista EPOCA. 04.06.2014)
- (Texto Adaptado)
(http://revistaepoca.globo.com/cultura/danilo-venticinque/noticia/2013/06/o-brasileiro-nao-le.html) - Disponível 05.01.2021ponível 05.01.2021
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