Ao citar o hábito de indígenas em relação aos idosos, é empr...
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Ano: 2017
Banca:
CONSULPLAN
Órgão:
Prefeitura de Sabará - MG
Prova:
CONSULPLAN - 2017 - Prefeitura de Sabará - MG - AEB - Assistente Social |
Q1699608
Português
Texto associado
Hoje, custa assumir a velhice. A mercantilização da aparência humana descobriu o elixir da eterna juventude. Fortunas são movimentadas para prolongar a nossa juventude ou, pelo menos, a ilusão de que ela é perene: cirurgias plásticas, academias de malhação, pílulas energéticas, bebidas revitalizadoras, alimentos dietéticos etc.
Preconceito à velhice
Hoje, custa assumir a velhice. A mercantilização da aparência humana descobriu o elixir da eterna juventude. Fortunas são movimentadas para prolongar a nossa juventude ou, pelo menos, a ilusão de que ela é perene: cirurgias plásticas, academias de malhação, pílulas energéticas, bebidas revitalizadoras, alimentos dietéticos etc.
Assim, a velhice ganha, aos poucos, o estigma da vergonha, como se as rugas fossem cicatrizes socialmente
inadmissíveis, os cabelos brancos, sinais de degradação, a aposentadoria, ociosidade vergonhosa, as limitações próprias
da idade, incompetência.
Fiquei chocado quando, em Estocolmo, uma amiga, assistente social, me contou que trabalhava num asilo, uma
espécie de apart-hospital, onde as famílias depositavam seus idosos. Não há exagero no verbo. A função de minha
amiga era visitar os aniversariantes, já que, em geral, suas famílias jamais apareciam e nem sequer telefonavam. [...]
Algumas universidades facultam a eles o livre acesso a seus cursos, sem exigência de vestibular e frequência
regular. Também empresas têm dado preferência a idosos na ocupação de certos cargos. No entanto, falta muito para
que os nossos idosos sintam-se de fato valorizados, respeitados e, sobretudo, venerados, como ocorre nas aldeias
indígenas. Ali, quando morre um velho, é toda uma biblioteca que desaparece. Pois é através da memória que a história
é registrada e transmitida, embalada numa sabedoria que o nosso academicismo cartesiano custa a apreender. Bons
tempos aqueles em que, em Minas, pedíamos a bênção dos mais velhos. E tínhamos todo o tempo do mundo para ouvir
suas experiências e ensinamentos. Como a minha avó Zina que, aos 90 anos, narrava sua mocidade em Ouro Preto com
um brilho adolescente nos olhos.
(SCLIAR, Moacyr. Do jeito que nós vivemos – Belo Horizonte: Frei Betto (fragmento). Disponível em: http://www.adital.com.br/site/noticia2.asp
?lang=PT&cod=6169.)
Ao citar o hábito de indígenas em relação aos idosos, é empregada uma metáfora que