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SERPENTES
Serpentes são répteis que apresentam o corpo
alongado, revestido por escamas, sem membros e sem
pálpebras. As serpentes, como os demais répteis,
necessitam de fontes externas de calor para regular a
temperatura do seu corpo e, por isso, são chamadas de
animais ectotérmicos.
Uma característica muito importante deste grupo
são as modificações no crânio. Há uma tênue ligação
entre os ossos da boca, que permite a abertura
acentuada e a captura de presas até três vezes maiores
que o diâmetro do corpo. Existem animais que se
assemelham às serpentes, mas pertencem a outros
grupos, como por exemplo, a cobra-de-vidro
(lacertílio), a cobra-de-duas-cabeças (anfisbenídeo)
ou a cobra-cega (anfíbio).
As serpentes podem ser encontradas em
praticamente todos os ambientes. Algumas são
arborícolas, ou seja, vivem em árvores; outras são
terrícolas, vivem sobre o solo; também existem
serpentes chamadas fossoriais, pois vivem em
galerias no solo e buracos. Não podemos esquecer as
que vivem em rios e lagoas, as aquáticas, e um
pequeno grupo de espécies que vivem nos oceanos
Índico e Pacífico – as serpentes marinhas.
Essa grande variedade de habitats possibilitou a
ocupação de quase todo o globo terrestre,
excetuando-se as regiões dos pólos e montanhas
muito altas (pois são frias) e as fossas marinhas.
Portanto, sempre devemos estar atentos ao encontro
fortuito com esses animais, já que podemos nos
deparar com eles em ambientes naturais, ou mesmo
em áreas urbanas.
O olfato nas serpentes é realizado pela língua e
pelo órgão vômero-nasal ou órgão de Jacobson. A
língua bífida (com duas pontas) das serpentes é úmida
e, quando exposta, capta várias partículas químicas
presentes no ambiente. Quando a serpente retrai a
língua, as pontas entram em contato com o órgão de
Jacobson, localizado no céu da boca, responsável por
analisar e enviar ao cérebro as informações captadas
pela língua.
As serpentes não têm ouvido externo ou médio,
mas possuem uma pequena estrutura óssea chamada de columela, que une a base da mandíbula à caixa
craniana. Como a mandíbula da serpente está
geralmente em contato com o solo ou sobre o seu
próprio corpo, emissões sonoras (passos, quedas de
objetos, sons graves etc.) podem fazer a columela
vibrar. É dessa maneira que a serpente percebe o som.
Outro importante órgão para os sentidos de
algumas espécies de serpentes é a fosseta loreal, uma
abertura entre os olhos e narinas presente em todos os
viperídeos americanos (jararacas, cascavéis e
surucucu). As fossetas permitem a percepção de
variações mínimas de temperaturas, da ordem de
0,003 ºC. Esses sensores térmicos são importantes
para detectar animais (presas, predadores).
As serpentes são animais carnívoros e ingerem seu
alimento por inteiro. Podem ingerir presas bem
maiores que seu próprio diâmetro, devido à grande
abertura da sua boca. Alimentam-se de uma grande
variedade de animais, desde invertebrados, como
minhocas ou artrópodes, até peixes, anfíbios,
lagartos, serpentes, aves e mamíferos. Algumas
espécies, como as cobras-cipó e as caninanas,
procuram por alimento enquanto se deslocam. Outras
serpentes, como as jararacas e cascavéis, se
posicionam em um local e esperam pela passagem da
presa. Após a captura, o alimento pode ser ingerido
vivo ou morto.
Quando o animal a ser ingerido representa perigo
para a serpente, podendo mordê-la (roedores) ou bicála (aves), ela mata a presa antes de ingeri-la.
Constrição e envenenamento são as duas formas
utilizadas pelas serpentes para matar suas presas.
Jiboias e sucuris são animais que se utilizam da
constrição para se alimentar. Com forte musculatura,
elas comprimem suas presas até a asfixia. Já as coraisverdadeiras, jararacas, cascavéis e surucucus utilizam
a peçonha para capturar suas presas. Não podemos
esquecer que outras serpentes, como as opistóglifas
(parelheira, cobra-cipó, cobra verde, entre outras)
também têm peçonha e utilizam este método para
capturar e matar suas presas.
Quanto à reprodução, as serpentes podem ser
divididas em dois grandes grupos: as ovíparas, que
botam ovos, e as vivíparas, cujos filhotes já nascem
formados. A surucucu-pico-de-jaca (Lachesis sp.) e
as corais-verdadeiras (Micrurus sp.), por exemplo,
fazem parte do primeiro grupo. Já as jararacas
(Bothrops sp.) e cascavéis (Crotalus sp.) pertencem ao segundo. Vale ressaltar que logo após o
nascimento – ao sair do ovo ou do corpo da mãe –
uma serpente peçonhenta já é capaz de inocular o
veneno da mesma forma que um adulto. Este veneno
é importante para que ela possa capturar suas presas
e/ou se defender de predadores desde jovens, já que
não há cuidado das mães com os filhotes.
(Adaptado de: Animais venenosos: serpentes, anfíbios, aranhas,
escorpiões, insetos e lacraias/ Organizado por Luciana M.
Monaco; Fabíola Crocco Meireles; Maria Teresa G. V.
Abdullatif. – 2.ed.rev.ampl. – São Paulo: Instituto Butantan,
2017, p. 7 e 9).
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