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Q1685861 Português
As elites e o povão

    É cansativo, é irritante, isso de falar em elites e povão, como se só o chamado povão fosse honesto e merecedor de confiança e tudo que se liga à “elite” significasse o pior quanto à moral, ao valor e à confiabilidade.
   É mal-intencionado dizer que só a elite é saudável, educada, merecedora das boas coisas da vida e o povão é sujo, grosseiro e não vai melhorar nunca.
   E, afinal, o que é essa “elite”? Quem a constitui? Parece que existem várias.
   Elite social – Nada mais triste do que ler: “Fulana de Tal, socialite”. Tem profissão? Tem família? Faz alguma coisa da vida? Não, ela é socialite. O marido, ou o filho, ou o companheiro dessa fina dama seria o quê? Um socialite, também? Singularmente ainda não vi o termo usado no masculino. Talvez porque na nossa utopia os homens sempre têm profissão e ganham o dinheiro, isto é, são úteis, enquanto as mulheres ornamentam seu lado público.
   Elite intelectual – Dessa, já gostei mais. Porém, cuidado: o grau de intelectualidade não reside na quantidade de diplomas, alguns fajutos, adquiridos no exterior em universidades com nomes pomposos. O intelectual de primeira é o que de verdade pensa, lê, estuda, escreve, pesquisa e atua. Cultiva a simplicidade e detesta a arrogância, companheira da inteligência limitada.
   Talvez elite verdadeira fosse a dos bem informados e instruídos, não importa em que grau, não importam dinheiro nem sofisticação. Um povo pouco informado acredita no primeiro demagogo que aparece, engole suas mentiras como pílulas salvadoras e, por cegueira ou por carência, segue o caminho de seu próprio infortúnio.
   Seria melhor largar essa bobagem de elite versus povão e pensar em habitantes deste planeta e deste país. Todos merecendo melhor cuidado com a saúde, melhores escolas e universidades, melhores condições de vida, melhor salário, melhores estradas, lugares de lazer mais bem-cuidados, mais tranquilos e seguros, menos impostos, menos mentiras. Mais oportunidades, mais sinceridade, mais vida. Melhor uso das palavras. Mais respeito pela inteligência comum e pelo bom senso.
   Então, velhíssima fórmula tão pouco aplicada, comecemos pela educação. Mas não venham com a empulhação quanto aos analfabetos a menos no país. Alfabetizado não é quem aprendeu a assinar o nome: é quem antes leu e compreendeu aquilo que vai assinar, pois, se optar errado, a exploração de sua ignorância vai pesar sobre seus ombros por mais um longo tempo de altos juros.
   Mais cuidado com palavras, pois elas podem se transformar, de pedras preciosas, em testemunho de ignorância ou má vontade, ou ainda em traiçoeiros punhais.
(Texto de Lya Luft. Publicado em 2011. Com adaptações.)
Em “Mais cuidado com palavras, pois elas podem se transformar, de pedras preciosas, em testemunho de ignorância ou má vontade, ou ainda em traiçoeiros punhais.” (9º§), o termo “pois” expressa ideia de:
Alternativas

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Tema central da questão: A questão lida com a interpretação do termo "pois" no contexto de uma frase. Para resolver este tipo de questão, é necessário compreender como conjunções causais são utilizadas no texto para explicar ou justificar uma ideia.

Alternativa correta: B - Explicação.

Justificativa: No trecho "Mais cuidado com palavras, pois elas podem se transformar, de pedras preciosas, em testemunho de ignorância ou má vontade, ou ainda em traiçoeiros punhais.", a conjunção "pois" é usada para introduzir uma explicação ou justificativa sobre o motivo pelo qual se deve ter cuidado com as palavras. Ou seja, a transformação potencial das palavras é a razão pela qual devemos ter esse cuidado.

Análise das alternativas incorretas:

A - Escolha: A ideia de escolha não se aplica aqui, pois o termo "pois" não está apresentando opções ou alternativas.

C - Equivalência: A equivalência indicaria que uma coisa é igual ou equivalente a outra, o que não é o caso. "Pois" está justificando o cuidado necessário com as palavras.

D - Compensação: Compensação implicaria em algo que equilibra ou compensa uma outra coisa. "Pois" não está fazendo esse tipo de relação.

E - Acrescentamento: Este termo sugere adição de informações ou ideias, o que não é a função de "pois" na frase, que está ali para explicar.

Estratégia para interpretar o enunciado e as alternativas: Ao encontrar uma conjunção como "pois", tente identificar se ela está justificando, explicando, ou adicionando informações ao contexto. Relacione a função da conjunção com o restante da frase para determinar seu papel específico.

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“Mais cuidado com palavras, pois elas podem se transformar, de pedras preciosas, em testemunho de ignorância ou má vontade, ou ainda em traiçoeiros punhais.”

→ Temos uma conjunção coordenada explicativa, que está introduzindo uma oração coordenada explicativa.

GABARITO. B

Correta, B

pois ANTES de VERBO explica / pois DEPOIS do VERBO conclui.

“Mais cuidado com palavras, pois elas podem se transformar(...)"

“Mais cuidado com palavras, VISTO QUE elas podem se transformar(...)".

Lute agora, conquiste amanhã. Pertenceremos !!!

Conjunções explicativas: pois, porque, visto que, já que, porquanto.

O pois foi aplicado com o sentido de explicação

POIS ANTES do verbo: valor de EXPLICAÇÃO

POIS DEPOIS do verbo: valor de CONCLUSÃO

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