Sobre o texto em sua totalidade e sobre aspectos linguístic...
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Ano: 2021
Banca:
UFAM
Órgão:
UFAM
Prova:
UFAM - 2021 - UFAM - Analista de Tecnologia da Informação |
Q2243212
Português
Texto associado
Leia o texto a seguir, constante (e adaptado) do livro
A Ilha do conhecimento, de Marcelo Gleiser (Rio de
Janeiro: Record, 2019, p. 165-166). Após a leitura,
responda a questão, elaborada a partir do que
se contém no texto.
Quando se trata de ideias estranhas, físicos devem
ser bem céticos. Quantas ideias já não foram propostas e
aceitas pela maioria da comunidade antes de serem
sumariamente rejeitadas pelo acúmulo de evidências? O
éter eletromagnético, o flogisto, o calórico, o planeta
Vulcan, proposto pelo astrônomo francês Urbain Le
Verrier para explicar anomalias na órbita de Mercúrio... a
lista é longa. Podemos culpar essa proliferação aos
excessos da imaginação humana, inflada pelo apego
insistente a uma ideia. Mas como poderia ser diferente?
Afinal, se você não acreditar em sua ideia, outros
acreditarão menos ainda. É melhor ter alguma explicação,
mesmo que errada, do que nenhuma. Contanto que seja
testável.
Queremos saber, precisamos saber, e fazemos o
possível para construir um argumento aparentemente
racional que explique um fenômeno novo. Justificamos a
nova hipótese com argumentos plausíveis a fim de
convencer nossos colegas. Essa atitude é essencial para
o avanço do conhecimento: explicações erradas nos
aproximam daquelas certas. Se você não lida bem com o
fracasso, é melhor evitar a carreira científica. A ilha do
conhecimento não cresce de forma previsível, linear. Às
vezes, é forçada a recuar, expondo lacunas no
conhecimento que acreditávamos ter preenchido. Mesmo
que a imaginação seja uma ferramenta essencial desse
processo de invenção e descoberta, não pode trabalhar
sozinha: toda hipótese científica precisa ser testável. Se
vinte físicos teóricos fossem trancados em uma sala, sem
acesso a observações, e ordenados a inventar o universo,
chegariam a um muito diferente do nosso.
O multiverso é uma ameaça séria a esse método
operacional de propor hipóteses e testá-las através de
observações. Se outros universos existem além do nosso
horizonte cósmico, não poderemos jamais receber um
sinal deles ou lhes enviar um sinal. Se existem, são
completamente inacessíveis aos nossos instrumentos.
Nunca poderemos vê-los e muito menos visitá-los. Se
seres inteligentes vivem em um universo paralelo ao
nosso, também não poderão nos visitar. Portanto, em um
senso restrito, a existência do multiverso não pode ser
diretamente confirmada.
Por outro lado, poucos físicos modernos
defenderiam a velha posição positivista, expressa
dramaticamente pelo físico e filósofo austríaco Ernst
Mach, em 1900, quando afirmou que átomos não existem,
pois não podem ser vistos. Existem modos de auferirmos
a existência de algo, mesmo se não podemos vê-lo, tocálo ou ouvi-lo. Astrofísicos fazem isso quando usam o
movimento de estrelas ao redor de um “ponto” no espaço
para deduzir a existência de um buraco negro gigantesco
no centro de nossa galáxia. Da mesma forma, ninguém
“vê” um elétron – apenas os traços que elétrons deixam
em vários tipos de detectores e aparelhos.
Sobre o texto em sua totalidade e sobre aspectos
linguísticos nele existentes, assinale a alternativa
INCORRETA: