Com base no caso clínico apresentado, é correto afirmar que ...
Lívia, 14 anos de idade, teve uma perda ponderal considerável nos últimos meses. Estranhando o comportamento da filha, a genitora decidiu levá-la para receber atenção profissional na rede pública de saúde, em seu território. Chegando lá, a equipe multidisciplinar, composta por médico e psicólogo, iniciou a entrevista com mãe e filha presentes. A mãe relatou o seguinte:
“Nos últimos 4 meses, Lívia tem comido bem menos. Como trabalho muito e a crio sozinha, não sei muito bem como começou. Passei a estranhar quando ela começou a não comer a marmita que sempre deixo pronta para ela e passou a não pedir para eu fazer as comidinhas e sobremesas que pedia aos finais de semana. Ficou mais quieta e mais fraca. Até achei que tinha relação com o período menstrual, pois ela tem um fluxo intenso e fica mais na dela quando está naqueles dias. Quando perguntei, ela me contou não tinha nada a ver com isso e que a menstruação não vinha havia mais de dois meses. Passamos logo no postinho e ela fez um teste de gravidez. Fez três vezes pra termos certeza. Mas não era menino não.” [sic].
E continuou:
“Passou a ficar irritadiça quando eu perguntava sobre sua alimentação ou oferecia as coisas que antes ela gostava de comer. Ficou mais calada, quieta e passou a ficar mais tempo no quarto. Com muito jeito, depois de alguns dias, ela conseguiu se abrir comigo. Comentou que nunca gostou de seu corpo, que sempre se achou gorda demais, que o nariz é ‘grande e de batata’, que tem vontade de morrer só de pensar em engordar. Revelou para mim que tem contado as calorias de tudo o que come e que a cabeça falta explodir, porque os pensamentos não param. Meu coração quase não aguentou, doutor. Mas o que quase acabou comigo foi encontrar umas marcas no braço dela. Depois de muito esforço meu, ela confessou que tem tido pensamentos muito ruins e tem perdido a vontade de tudo, inclusive de viver. Minhas pernas falharam na hora. Pensei que fosse ter um ataque. Nunca tinha visto minha filha assim. Estou disposta a largar tudo para cuidar dela e ela sabe disso. Falava que não precisava de tratamento nenhum e que a única coisa da qual gostaria de se livrar é do medo de engordar. Mas, depois que fizemos os exames na unidade básica de saúde, o médico disse que precisaríamos buscar ajuda psicológica também, pois o quadro dela não melhoraria se não cuidássemos da sua saúde mental. Aí ela amoleceu e aceitou vir hoje.” [sic].
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Gabarito comentado
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Gabarito: E - Errado
Para compreender a questão apresentada, vamos nos concentrar no diagnóstico de Lívia. Ela demonstra sinais típicos de transtornos alimentares, como a anorexia nervosa, que incluem preocupações intensas com o peso corporal e a forma, restrição alimentar, perda de peso significativa, distorção da imagem corporal e amenorreia (ausência de menstruação por mais de três meses).
No entanto, o enunciado da questão menciona que Lívia apresenta uma "alteração importante no esquema corporal, denominada perda da própria corporeidade ou asteriognosia". Asteriognosia refere-se à incapacidade de reconhecer objetos pelo toque, devido a uma disfunção no processamento sensorial, e não está relacionada a transtornos alimentares ou ao esquema corporal que envolve a percepção da forma e tamanho do corpo.
Portanto, a afirmação de que Lívia apresenta asteriognosia é incorreta. Os sintomas de Lívia indicam um transtorno alimentar, que envolve uma distorção da imagem corporal, mas não a perda da capacidade de reconhecer objetos pelo toque.
Identificar corretamente a condição psicológica é crucial. Neste caso, a descrição do comportamento de Lívia, sua preocupação excessiva com o peso e a alimentação, e os sintomas depressivos associados, são mais coerentes com um diagnóstico de anorexia nervosa, mas não de asteriognosia.
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Astereognosia é um termo utilizado na área da neurologia para descrever a incapacidade de reconhecer objetos através do tato, mesmo que a sensibilidade tátil esteja preservada. Essa condição pode afetar a percepção sensorial de uma pessoa e prejudicar suas habilidades motoras e cognitivas. A astereognosia pode ser causada por lesões cerebrais, como acidentes vasculares cerebrais, tumores ou traumas na cabeça, e também por doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.
https://sensisaude.com.br/glossario/o-que-e-astereognosia/#google_vignette
Gabarito ERRADO:
Perda da própria corporeidade é comum em quadros psicóticos (e quando o esquizofrênico sente que sai do corpo, ou que aquele corpo não é dele).
Asteriognosia é a incapacidade de reconhecer objetos pelo tato.
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