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Q2368578 Português
Recordar é viver; dar e receber é uma troca virtuosa. Por que os idosos não podem falar?


             Ela foi condecorada na Bélgica como heroína na guerra contra o nazismo. Lutou em todas as frentes, desde a espionagem até em combates armados, sempre destacando-se entre os seus pares. Presa pelos nazistas, saltou do segundo andar da prisão para alcançar a liberdade. Na queda quebrou uma perna, o que não impediu a sua fuga.

              A sra. Glaz tinha a motivação dos judeus, era judia, na luta contra o nazismo. Ela era uma figura marcante. Nas reuniões dominava a conversação com os detalhes da sua vida heroica. Tornou-se uma personalidade. Onde quer que estivesse terminava como o centro das atenções e da admiração.

          Evidentemente, a sua história, de tão repetida, foi perdendo interessados. Ela sentiu a perda da posição de destaque. Já que não tinha outra história, senão aquela, para ter ouvintes deveria mudar de ambiente. Foi o que fez. Descobriu nos cruzeiros marítimos um novo público. Cada nova troca de passageiros a colocava novamente em evidência. Era o que na sua idade avançada dava-lhe motivação para viver. Mantinha viva a sua história de heroína trocando os ouvintes. Assim passou a viver de cruzeiro em cruzeiro ganhando a admiração com o seu desempenho na guerra.

               A nossa heroína não diverge da totalidade das pessoas. Todos, jovens e idosos, têm narrativas que desejam partilhar. Os jovens têm no celular o seu instrumento de contatos. Eles se satisfazem com o uso da internet e pelo fato de estarem construindo histórias de novas descobertas e conquistas. Nunca estão isolados do mundo. Já os idosos só têm uma história e a repetem a cada oportunidade. É o que eles têm. Acontece que os seus circundantes demonstram, com frequência, desinteresse pelo caso repetido, o que afeta o seu ânimo.

            O ser humano certamente desenvolveu a capacidade de comunicar-se para suprir uma carência. Somos seres gregários. A nossa sobrevivência depende das trocas que fazemos com nossos semelhantes. A solidão é mortal. Recordar é viver. Dar e receber é uma troca virtuosa. E é contando e recontando as nossas experiências que damos significado ao nosso viver.

             Não basta estar na multidão se não houver o que ouvir ou que falar. O isolamento é um sentimento que vem da ausência de comunicação. Sentimento que atinge fortemente aqueles poucos que atingem uma idade avançada. Como nem todos têm condições de viver de cruzeiro em cruzeiro para desbravar novos ouvintes só resta a repetição. Porém esperar pela boa vontade e paciência dos outros é uma aposta perdida.

           Ninguém demonstra prazer em ouvir o mesmo pela segunda vez. E as reações são as mesmas, dizem: “Contam as mesmas histórias a cada novo contato”. A razão é que isto é o que elas têm e é o que preenche as suas necessidades de colocar em comum o que é seu. Poucos realizam esse ímpeto de comunicação, esse “dar de si” embute uma dose de generosidade.


(Jorge Wilson Simeira Jacob. Disponível em: https://www.jornalopcao.com.br/. Acesso em: 06/12/2023.)
A preposição traduz uma noção semântica específica somente no contexto em que é empregada. Identifique as relações de sentido das preposições sublinhadas em: “Presa pelos nazistas, saltou do segundo andar da prisão para alcançar a liberdade.” (1º§
Alternativas

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Alternativa correta: C - Origem e objetivo

A questão aborda o uso de preposições e suas relações de sentido no contexto em que são empregadas. Para resolver essa questão, é necessário compreender não apenas a função gramatical das preposições, mas também o seu papel semântico, ou seja, como elas contribuem para o significado das frases.

No trecho destacado "Presa pelos nazistas, saltou do segundo andar da prisão para alcançar a liberdade", as preposições sublinhadas "do" e "para" indicam, respectivamente, uma origem e um objetivo.

Vamos analisar cada alternativa:

A - Lugar e objetivo
A preposição "do" não indica apenas um lugar, mas sim a origem do movimento (o lugar de onde ela saltou). Portanto, essa alternativa está incorreta.

B - Assunto e causa
As preposições sublinhadas não indicam relação de assunto nem de causa. "Do" indica a origem e "para", o objetivo. Esta alternativa também está incorreta.

C - Origem e objetivo
Correta. A preposição "do" indica a origem do movimento (o segundo andar da prisão) e "para" indica o objetivo (alcançar a liberdade).

D - Pertencimento e companhia
As preposições "do" e "para" não expressam pertencimento nem companhia. Logo, esta alternativa está errada.

Compreender o papel das preposições e sua função em indicar relações semânticas específicas no contexto é essencial para resolver questões de morfologia em concursos públicos.

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Comentários

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A

Letra A

  • Saltou de qual lugar? Do segundo andar

contração do pronome DE + artigo definido O = DO

  • PARA: conjunção subordinativa final, 'indica finalidade, objetivo, propósito'

essa foi fácil, DO lugar, PARA finalidade, objetivo.

uma dessa não cai na minha prova!

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