Mulher 32 anos, dá entrada no setor de emergência com queixa...
Mulher 32 anos, dá entrada no setor de emergência com queixa de artralgia há 2 meses, dispneia aos moderados esforços e piora de astenia na última semana. Exames laboratoriais evidenciaram Hb 5,6 g/dL, leucócitos totais 1.800/uL (neutrófilos 1.500/uL; linfócitos 300/uL), plaquetas 180.000/uL, ureia 65 mg/dL, creatinina 1,6 mg/dL, sódio 138 mEq/L, potássio 3,6 mEq/L, bilirrubina total 4,3 mg/dL (VN 0,3-1,2), bilirrubina indireta 3,2 mg/dL (VN <0,9), DHL 660 U/L (VN 120-246), reticulócitos 360.000/uL (VN 25.000-105.000), haptoglobina <1 mg/dL (VR 25-190 mg/dL). Solicitado concentrado de hemácias, porém não liberado de imediato devido teste da antiglobulina (coombs direto) e eluato positivo IgG 4+, C3d 3+, titulação de crioaglutininas 1:32. Diante do caso clínico, assinale a alternativa correta:
Gabarito comentado
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Alternativa Correta: A - Trata-se de anemia hemolítica autoimune à quente. Nesta condição, o tratamento recomendado é o início da corticoterapia com Prednisona 1mg/kg, considerando a transfusão de concentrado de hemácias filtradas e fenotipadas caso haja instabilidade clínica ou hemodinâmica.
A análise desta questão envolve conhecimentos sobre anemias hemolíticas autoimunes, que são classificadas predominantemente em dois tipos: à quente e à frio, dependendo da temperatura em que os autoanticorpos reagem melhor.
Na anemia hemolítica autoimune à quente, os anticorpos que agem em temperaturas corporais normais (37°C), como é o caso indicado na questão, são geralmente do tipo IgG. O teste de Coombs direto positivo com presença de IgG e C3d é característico dessa condição.
Vamos agora entender por que as outras alternativas estão incorretas:
B - Esta alternativa sugere tratar uma anemia hemolítica autoimune à frio com corticoterapia, o que não é adequado, pois os anticorpos à frio (geralmente IgM) não costumam responder bem aos corticosteroides. A ênfase deveria ser em medidas para evitar a exposição ao frio e, em alguns casos, o uso de Rituximabe.
C - Propõe-se tratar uma anemia hemolítica autoimune mista, que não é o diagnóstico correto aqui. O termo "mista" sugere envolvimento de ambos os tipos de anticorpos (à quente e à frio), o que não está indicado pelos resultados laboratoriais.
D - Embora o uso de Rituximabe seja apropriado em alguns casos de anemia hemolítica autoimune à frio, a questão não caracteriza uma situação à frio, mas sim à quente, conforme explicado. Além disso, a esplenectomia não é uma abordagem padrão para casos refratários de anemia à frio.
E - Indica o uso imediato de imunossupressores como micofenolato ou ciclofosfamida, o que não é a primeira linha no manejo de anemia hemolítica autoimune à quente. O tratamento inicial mais acertado e menos agressivo é o uso de corticosteroides.
Compreender as características laboratoriais e clínicas das anemias hemolíticas autoimunes é fundamental para orientar o tratamento correto. Diferenciar entre os tipos à quente e à frio é crucial, especialmente na escolha da terapêutica.
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