O pronome pessoal que ocorre no excerto “— Matem-no!” se ref...
Leia o texto a seguir para responder às questões de 1 a 10.
A verdade
Uma donzela estava um dia sentada à beira de um riacho, deixando a água do riacho passar por entre os seus dedos muito brancos, quando sentiu o seu anel de diamante ser levado pelas águas. Temendo o castigo do pai, a donzela contou em casa que fora assaltada por um homem no bosque e que ele arrancara o anel de diamante do seu dedo e a deixara desfalecida sobre um canteiro de margarida. O pai e os irmãos da donzela foram atrás do assaltante e encontraram um homem dormindo no bosque, e o mataram, mas não encontraram o anel de diamante. E a donzela disse:
— Agora me lembro, não era um homem, eram dois.
E o pai e os irmãos da donzela saíram atrás do segundo homem, e o encontraram, e o mataram, mas ele também não tinha o anel. E a donzela disse:
— Então está com o terceiro!
Pois se lembrara que havia um terceiro assaltante. E o pai e os irmãos da donzela saíram no encalço do terceiro assaltante, e o encontraram no bosque. Mas não o mataram, pois estavam fartos de sangue. E trouxeram o homem para a aldeia, e o revistaram, e encontraram no seu bolso o anel de diamante da donzela, para espanto dela.
— Foi ele que assaltou a donzela, e arrancou o anel de seu dedo, e a deixou desfalecida — gritaram os aldeões.
— Matem-no!
— Esperem! — gritou o homem, no momento em que passavam a corda da forca pelo seu pescoço. — Eu não roubei o anel. Foi ela que me deu!
E apontou para a donzela, diante do escândalo de todos. O homem contou que estava sentado à beira do riacho, pescando, quando a donzela se aproximou dele e pediu um beijo. Ele deu o beijo. Depois a donzela tirara a roupa e pedira que ele a possuísse, pois queria saber o que era o amor. Mas como era um homem honrado, ele resistira, e dissera que a donzela devia ter paciência, pois conheceria o amor do marido no seu leito de núpcias. Então a donzela lhe oferecera o anel, dizendo: “Já que meus encantos não o seduzem, este anel comprará o seu amor”. E ele sucumbira, pois era pobre, e a necessidade é o algoz da honra.
Todos se viraram contra a donzela e gritaram: “Rameira! Impura! Diaba!” e exigiram seu sacrifício. E o próprio pai da donzela passou a forca para o seu pescoço. Antes de morrer, a donzela disse para o pescador:
— A sua mentira era maior que a minha. Eles mataram pela minha mentira e vão matar pela sua. Onde está, afinal, a verdade?
O pescador deu de ombros e disse:
— A verdade é que eu achei o anel na barriga de um peixe. Mas quem acreditaria nisso? O pessoal quer violência e sexo, não histórias de pescador.
VERISSIMO, L. F. Verissimo antológico: meio século de crônicas, ou coisa parecida. São Paulo: Objetiva, 2020.
O pronome pessoal que ocorre no excerto “— Matem-no!” se refere:
Gabarito comentado
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Tema da Questão: Interpretação de texto e coesão referencial.
Esta questão envolve a identificação do referente de um pronome pessoal em um trecho do texto. O pronome em questão é o "no" em "Matem-no!", que é uma forma de pronome pessoal oblíquo átono.
Análise do Texto:
No contexto do texto, o momento em que a frase "— Matem-no!" é pronunciada ocorre quando os aldeões estão diante do terceiro homem encontrado no bosque, que é o pescador. Este é o homem que foi trazido para a aldeia e revistado, e foi nele que encontraram o anel de diamante da donzela.
Alternativa Correta:
A - ao pescador.
O pronome "no" refere-se claramente ao pescador, pois ele é o indivíduo que está prestes a ser enforcado após a descoberta do anel em seu bolso. Os aldeões clamam por sua execução, acreditando que ele é o ladrão.
Análise das Alternativas Incorretas:
B - à donzela. O pronome não pode se referir à donzela, pois a frase "Matem-no!" é um comando para matar um homem, e a donzela é uma mulher.
C - ao pai da donzela. O pai da donzela participa da ação, mas não é o alvo do pronome "no". Ele não está sob ameaça de morte; pelo contrário, ele é um dos que lideram a busca pelo suposto culpado.
D - aos irmãos da donzela. Assim como o pai, os irmãos são agentes da ação, não os alvos do pronome "no". Eles estão procurando o assaltante, não sendo eles mesmos procurados para execução.
E - aos aldeões. Os aldeões são o grupo que clama pela morte do acusado, não o alvo da execução. Portanto, eles não podem ser o referente do pronome "no".
Ao entender quem é o sujeito da ação e o contexto em que a frase ocorre, podemos deduzir com clareza que o pronome se refere ao pescador.
Dica para Interpretação de Texto: Sempre preste atenção ao contexto e aos personagens envolvidos. Identificar quem está falando e sobre quem estão falando ajuda a evitar confusões com pronomes e referências.
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